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Imagem de santa e altar escapam ilesos durante enchente em Muniz Freire

Imagem de santa e altar escapam ilesos durante enchente em Muniz Freire

A santa estava em um gramado ao lado do rio, que alagou, inundou o Centro Espírita da comunidade de Itaici, zona rural de Muniz Freire, fez desabar a cozinha. A lama não chegou aos pés da santa.

Publicado em 30 de janeiro de 2020 às 20:19

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Imagem de Nossa Senhora das Graças, que não foi afetada pela enchente que assolou a comunidade de Itaici, em Muniz Freire. (Fernando Madeira)

Na comunidade de Itaici, localizada a cerca de 15 quilômetros do centro de Muniz Freire, a imagem de uma santa e o altar de um centro espírita escaparam ilesos da enchente que inundou mais de 40 casas e destruiu os acessos ao lugarejo, que chegou a ficar isolado por alguns dias.

Na noite da última sexta-feira (24) o nível da água do rio subiu muito, inundando as casas da principal rua da comunidade. O Centro Espírita Santo Antonio e Santa Tereza fica no final da rua, às margens do rio. Parte do prédio desabou com a força das águas, perdendo a cozinha e parte da copa. Outros ambientes, como salas e varanda que dão acesso aos banheiros, ficaram completamente tomados pela lama.

A água misturada com a lama invadiu também o salão principal, mas manteve-se a uma altura de no máximo um metro, deixando intacto o altar onde estão dezenas de imagens de santos. No gramado ao lado deste cômodo está uma imagem de Nossa Senhora das Graças, que fica bem próximo às margens do rio.

Zeladora do Centro Espírita Santo Antonio e Santa Tereza, Sebastiana Almeida de Amorim, ao lado da imagem da santa . (Fernando Madeira)

Tudo ao redor da santa foi alagado, mas a água não chegou aos pés da imagem. A zeladora do Centro, Sebastiana Almeida de Amorim, não tem dúvidas de que foi um milagre. "Foi o maior milagre que presenciei, aos 63 anos. Quando cheguei aqui, no domingo, a santa estava do mesmo jeito. Ficamos surpresos. Ficou do jeitinho que está ali, não limpei ela", conta.

Devota de Nossa Senhora das Graças, Sebastiana conta que lava a imagem quase todos os dias. "Tenho muita fé e sempre converso com ela e ela me atende. Para mim ela é viva. Fiquei abobada quando a vi, não tinha nem um barrinho no pé dela. Eu a tinha limpado na quinta (23) e na sexta (24) a chuva destruiu tudo. Toda a grama foi alagada, tudo tomado por barro, menos a santa", relata.

Sebastiana conta que também ficou surpreendida quando viu o altar do salão principal, que chegou a ser inundado, mas a água não o alcançou. "Todas as imagens ainda estão no lugar, não mexi em nada. Não tem um barrinho neles", observa. A zeladora conta que a administração do Centro está em busca de um novo espaço, já que o atual prédio corre risco de desabar. "Ele deve levar a santinha embora. Talvez vá para Ibatiba", lamenta a  mulher que cuida do espaço há dois anos.

COMUNIDADE DEVASTADA

A comunidade de Itaici foi uma das mais afetadas na zona rural de Muniz Freire. As estradas de acesso ao local foram interditadas por barreiras. As ruas da comunidade foram alagadas e a ponte da região foi bem afetada. Os desabrigados, até de outras igrejas da região, foram levados para a Igreja Católica, que fica na parte mais alta da região.

Itaici, zona rural de Muniz Freire, fortemente afetada pelas chuvas. (Fernando Madeira)

Na rua principal da comunidade mora Helen Marta Cunha, proprietária de uma lanchonete na região, de 24 anos. A casa da mãe dela está na parte mais alta da via, a mesma onde está o centro espírita, e também foi alagada. "Moramos há 14 anos aqui e nunca tínhamos vivido uma situação  assim. A casa da minha mãe foi a última a ser atingida. A água veio subindo dos dois lados da rua e se encontrou aqui. Ficamos abrigados no terraço, porque já não dava mais para sair. Ficamos no escuro porque a energia acabou. Passamos a noite vigiando e traçando estratégias para sair do local".

Eles só desceram do terraço no dia seguinte por volta das 8 horas, e ainda caminharam pela rua com água no joelho. Helen relata que pelo menos 40 casas na região foram alagadas ou desabaram.

DORMINDO QUANDO A CASA DESABOU

Aos 77 anos, Francisco Valdir Alves foi surpreendido com um estrondo. Era noite de sábado (25) e chovia forte. Ele pensou que tinha sido uma trovoada quando recebeu o telefonema do filho pedindo que ele saísse da casa que ela estava desabando.

Um deslizamento de terra na barreira localizada atrás da casa destruiu o lar do aposentado. As pedras pararam na porta da sala onde ele dormia, praticamente ao lado da cama. "Acordei com o primeiro estrondo, vesti a roupa e me levantei. Os vizinhos já estavam gritando para que eu saísse de casa. No segundo estrondo, a terceira parede da minha casa foi atingida e o meu banheiro e a cozinha desabaram", relata.

Além da casa dele, a de outros vizinhos  também foram atingidas e parte delas desabaram, comprometendo a estrutura. Além da enchente, a região de Muniz Freire foi muito afetada pelos deslizamentos de terra que destruíram estradas e pontes no município.

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Itaici, zona rural de Muniz Freire, fortemente afetada pelas chuvas(Fernando Madeira)

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