Publicado em 29 de maio de 2018 às 21:05
Dois vereadores da Grande Vitória poderão ter os mandatos cassados pela Justiça Eleitoral por ter utilizado o período da janela partidária dos deputados estaduais e federais para trocar de partido sem justa causa. A Procuradoria Regional Eleitoral no Espírito Santo entrou nesta segunda-feira (28) com duas ações contra o vereador de Vitória Max da Mata (PSDB) e o vereador da Serra Guto Lorenzoni (Rede) requerendo a perda do mandato dos parlamentares por violar a Lei dos Partidos Políticos.>
Max da Mata foi eleito pelo PDT e se desfiliou, para mudar para o PSDB, em 6 de abril. Já Lorenzoni era do PP e se filiou à Rede no dia 2 de abril. De acordo com a procuradora regional eleitoral, Nadja Machado Botelho, os vereadores somente poderiam ter se desfiliado se, comprovadamente, houvesse mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário ou grave discriminação política pessoal. A terceira hipótese permitida por lei, que é a da "janela partidária", não se aplica a vereadores.>
A janela foi o período entre 7 de março e 7 de abril, seis meses antes das eleições, em que deputados estaduais e federais estavam liberados para trocar livremente de sigla sem ter que responder por infidelidade partidária.>
"A permissão só se aplica para os cargos que estarão em disputa. Como serão eleições gerais, e não municipais, não é possível fazer analogia dessa previsão legal aos vereadores. Quando o eleitor confere o mandato a um político ele não escolhe só a pessoa, mas também o partido, seu viés ideológico, seu programa. Quando ele se desfilia, há uma quebra desta confiança dada pelo eleitor", explicou Nadja.>
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CASOS>
No caso de Max da Mata, o argumento apresentado foi a de que ele sofria "grave discriminação pessoal" pelo fato de ser opositor do prefeito, Luciano Rezende (PPS), e de seu partido ter migrado para a base de apoio dele. Para a procuradora, houve uma inversão da lógica partidária. "A lei diz que o mandato é do político e do partido, pois tenta-se valorizar os partidos no Brasil. Ele inverteu essa lógica quando quis que o partido obrigatoriamente tivesse que seguir as diretrizes dele, quando na verdade é ele que tem que seguir as diretrizes do partido", fundamenta.>
Segundo a representante do Ministério Público Federal, neste caso, além disso, identificou-se uma questão de conflito de interesses, visto que Max alegou ter a concordância da Executiva Municipal do PDT para deixar o partido, mas este dirigente exerce o cargo comissionado de chefe de gabinete dele. Outro fator foi que a Executiva Regional não concordou com a desfiliação.>
Também alegando grave discriminação política pessoal, o vereador Guto Lorenzoni chegou a ajuizar previamente uma ação declaratória de justa causa, antes de sair do PP. No entanto, a Procuradoria entendeu que os fatos relatados por ele tratam-se de típicas divergências intrapartidárias, que fazem parte do dia a dia dos partidos políticos.>
Agora, com o início do processo, as partes serão initimadas para a produção de provas e para apresentar testemunhas. Se o pedido do MPF for atendido, os parlamentares podem perder o mandato.>
Por nota, o vereador Max da Mata declarou que manteve sua linha e coerência política em Vitória, que está tranquilo e confia na decisão da Justiça. O vereador Guto Lorenzoni foi procurado, mas não foi localizado pela reportagem.>
PARTIDOS
Quanto às alegações dos vereadores de ter sofrido "grave discriminação política pessoal", os partidos negaram a ocorrência do problema. O secretário-geral do PDT estadual, Weverson Meireles, afirmou que o diálogo desfiliação do vereador Max da Mata se deu somente na Executiva Municipal do partido.
O deputado federal Marcus Vicente, presidente do PP estadual, disse que o vereador Guto Lorenzoni tentou conseguir uma carta com o partido, liberando-o, mas afirmou que o partido não libera filiados de mandatos eletivos, que ele sempre foi um parlamentar muito prestigiado pela Executiva Estadual, negando, portanto, o pedido.
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