Publicado em 24 de julho de 2019 às 15:14
Após críticas por ter contratado o namorado por R$ 23 mil para trabalhar em sua campanha eleitoral, a deputada federal Tabata Amaral (PDT-SP), 25, falou nesta quarta-feira (24) sobre as atividades feitas por Daniel Alejandro Martínez Garcia, 24. Disse ter gratidão a ele e afirmou que sua vitória "foi construída na raça".>
A informação do gasto de campanha veio à tona no fim de semana, nas revistas Veja e Exame. A contratação, também confirmada pelo jornal Folha de S.Paulo, foi declarada na prestação de contas da parlamentar.>
Desde a revelação do caso, a assessoria da pedetista havia se limitado a informar que sua campanha cumpriu as leis eleitorais "na contratação de seus serviços e pessoas" e que todas as informações a respeito são públicas.>
"O Daniel disse não a diversas oportunidades de emprego e postergou projetos profissionais, por vários meses, para poder trabalhar na minha campanha", escreveu Tabata, em redes sociais.>
>
"Quem já fez campanha saindo do zero sabe que é muito difícil encontrar pessoas que queiram interromper suas carreiras por meses por algo tão pouco palpável e possível, e comigo não foi diferente.">
Tabata, que também é colunista do jornal Folha de S.Paulo, protagonizou um debate político nas últimas semanas após contrariar seu partido e votar a favor da reforma da Previdência. Por causa da desobediência, ela foi suspensa de suas atividades partidárias e responde a processo da legenda que pode resultar em sua expulsão.>
Na postagem desta quarta-feira, a deputada também explicou o trabalho feito por Daniel, que é colombiano e foi colega dela na Universidade Harvard, onde ambos se formaram.>
Segundo a deputada, Daniel ajudou no planejamento de sua campanha, levantou informações que a auxiliaram "em cada fala, debate e evento" e coordenou a mobilização de voluntários.>
De acordo com ela, o colombiano "gerou e alimentou com estratégias um banco de contatos de voluntários de campanha que alcançou um grande número de pessoas". Daniel também definiu "critérios para escolha dos bairros e locais que seriam prioritários na campanha de rua".>
"Ele fez pesquisas, conversou com especialistas de educação e pobreza e teve um papel muito importante na construção de um documento de dezenas de páginas com minha visão e propostas para diversas áreas, de educação a moradia", descreveu.>
No texto, Tabata reiterou sua gratidão a Daniel e à equipe que a auxiliou. Disse que todos "abriram mão de muitas coisas por acreditarem em um sonho coletivo". Ela também agradeceu às mais de 400 pessoas que doaram dinheiro.>
"Minha campanha foi construída na raça com muito esforço e ajuda, e tenho muito orgulho de tudo o que construímos", declarou a sexta deputada federal mais votada em São Paulo.>
A campanha da estreante recebeu R$ 100 mil do fundo eleitoral público encaminhados pela direção nacional do PDT. Ao todo, arrecadou quase R$ 1,3 milhão -a maior parte de doadores privados.>
ILAÇÕES SOBRE ATOS ILEGAIS>
Também nesta quarta-feira, o gabinete de Tabata divulgou nota assinada pelo escritório que cuidou de suas contas de campanha. >
"A prestação de contas foi analisada criteriosamente por órgão técnico qualificado e julgada pelo Tribunal Regional Eleitoral, que aprovou as receitas e despesas contraídas durante o processo eleitoral", afirmaram no comunicado os advogados Tony Chalita e Flavio Henrique Costa Pereira, do Braga Nascimento e Zilio Advogados.>
"São, portanto, inadequadas quaisquer ilações sobre práticas de atos ilegais envolvendo a campanha da deputada", disseram eles, acrescentando que a parlamentar "cumpriu rigorosamente todas as exigências da legislação eleitoral".>
Não há irregularidade na contratação de parentes ou cônjuge com verbas eleitorais. Súmula vinculante expedida pelo Supremo Tribunal Federal veda a nomeação deles em cargos comissionados.>
O valor pago a Daniel, R$ 23 mil, foi o quarto maior despendido pela campanha da pedetista a um colaborador pessoa física no ano passado.>
A descrição do trabalho dele divulgada nesta quarta-feira confirma o relato feito pelo coordenador nacional do Acredito, movimento de defesa da renovação política que Tabata ajudou a fundar.>
Samuel Emílio escreveu em uma rede social, no sábado (20), que as atividades do colombiano eram facilmente mensuráveis, "a ver pelos mais de mil voluntários mobilizados pela campanha".>
Ele disse que foi um dos voluntários e que atuou ao lado de Daniel. "Defender a Tabata neste momento é uma manifestação de apoio a todas as pessoas que acreditam que a nossa política merece pessoas comprometidas em resolver os problemas do país", afirmou o líder do Acredito.>
Tabata também teve o apoio do RenovaBR, um programa criado por empresários para capacitar potenciais candidatos. A organização defende renovação política e boas práticas na vida pública.>
Após a votação da reforma da Previdência, a deputada foi acusada de infidelidade partidária por líderes do PDT, que passaram a defender sua saída da sigla. O ex-presidenciável Ciro Gomes, que a incentivou a se candidatar em 2018, é um dos que agora pregam seu afastamento.>
A reportagem tentou checar com a assessoria de Tabata se é correto se referir a Daniel Martínez como namorado da parlamentar. A resposta foi: "Não vamos comentar a vida pessoal da deputada, além do que ela já escreveu".>
No texto, a parlamentar se referiu a ele apenas pelo nome. Em uma rede social, ela postou foto ao lado do colombiano em 30 de junho, durante viagem a Goiás.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta