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Vereadores e Audifax Barcelos dão trégua à guerra política na Serra

Vereadores e Audifax Barcelos dão trégua à guerra política na Serra

Com o fim dos conflitos, os projetos do Executivo passaram a ser votados com mais facilidade na Câmara. Nas redes sociais, vereadores de oposição, inclusive, têm agradecido o apoio do prefeito.

Publicado em 2 de agosto de 2019 às 00:45

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Clima de paz da Câmara com o prefeito pode ir até dezembro, segundo Luiz Carlos Moreira (MDB). (Maíra Mendonça)

Os vereadores da Serra e o prefeito Audifax Barcelos (Rede) deram uma trégua ao clima de rivalidade entre o Executivo e o Legislativo que, por um longo período, dominou a política da Serra, com direito a trocas públicas de acusações, projetos emperrados e embates travados no Judiciário.

Os parlamentares garantem que a paz foi selada “para o bem da população serrana”. Por outro lado, nos bastidores comenta-se que a preocupação com as eleições municipais de 2020 também pode estar por trás da calmaria.

“O que acabou foi aquela queda de braço. A Câmara topou tocar projetos importantes. O posicionamento do presidente (Rodrigo Caldeira, da Rede) e da oposição é que é preciso ser responsável e tramitar os projetos”, afirma o vereador Pastor Aílton (PSC). Ele integra o grupo de parlamentares que impuseram barreiras a Audifax na Câmara. Mas deixa claro: “Podemos falar em trégua. Mas para amizade, aliança, ainda é cedo”.

O primeiro sinal da trégua, aliás, é justamente a aprovação de importantes projetos do Executivo municipal antes do início do recesso parlamentar. Entre eles, está a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) da cidade.

Situação bem diferente do que ocorreu há pouco mais de um ano, quando, em maio de 2018, os parlamentares aliados de Audifax tiveram que aprovar um empréstimo de R$ 230 milhões para o município em sessão extraordinária fora do plenário, após Caldeira ter adiado a votação da pauta.

Os atritos envolvendo os Poderes ganharam ainda outros episódios, desde uma conturbada eleição da Mesa Diretora em junho do ano passado até acusações mútuas de crimes. Em abril deste ano, Audifax denunciou ser vítima de uma tentativa de golpe por parte de Caldeira. O prefeito também afirmou que “o mesmo crime organizado que dominou o Estado nos últimos anos quer voltar ao poder através da Câmara”.

COMISSÕES

Enquanto isso, na Câmara, foram preparadas oito comissões processantes para investigar a atuação de Audifax, além de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar possíveis irregularidades na área da saúde. A CPI da Saúde está suspensa por decisão da 1ª Vara da Fazenda Pública da Serra. Já as comissões processantes, que poderiam resultar no impeachment do prefeito, foram desarticuladas por uma decisão do Tribunal de Justiça de 30 de julho. Para o líder do governo na Câmara, Luiz Carlos Moreira (MDB), as derrotas judiciais ajudaram a amenizar o conflito.

“Esticaram a corda sem necessidade. Eram discursos e mais discursos no plenário. Aí quando fizeram o acordo voltaram com outro tipo de movimentação, mais tranquilos. Para finalizar, o TJ derruba todas as oito denúncias (contra o prefeito). Isso faz com que se acalmem mais”, pontua ele, que ainda prevê:

“Vejo que o prefeito terá, até pelo menos até 31 de dezembro, uma calmaria no plenário da Câmara”.

Guto Lorenzoni (Rede), que é aliado do prefeito, afirma que a trégua partiu de uma decisão conjunta dos vereadores, mas evita comentar sobre o confronto protagonizado por Audifax e Caldeira. “Isso são coisas que vão continuar tendo sequência. As coisas estão mais apaziguadas, estamos mais preocupados com as matérias”, diz.

Em nota, Audifax Barcelos não comentou sobre os conflitos e a razão da trégua. No entanto, afirma que respeita a independência dos Poderes e que sua prioridade é defender projetos que beneficiem a população.

“Estou focado na gestão, conclusões de obras como a UPA de Castelândia, Hospital Materno Infantil, Arena Esportiva de Jacaraípe e Rotatória de Maringá. Além disso, estou trabalhando muito para melhorar os serviços prestados para os moradores da cidade mais transparente do Brasil”, concluiu.

Rodrigo Caldeira, por sua vez, não deu entrevista à reportagem.

NOVO CLIMA PASSA POR PERDAS MÚTUAS

Para além do discurso em prol da cidade, fontes ligadas à Câmara e à Prefeitura afirmam que a mudança no clima entre os vereadores e o prefeito Audifax Barcelos (Rede) também está relacionada a eventuais desgastes sofridos de ambos os lados.

Os vereadores, por exemplo, estariam prejudicando o relacionamento com suas bases, já que, distantes da prefeitura, os parlamentares têm mais dificuldade para estar à frente das demandas dos bairros que concentram seus eleitores. Isso poderia, inclusive, prejudicá-los na campanha para reeleição em 2020.

“Eles precisam garantir a reeleição e uma guerra com o prefeito atrapalha. Alguns estão com problemas nos partidos atuais e precisam mudar de sigla”, acrescenta um funcionário da Câmara.

Os audifistas concordam e também dizem que o fato de a oposição ter perdido dois vereadores - Geraldinho Feu Rosa (PSD) e Nacib Haddad (PDT) – que foram afastados de seus cargos pela Justiça, enfraqueceu o grupo rival. Sem os votos de 16 parlamentares, não seria possível afastar ou cassar o prefeito.

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“O prefeito estava andando os bairros, ouvindo as demandas. Isso também cria um incômodo no vereador, porque ele é que tem que acompanhar esse trabalho”, resumiu um aliado.

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