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'Postinho' da Assembleia tem baixa procura por atendimento

"Postinho" da Assembleia tem baixa procura por atendimento

O Gazeta Online passou três horas no local. Foram sete atendimentos no período, com o setor vazio na maior parte do tempo

Publicado em 4 de julho de 2018 às 18:47

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Recepção do postinho da Assembleia: não há filas e atendimentos duram menos de cinco minutos, mas setor receberá mais funcionários. (Rafael Silva)

Mesmo com uma demanda bem abaixo do que a de uma unidade de saúde comum, o Centro de Saúde e Assistência Social da Assembleia Legislativa do Espírito Santo vai ganhar mais cinco funcionários. A medida foi aprovada nesta terça-feira (03) no plenário da Casa e eleva para 22 o número de servidores no setor.

O Gazeta Online acompanhou o atendimento por três horas, em dois dias diferentes: nesta quarta-feira (04) e na quarta-feira passada, dia 27. Durante este período analisado, apenas cinco servidores, um estagiário e uma pessoa que é dependente de um servidor da Assembleia procuraram pelos médicos. Ao serem atendidos, nenhum deles precisou esperar para ser chamado ao consultório. As consultas não passaram de cinco minutos e, após uma rápida conversa com os especialistas, saíram da sala do postinho com uma prescrição médica em mãos.

O setor conta com dois médicos, três dentistas, um enfermeiro e uma assistente social, que trabalham em uma carga horária de 36 horas semanais, segundo informações do Portal de Transparência da Assembleia. Os cargos do setor variam de R$ 4 mil a R$ 11,9 mil. Em 2017, só em salários e gratificações, o postinho gerou um gasto de R$ 2,8 milhões.

De acordo com a Casa, a aprovação do projeto de resolução que eleva o número de funcionários "não trará impacto financeiro, uma vez que os servidores serão realocados de um setor para o outro e executarão tarefas administrativas".

Durante todo o ano de 2017, ainda segundo informações da Assembleia, 1.318 consultas médicas foram realizadas no centro de saúde. Houve também 1.119 atendimentos odontológicos, 436 exames admissionais, 931 atendimentos para atestar a necessidade de licenças médicas, 137 atendimentos por parte de enfermeiros e 23 por assistente social.

DUPLA JORNADA

A reportagem também apurou que um dos dentistas que atendem no postinho, em uma carga horária que equivale a seis horas diárias, também trabalha em seu consultório particular, na Ilha de Santa Maria, em Vitória. Lá, o profissional atua pela manhã e à tarde, às segundas, quartas e sextas-feiras; e às quintas, apenas pela parte da manhã.

ESTRUTURA

Em relação à estrutura, o posto fica no primeiro andar da Casa. Na entrada, apenas uma pequena placa acima da porta identifica o local. Do lado de dentro, a aparência é de um gabinete como qualquer outro. Conta com uma sala de espera, logo na entrada, e duas salas para trabalhos administrativos. Ao fundo há pelo menos três salas: uma para atendimento odontológico, um consultório médico e uma outra sala para o atendimento de assistência social.

QUARTA-FEIRA, DIA 27, DIA DE JOGO DO BRASIL

Assim como os deputados estaduais, que aproveitaram o dia de Copa do Mundo para fazer selfies no plenário, os servidores também estavam no clima do torneio mundial, com camisas verde-amarelas. Naquele dia, a Seleção Brasileira enfrentou a Sérvia na fase de grupos, às 15h, e venceu a partida por 2 a 0. O médico que realiza o atendimento no período da manhã, das 7h às 12h, havia saído para almoçar às 10h e não voltou até a reportagem deixar o postinho, às 12h30.

O médico do período da tarde, que atua das 12h às 19h, entrou mais cedo, já que o expediente foi até 13h. Os servidores do postinho acompanhavam a sessão ordinária da Casa e criticavam a deputada estadual Janete de Sá (PMN), que havia feito comentários no dia anterior sobre o atendimento no postinho. A parlamentar declarou que já recebeu reclamações de que os médicos muitas vezes não estão lá e que o aumento de funcionários "poderia resolver este problema".

"Não gosto da Janete, ela diz que tem três médicos aqui, mas são apenas dois", queixava-se a servidora.

Durante o período em que a reportagem permaneceu no centro médico, apenas um estagiário, com dor de dente, foi atendido.

QUARTA-FEIRA, DIA 4

A reportagem chegou às 10h ao postinho e acompanhou o trabalho. O tempo médio entre o momento em que os servidores entram no setor e vão para o consultório é de cerca de 30 segundos. A maioria fica menos de cinco minutos com o médico e sai com uma prescrição médica em mãos.

Dores de garganta, gripe e dores de cabeça foram as queixas mais comuns. Das 10h às 11h30, cinco servidores vieram procurar atendimento. Todos com o médico de plantão. Uma outra pessoa, que era dependente de um servidor, também foi consultada no centro médico.

O acesso da reportagem ficou restrito à sala de espera. Pela manhã havia seis servidores circulando pelo setor: uma atendente responsável por receber os servidores, um médico, uma dentista e uma estagiária que atua como assistente do dentista. Outros dois servidores atuavam em tarefas administrativas.

PERGUNTAS FEITAS À ASSEMBLEIA

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Presidência da Assembleia Legislativa, que não respondeu a todos os questionamentos. Veja as perguntas feitas e a nota oficial do Legislativo.

Qual é a carga horária dos profissionais?

Quais os nomes dos cinco profissionais que irão ocupar essas vagas?

Caso ainda não esteja definido quem vai assumir essas vagas, como será esse processo? Quem escolhe?

Qual o custo para manter essa estrutura na Casa?

Qual é o número de atendimentos no mês de junho?

Qual a função dos médicos (eles só fazem consultas ou realizam pequenos procedimentos também)?

NOTA DA ASSEMBLEIA

"A aprovação do projeto não trará impacto financeiro para a Assembleia Legislativa, uma vez que os servidores serão realocados de um setor para o outro e executarão tarefas administrativas, que não incide adicional de insalubridade. A propositura e aprovação do projeto fez-se necessária para preparar o Parlamento capixaba para o eSocial, que passa a vigorar a partir de janeiro de 2019, em todos os órgãos públicos do país.

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O Serviço Médico da Assembleia Legislativa, que acompanha os processos admissionais e demissionais, além das licenças previstas em legislação, conta com dois médicos, três dentistas, um assistente social e um enfermeiro, todos servidores efetivos. Os profissionais de saúde do setor também, eventualmente, atendem servidores que passam, em horário de expediente, por alguma intercorrência médica ou odontológica de baixa complexidade."

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