Publicado em 26 de março de 2019 às 22:52
Em depoimento à Justiça Federal nesta terça-feira (26), o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB) confirmou que, durante sua gestão, recebia propina do Grupo Petrópolis. A empresa tem sede no Estado do Rio e fabrica seis marcas de cerveja, entre elas Itaipava, além de outras bebidas. Cabral não informou quanto recebia mensalmente, mas afirmou ser verdadeira a versão já exposta por seu operador financeiro Carlos Miranda, que firmou acordo de delação premiada.>
Segundo Miranda, a propina paga pelo Grupo Petrópolis era de R$ 500 mil mensais, em troca de benefícios fiscais do governo estadual. Desse valor, conforme o operador, R$ 150 mil ficavam para Miranda, outros R$ 150 mil para o agente fazendário Ary Ferreira da Costa Filho (que foi assessor especial de Cabral), e os R$ 200 mil restantes iam para uma espécie de caixinha da propina, para uso geral.>
O grupo Petrópolis, sim, tinha propina. Houve ajuda (do grupo a Cabral) em campanha eleitoral e, de fato, havia esse recurso, como o Carlos Miranda falou no depoimento dele, que parte era para lavagem de dinheiro, outra parte ficava para o Ary e outra para gastos do caixa, afirmou Cabral durante o depoimento ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.>
Ao longo do depoimento, que durou apenas 18 minutos, Cabral deu outros detalhes sobre esquemas de lavagem de dinheiro. Afirmou que, em campanhas eleitorais, recebeu dinheiro de caixa 2 do então dono de uma rede de supermercados carioca, mas negou que essa empresa participasse de um esquema regular de propinas.>
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Talvez o Ary (Costa Filho, assessor especial durante sua gestão como governador) tenha pego dinheiro em meu nome (na rede de supermercados), mas que eu saiba só houve ajuda em campanha eleitoral.>
Pezão. Outro operador financeiro de Cabral, Sérgio de Castro Oliveira, afirmou ter sido responsável por pagar mesadas ao então vice-governador (e depois governador) Luiz Fernando Pezão (MDB) e aos secretários estaduais Régis Fichtner e Wilson Carlos: Tinha um valor fixo, no começo cada um recebia R$ 50 mil. Tanto o Régis (Fitchner), quanto o Wilson (Carlos) eu paguei R$ 50 (mil), e o Carlos (Miranda) pagava o restante do dinheiro. Pezão começou com R$ 50 (mil), chegou a ser R$ 100 (mil), no final já levava R$ 150 (mil). Minha função era levar o dinheiro, afirmou.>
A reportagem procurou representantes de Pezão, Fichtner e Wilson Carlos na noite desta terça-feira (26), mas até as 18h30 não havia conseguido localizá-los. Em ocasiões anteriores, Pezão e Fichtner negaram ter recebeido propina. Não foi possível falar com Ary Ferreira da Costa Filho.>
COM A PALAVRA, O GRUPO PETROPOLIS>
Por meio de sua assessoria de imprensa, o Grupo Petrópolis informou que não obteve nenhum benefício fiscal ou financeiro durante os governos de Cabral. A empresa sempre atuou de acordo com a legislação e suas relações com o Estado do Rio de Janeiro foram pautadas pelos critérios de geração de empregos para a região, razão pela qual nunca precisou de qualquer subterfúgio para atuar no Estado, afirmou a empresa, em nota.>
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