Publicado em 17 de setembro de 2019 às 20:52
A vereadora afastada Neidia Pimentel (PSD), da Serra, foi condenada a cinco anos e 10 meses de prisão, em regime semiaberto, pela prática do crime de concussão. O delito ocorre quando um funcionário público exige para si ou para outros uma vantagem indevida, direta ou indiretamente. A decisão, da 2ª Vara Criminal da Serra, disponibilizada nesta segunda-feira (16), também determinou a perda do mandato eletivo e pagamento de multa. >
Na decisão, a juíza Letícia Maia Saúde considerou que houve indícios suficientes de que Neidia, que é ex-presidente da Câmara da Serra, praticou rachid, ou seja, se apropriou de parte dos salários de seus assessores comissionados.>
Conforme comprovado pelas investigações, que contaram com quebra de sigilo bancário, Neidia designou quatro assessores para a Comissão Permanente de Licitação e para compor a Comissão de Licitação na modalidade de Pregão que não possuíam a mínima capacidade técnica para o exercício da função e tinham baixo grau de escolaridade. Esses assessores faziam saques integrais de seus salários, o que apontou para a existência de uma irregularidade, identificados de 2012 a 2016.>
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"Só se pode concluir das circunstâncias apuradas que as suas designações para as comissões de licitação e de pregão eram voltadas para gerar o acréscimo de suas remunerações, rateadas com a vereadora Neidia, de tal forma que, passava ela a ser diretamente beneficiada por tais designações, uma vez o acréscimo na remuneração dos servidores que praticavam rachid permitia o acréscimo do valor irregularmente apropriado pela vereadora", diz a decisão.>
Neidia estava em seu quarto mandato na Câmara da Serra, e já está afastada das funções legislativas desde 14 de abril de 2018. O afastamento foi por meio de uma medida cautelar neste mesmo processo, pois a magistrada considerou que, se permanecesse no cargo, Neidia poderia realizar atos que prejudicariam a instrução processual. Com a saída de Neidia, o vereador Rodrigo Caldeira (Rede) assumiu a presidência, e o suplente Fabão da Habitação (PSD) assumiu a vaga da vereadora.>
CONTROLADOR>
O controlador da Câmara da Serra, Flávio Elias Serri, também havia sido denunciado no processo por concussão, acusado de agir em conluio com Neidia, mas foi absolvido, por insuficiência de provas. A Serri, haviam sido imputados os mesmos crimes de Neidia sob o argumento de que ele, sendo seu "braço direito", de tudo sabia e participava ativamente.>
No entanto, a decisão apontou que "não se extrai prova de que ele, de fato, exigiu diretamente dos assessores envolvidos a vantagem indevida", e "aqueles que admitiram praticar rachid foram categóricos em indicar a acusada Neidia como destinatária dos valores apropriados".>
Mas, durante o processo, a Justiça chegou a determinar que Serri tivesse que manter uma distância mínima de 500 metros da Câmara, pois foi acusado pelo presidente da Casa, Rodrigo Caldeira, e por uma das testemunhas do processo - que é sua prima e ex-servidora da Casa - de fazer ameaças e intimidações para que ela mudasse seu testemunho.>
Por conta disso, ele ficou impedido de se aproximar de qualquer testemunha e impedido de se ausentar da Grande Vitória.>
Com base nisso, apesar de absolver Serri, a juíza determinou "manter a vigência da medida cautelar que o proíbe de manter contato, por qualquer meio, com as partes e testemunhas arroladas, bem como delas se manter distante, no mínimo 500 metros, até o trânsito em julgado".>
OUTRO LADO>
O advogado de Neidia, Renato Gasparini de Miranda, afirmou que ainda não foi intimado da sentença, mas assim que isso ocorrer, irão apresentar recurso de apelação para o Tribunal de Justiça. Ele não comentou sobre o teor da decisão. >
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