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Rodrigo Maia usou avião da FAB para vir ao Estado durante recesso parlamentar

Rodrigo Maia usou avião da FAB para vir ao Estado durante recesso parlamentar

Presidente da Câmara se reuniu com Hartung e outros aliados; Ministro da Fazenda é outro presidenciável que tem usado jatos da FAB para se projetar pelo país

Publicado em 12 de março de 2018 às 12:33

Pré-candidatos ao Palácio do Planalto, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), têm usado aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) para viajar pelo país e participar de compromissos muitas vezes estranhos aos cargos que ocupam.

Maia, inclusive, esteve no Espírito Santo, no início de janeiro deste ano, onde se reuniu com o governador do Estado, Paulo Hartung (PMDB). A viagem aconteceu durante o recesso parlamentar e é uma das 63 que ele fez, desde dezembro, usando aeronaves da FAB. O levantamento foi publicado nesta segunda-feira (13) pelo jornal "O Estado de S. Paulo".

O presidente da Câmera, Rodrigo Maia: viagens pelo país em avião da FAB Crédito: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Em comum, Maia e Meirelles patinam nas pesquisas de intenção de voto – aparecem com 1% na maioria dos cenários – e são desconhecidos por boa parte do eleitorado.

O uso de aviões da FAB é permitido para ministros do governo e para os presidentes da Câmara, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF). As aeronaves podem ser solicitadas por motivos de segurança, emergência médica e viagens a serviço. A FAB afirma que não é sua atribuição “apurar se os motivos das solicitações de apoio são efetivamente cumpridos”.

A assessoria da presidência da Câmara afirmou que Maia segue “estritamente as normas” ao usar as aeronaves da FAB. O Ministério da Fazenda informou que as viagens de Meirelles atendem a “convites para eventos empresariais”.

Maia, que lançou na semana passada sua pré-candidatura, voou 63 vezes com aeronaves da FAB desde dezembro – 33 delas para o Rio, seu domicílio eleitoral. No dia 28 dezembro, quando já tentava viabilizar seu nome na corrida pelo Planalto, Maia foi a Salvador participar da inauguração de uma creche ao lado do prefeito ACM Neto, que assumiu a presidência do DEM.

VOO A VITÓRIA

Também durante o recesso parlamentar, no início de janeiro, o presidente da Câmara veio a Vitória para a assinatura de convênios e repasses ao Espírito Santo. Foi recebido como líder nacional pelo governador Paulo Hartung (PMDB) no dia 10 daquele mês. Além de Maia, estiveram presentes o ministro da Educação, Mendonça Filho, e o prefeito de Salvador, ACM Neto, ambos também do Democratas.

Oficialmente, o evento era para assinatura de liberação de verbas para aportes nas áreas de educação e saneamento. A plateia, formada por 68 prefeitos, diversos deputados e lideranças de modo geral dava, no entanto, o verdadeiro tom do dia: político do início ao fim.

Evento no Palácio: Rodrigo Maia e Paulo Hartung, seguidos por Mendonça Filho (atrás, ao centro), descem escadaria do Palácio Anchieta após liberação de verbas para a educação Crédito: André Nery/MEC

“Estou trabalhando o futuro do Brasil como presidente da Câmara. Minha agenda é essa”, respondeu Maia ao jornal A GAZETA ao ser questionado sobre se iria mesmo se lançar na corrida ao Planalto - o que acabou se confirmando dois meses depois.

Mendonça Filho, Maia, ACM e o secretário de Estado de Desenvolvimento Urbano, Rodney Miranda (DEM) – que também participou de uma reunião reservada com presidente da Câmara e o governador do ES – garantiram que a pauta passou longe de filiações partidárias e centrou-se somente na “agenda para o país” e “no futuro”.

O DEM é um dos partidos para os quais Hartung poderia migrar, e o convite para a visita dos integrantes do DEM partiu do próprio Hartung.

Já em 6 de fevereiro, Maia esteve em São Paulo para uma conversa com o prefeito João Doria (PSDB). Um dos temas na pauta foi justamente o cenário eleitoral.

AGENDA DIVIDIDA

Meirelles também passou a dividir a agenda de ministro com a de pré-candidato em busca de popularidade. Desde dezembro, voou 42 vezes com a FAB. É da natureza do cargo de ministro da Fazenda participar de encontros com investidores e com representantes do mercado financeiro, mas, em oito ocasiões, a viagem saiu do eixo Rio-São Paulo, cidades que costumam concentrar esses eventos. Nesta segunda-feira (12) ele participa de um seminário sobre agricultura em Cuiabá (MT).

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, durante entrevista coletiva de imprensa Crédito: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Apesar de ainda não ter oficializado a sua entrada na disputa presidencial – o prazo final para se desincompatibilizar do cargo é 7 de abril –, o ministro expandiu suas rotas e passou a realizar palestras nas principais capitais do Norte e do Nordeste sob a justificativa de “levar a mensagem da economia” para todas as regiões, como ele próprio costuma dizer.

A tentativa de aproximação com o eleitorado evangélico também é evidente. Em Belém (PA), Natal (RN) e Fortaleza (CE), o ministro participou de cultos da Assembleia de Deus.

Mesmo viagens para São Paulo adquiriram tons menos ministeriais. No dia 3 deste mês, por exemplo, Meirelles foi à capital paulista para participar da formatura de uma turma de engenharia da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Outra estratégia que tem sido adotada pelo ministro da Fazenda é dar entrevistas a rádios do interior. Desde dezembro, foram 24 entrevistas a emissoras de 11 Estados.

VALORES

A FAB não divulga o valor dos gastos com voos oficiais. Alega que “o custo da hora de voo das aeronaves militares é informação estratégica e, por isso, protegida”. Um voo entre Brasília e Fortaleza, em jato médio similar à aeronave utilizada pelas autoridades, custa cerca de R$ 84 mil, conforme cotação numa empresa de táxi aéreo. Viagens da capital federal para Maceió e Belém saem por R$ 75 mil e R$ 80 mil, respectivamente.

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