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Publicado em 1 de outubro de 2019 às 16:31
- Atualizado há 6 anos
Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Levandowski concedeu um habeas corpus para a ex-primeira-dama de Colatina, Maria Júlia Rosa Chaves Deptulski. Na prática, a decisão tomada nesta segunda-feira (30) suspende os efeitos do mandado de prisão, expedido no último dia 10 de setembro, já que ele ainda não havia sido cumprido.>
Acusada de desviar dinheiro público enquanto esteve à frente da Secretaria de Assistência Social da cidade, entre 2009 e 2013, Maria Júlia tinha sido condenada a sete anos e seis meses de prisão em regime semiaberto, após ter negados os recursos interpostos na segunda instância do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES). >
O crime de peculato teria acontecido durante a gestão do ex-prefeito Leonardo Deptulski (PT), que esteve à frente da administração de Colatina entre os anos de 2009 e 2016; mas a investigação não aponta qualquer envolvimento do marido de Maria Júlia com o esquema de desvio de dinheiro público.>
Ao lado dela, a superintendente da pasta, Clerismar Lyrio, e a presidente da Associação de Damas de Caridade de Colatina, Lenize Lilia Tozzi Fachetti, respectivamente, também receberam a mesma condenação por envolvimento no esquema de corrupção. No entanto, o pedido analisado pelo STF diz respeito somente à liberdade de Maria Júlia.>
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De acordo com as investigações, a secretária repassava dinheiro à entidade com o suposto objetivo de realizar políticas públicas em prol da sociedade. No entanto, por meio de recibos assinados por laranjas, pelo abastecimento de veículos particulares e pela compra de mantimentos em supermercados, o valor beneficiava apenas as três rés.>
O modo como elas articularam o desvio de verba pública foi descrito e confirmado por uma funcionária que trabalhou no setor administrativo da Associação, entre 2006 e 2012. As 12 pessoas que tinham os nomes usados para a falsificação dos recibos também foram ouvidas. Ao todo, estima-se que foram feitos 63 pagamentos fraudulentos que somam R$ 55.939,33.>
Ainda em primeira instância, em 21 de julho de 2017, o juiz de direito Marcelo Feres Bressan, da 3ª Vara Criminal de Colatina, entendeu que era "notória a farta prova dos desvios de dinheiro público em prol de interesses particulares de Maria Júlia, Lenize e Clerismar e da falsificação perpetrada para dar ares de licitude ao emprego da verba dos convênios".>
Já em julho deste ano, enquanto o processo corria na segunda instância, a defesa de Maria Júlia entrou com dois recursos que foram negados pelo desembargador Ney Batista Coutinho, vice-presidente do TJES. Consequentemente, nesta semana, o desembargador relator Willian Silva expediu o mandado de prisão contra ela, que foi publicado no Diário Oficial nesta quinta-feira (12).>
Antes, em fevereiro de 2013, o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) havia entrado na Justiça com uma Ação Penal Pública contra as três mulheres e outras cinco pessoas que prestaram serviços para a associação, mas que acabaram absolvidas. Na época, o caso ficou conhecido como "Jogo de Damas" e requeria um ressarcimento de R$ 6,7 milhões.>
Advogado de Maria Júlia Deptulski, Rivelino Amaral informou que entrou com um recurso especial no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e outro extraordinário no STF para trabalhar na absolvição da cliente. Além defender que “os elementos para condenação, até o momento, são frágeis”.>
A Gazeta também tentou contato com o advogado Thiago Carvalho de Oliveira, que atua nas defesas de Clerismar Lyrio e Lenize Lilia Tozzi Fachetti, no entanto, as ligações não foram atendidas.>
Por meio de nota enviada no dia 13 de setembro deste ano, a Prefeitura de Colatina garantiu que o município adotará as medidas judiciais cabíveis e necessárias ao pleno ressarcimento ao erário, assim que esgotadas todas as possibilidades de recurso e que o processo se encontre transitado em julgado.>
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