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Vídeo mostra vereador pedindo parte dos salários de servidores

Vídeo mostra vereador pedindo parte dos salários de servidores

Imagens foram gravadas no gabinete do parlamentar em outubro no ano passado. Contribuição seria para a campanha eleitoral

Publicado em 22 de fevereiro de 2019 às 19:52

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Vereador Geraldinho Feu Rosa (PSB) durante reunião com servidores no gabinete. (Reprodução)

Em uma reunião realizada em outubro de 2018 no gabinete do vereador Geraldinho Feu Rosa (PSB), na Câmara da Serra, o parlamentar reuniu vários de seus assessores para propor o recolhimento de uma contribuição mensal, em dinheiro, para posteriormente utilizar a quantia poupada na campanha eleitoral de 2020. 

Um de seus ex-assessores registraram a reunião em vídeo, ao qual o Gazeta Online teve acesso. O áudio e o vídeo foram gravados por diferentes dispositivos e editados pelo próprio denunciante e, por isso, há falhas na sincronia entre a imagem e o áudio. Mas é possível compreender o que é dito. No vídeo consta uma data de 2015 pelo fato de o aparelho que gravou as imagens estar desconfigurado.

Os servidores que também participaram da reunião tiveram seus nomes e rostos ocultados pelo Gazeta Online para serem preservados.

VEJA O VÍDEO:

Vereador: Hoje se eu fosse chegar para você, hoje, e falar: a eleição vai ser mês que vem, e vou precisar de você R$ 3 mil, você teria como dar R$ 3 mil? Hoje? Você teria? Amanhã? Vou precisar de você 3 mil reais. Você teria, ****? Algum de vocês? Eu acredito que a hora que chegasse a eleição, se fosse, ninguém teria condições.

Então o que eu estou sugerindo, e provavelmente, isso aqui também, como nós aqui, sem sair para ninguém. Nem comentar com pessoas não, ficar entre nós mesmo. Não precisa comentar aí em rede social, nem nada não, é com nós mesmos. É um arriscar. Mas eu acredito aqui que cada um está lutando por um idealismo. Se ninguém... vai usar com certeza e vai chegar mas é melhor que ninguém fale. Não estou de acordo, não estou... joga direto o negócio.

É o seguinte, quem ganha até R$ 1.500, ele vai todo mês, é dele o dinheiro, não é do outro, ele vai entregar R$ 150. Quem ganha acima de R$ 2.000, vai ser R$ 200. E o que eu sugeri, eu como estou ganhando esse dinheiro aqui, eu posso todo mês tirar R$ 500 e entregar.  **** pode ser R$ 250, porque é mais. É uma comparação que estou fazendo, depois vocês vão fazer. Quem ganha até R$ 1.500 não tem como dar mais do que R$ 150. Quem ganha acima de R$ 2.000, R$200. Mas o dinheiro é dele, só que...

Além disso aí, para ficar com esse dinheiro, tem que ser uma pessoa que tem condições. Porque como é que eu vou pôr na minha conta? Eu vou ter que declarar esse dinheiro. Se eu colocar na poupança todo mês, eu pegar e depositar. Se eu fosse depositar na minha conta, que eu não vou fazer isso. Se for depositar na conta de qualquer um de vocês, teria que declarar, saber aonde vocês está ganhando esse dinheiro, não funcionaria. Mas em questão disso aí, eu não tenho dificuldade não para colocar alguém aqui, chegar, por mês, vai sentar ali. Cada um vai pegar o seu, anotou. O dinheiro é dele. E vamos todo mês fazer reunião. Entre nós.

Depois eu posso até ver, vou pensar ainda, a gente vai conversar com a terceirizada, porque eu não sei se a gente vai colocar. As terceirizadas com esse tanto de jumbo, com esse tanto de política, de gente para fazer acordo para pôr alguém, então ainda vou pensar isso ainda. Terceirizada, nós aqui não. Nós aqui é o suporte. Os outros vão entrar pelo acordo que vou ter que fazer com o presidente de Câmara, ou com qualquer coisa.

Se você deixar para a último, final, você nunca tem condições. Porque você pode ganhar o dinheiro que for, mas sempre você vai ter alguma coisa para você gastar. Qualquer tanto de dinheiro que tira, faz uma diferença danada. Mas em compensação, nós vamos ter condições de cada um ter. Se apertar um pouco, pode ir lá e pegar. Eu também, no caso, estou ganhando esse dinheiro, mas eu tenho certeza que cada um aqui não tem condições, porque não sobra. Você sabe que não sobra. Sobra ****?  Não sobra. Você vai fazer um aperto, mas esse negócio é seu. Se você ficar com ele, você vai achar um monte de coisas para você gastar.

Não é que ninguém está aplicando. E outra coisa, não precisa falar isso com ninguém. Se alguém achar que não está de acordo, chega e fala. Não sai falando para a família, para todo mundo não, porque vai atrapalhar nós mesmos. Vai atrapalhar para ele, vai atrapalhar para nós, e aqui não tem ninguém criança. Eu acho que não estiver de acordo, é só ele chegar e falar. Conversa comigo, não sai falando com ninguém, colocar em rede social. Chegou ali, entregou ali. Vai pegar... Quem vai pegar o negócio ali... E se for pegar, eu sei que tem que ser uma pessoa que tem como declarar. Se eu tiver... Se eu por no meu nome, vou ter que declarar, ué. Você ganhou tanto, e esse tanto aqui que você pôs, qual é a procedência?

A poupança você tem que declarar, dependendo de onde você pôs esse dinheiro, de onde você ganhou ele. A Polícia Federal vai vir em cima de mim. Faz a conta aí. Vamos supor, R$ 500, durante 20 meses, que vai ser 20 meses. Não é para a gente comprar nada para ninguém não. Se a gente levantar alguma coisa. Inclusive, lembrei daquele negócio ali.

E esse negócio aqui não é para comprar nada. Ah, precisa de fazer uma festa para retirar... Não. O negócio é seu. Isso aqui é para a campanha. O meu também é para a campanha. Se nós tivermos que fazer qualquer negócio de festa, é independente desse dinheiro aqui. O dinheiro não é meu não. O dinheiro meu, que eu tenho, são aqueles R$ 500, que aquele ali eu tenho ele.

Servidor: E além do mais, estou vendo o que o senhor está fazendo, que acho que vereador não faz, você está chamando toda sua equipe para um projeto, certo, e desde o momento que a pessoa assume esse compromisso no projeto, está garantindo ainda o restante de tempo dele, e mais o futuro que está para chegar. Se ele não quiser, que se dane para lá.

Servidora: Quando terminar o mandato, você tem um Fundo de Garantia.

Vereador: Não, não.

Servidora: É tipo como se fosse uma garantia.

Servidor: Fundo de Campanha Garantia.

Servidora: É tipo isso.

Vereador: Vamos supor que a **** é a vereadora aqui. Se vocês todos que vão apoiar ela, se vocês não tiverem nada, como é que vai pedir só o voto, se não tem material para comprar, entendeu, porque tem o material que nós vamos gastar. Então chegou no dia da campanha, eu vou ter condições. Porque eu vou poder falar com *****: *****, vai lá na sua gráfica e prepara o material, aí na hora que chegar no dia não precisa esperar o partido dar.

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