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Quem é o capixaba que tenta atrair o clã Bolsonaro para seu novo partido

Quem é o capixaba que tenta atrair o clã Bolsonaro para seu novo partido

Maestro do possível novo destino dos Bolsonaro é figura controversa no Espírito Santo

Publicado em 19 de fevereiro de 2019 às 02:04

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Por trás da nova União Democrática Nacional (UDN), partido que pode ser o futuro destino do presidente Jair Bolsonaro (PSL), está o capixaba de Mimoso do Sul Marcus Alves. As tratativas da migração do clã Bolsonaro para a nova UDN foram reveladas pelo jornal “O Estado de S. Paulo” e se dão no contexto da crise do PSL, suspeito de desviar verba pública por meio de candidaturas “laranjas”.

Figura bem conhecida nos bastidores da política do Estado há mais de uma década, Marcus Alves notabilizou-se no comando do nanico PRP. No mercado político, a agremiação está longe de ser lembrada como alguma focada em debater políticas públicas ou de estimular grandes debates sobre os rumos sociais e econômicos do Espírito Santo. A legenda que rendeu a Alves - por parte dos mais entusiasmados - a alcunha de "mago da política" é marcada pelo pragmatismo eleitoral.

Marcus Alves é ex-presidente do PRP no Espírito Santo. (Reprodução/Facebook)

O apelido surgiu após uma crescente de resultados positivos que Marcus Alves obteve ao longo dos anos. Em 2006, o desconhecido partido elegeu um deputado estadual. Em 2014, já era a segunda maior bancada da Assembleia Legislativa, com três eleitos.

Alves não faz cerimônia sobre seus méritos. "Eu fiz um deputado, em 2006. Depois fiz dois, em 2010. Por último, fiz três", diz o dirigente, que afastou-se da sigla após o pleito de 2016 para construir seu “ideal político", a recriação da UDN - o partido surgiu em 1945 e fazia oposição a Getúlio Vargas. 

Até adversários reconhecem méritos de Marcus Alves. Explicam, sem entrar no mérito do método, que a qualidade dele está na capacidade de construir um partido. Definem-o como "trabalhador", "incansável", "bom articulador".

A estratégia de Alves para o PRP foi a seguinte: reunir candidatos a deputado em todo o Estado e calcular, com a maior precisão possível, as chances de cada um. O "diferencial" do PRP era fazer as chapas de candidatos com nomes de densidade eleitoral semelhante. Assim, todos iam para a disputa sonhando com a vitória. Nos partidos grandes, essa chance fica restrita a um grupo pequena de candidatos, por conta da regra de eleição proporcional.

A mesma capacidade de agregar ele tem para dissolver. Pessoas próximas a Marcus Alves o consideram genioso, de difícil convivência. Alguém capaz de gerar atritos com facilidade. Essa característica da personalidade levanta curiosidades sobre como seria o convívio entre o capixaba e os filhos de Bolsonaro.

ATRATIVO

Colocar no plenário da Assembleia políticos com poucos votos é algo do que Marcus se orgulha. "Todos tinham condição de ganhar a eleição, isso era um grande atrativo. Teve suplente que assumiu com 10 mil votos. Teve candidato (de outros partidos) que perdeu com quase 30 mil", diz.

O pragmatismo na caça por candidatos era desprovido de constrangimento. Até o chefão da Telexfree, uma das maiores pirâmides financeiras do mundo e alvo de várias condenações na Justiça, Carlos Costa, foi filiado e concorreu à Câmara, em 2014.

A baixa exigência de critérios teve um custo, que certamente incomodaria os Bolsonaro, possíveis novos colegas no novo partido. O deputado estadual Almir Vieira (PRP) teve o mandato cassado por caixa 2 na eleição de 2014.

O próprio Alves foi alvo da polícia, acusado de rachid e de ameaçar um ex-servidor público para ficar com parte do salário dele. O caso acabou arquivado.

Na segunda-feira (18), Marcus Alves esteve com interlocutores de Bolsonaro em Brasília. Saiu do encontro dizendo que quer evitar falar no assunto da filiação do presidente e que agora está focado na homologação da UDN.

"Estamos recriando a UDN. Não aceitaremos ninguém que responda por corrupção. Será um partido diferente, que resgata a moralidade, o empoderamento da mulher, o liberalismo econômico. Seremos o único partido de direita do Brasil. Os demais são de centro ou de esquerda", disse.

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Faltam cerca de 100 mil assinaturas até a Justiça Eleitoral começar a decidir se o homologa ou não. Alves acredita que até abril o trabalho estará concluído.

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