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Polícia Federal prepara robô para combater fake news

Polícia Federal prepara robô para combater fake news

Dispositivo ajudará a vasculhar internet atrás de notícia falsa

Publicado em 18 de maio de 2018 às 00:44

"É rodar um robô na internet e o sistema nos apontar um percentual de possibilidade de o conteúdo ser fake news" Crédito: Vinícius Valfré

A Polícia Federal no Estado trabalha na criação de um “robô” capaz de vasculhar as redes sociais em busca de fake news, informações falsas disseminadas com o interesse de desequilibrar a disputa eleitoral. “(A ideia) É rodar um robô na internet, o tempo todo, vendo o que se publica, colocando palavras-chave, e o sistema nos apontar um percentual de possibilidade de determinado conteúdo ser fake news. E o sistema preservar aquele dado para que possamos fazer a investigação até chegarmos aos autores”, afirmou o novo chefe da Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado (DRCOR) da Polícia Federal no Espírito Santo, Leonardo Damasceno.

O sistema é desenvolvido conjuntamente com a Polícia Civil e com a Prodest, a empresa de processamento de dados do governo do Estado.

As superintendências regionais da PF têm até o dia 12 de junho para remeter os respectivos planejamentos estratégicos ao seu órgão central, para aprovação.

O desenvolvimento da ferramenta já está em fase de execução. Mas ainda não é possível dizer se será possível usá-la de maneira plena na eleição de outubro.

Damasceno garante que o combate às fake news é considerado em alta escala pela PF no Estado. É, contudo, um “desafio”, por conta da natureza desses crimes. O delegado explicou que rapidez é fundamental nessas apurações, para que as publicações sejam identificadas antes de serem removidas. “A pessoa pode publicar em uma tarde, fazer o estrago ao longo do dia e, à noite, apagar. Precisamos de registros da ocorrência, da materialidade, para apresentar ao Judiciário e investigar”, disse ele, que lembrou que nas eleições a PF só atua quando acionada pelo Ministério Público Eleitoral e pela Justiça Eleitoral.

Outro complicador é a hospedagem de conteúdos falsos em servidores estrangeiros. Tornam mais difíceis a requisição de informações e os bloqueios.

O delegado recomenda que a população reporte casos suspeitos por meio do aplicativo Pardal Eleitoral, da Justiça Eleitoral.

Perfil

Leonardo Damasceno assumiu a DRCOR após o então chefe da delegacia, Vitor Moraes Soares ser promovido para uma diretoria da Polícia Federal em Brasília.

Natural de Belo Horizonte, Damasceno, de 42 anos, atua como delegado da PF no Estado há 16. No período, passou por diversos setores, como os de meio ambiente, inteligência, patrimonial e previdenciário.

Esteve à frente de operações importantes, como a Calouro, contra fraudes em vestibulares no país; a Duty Free, contra fraudes no comércio exterior; e a apreensão de um contêiner com cocaína em Vila Velha, em 2017.

Mas o delegado é marcado mesmo pela operação que apreendeu um helicóptero carregado com cocaína em Afonso Cláudio, em 2013. A aeronave pertencia a uma empresa do então deputado estadual Gustavo Perrella, filho do senador Zezé Perrella.

O delegado concluiu que os políticos não tinham qualquer relação com o tráfico.

ENTREVISTA

Os 16 anos ininterruptos como delegado da PF no Estado fazem de Leonardo Damasceno um dos mais longevos membros da instituição. Ele responde pela Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado (DRCOR) desde 3 de maio. O cargo faz dele o coordenador de todos os cerca de 2 mil inquéritos abertos na superintendência capixaba e o responsável por definir investigações prioritárias e providenciar recursos humanos e materiais para as demais delegacias especializadas.

Qual será o foco do senhor?

Temos as metas que a PF como um todo entende como prioritárias. E tem algumas que mudam de ano para ano, como neste ano eleitoral. A PF olha de forma especial a área de combate à corrupção e de desvios de recursos públicos. Isso se reflete no âmbito regional. Outra prioridade elencada no âmbito nacional é o combate às organizações criminosas, e a descapitalização dessas organizações.

Considera que a Lava Jato será capaz de fazer uma mudança realmente efetiva na relação entre o público e o privado?

É um marco realmente importante para mostrar para algumas pessoas, que se julgavam acima da lei, que a lei as alcança onde é que elas estejam. Mas o Brasil é complexo. Isso deixa o enfrentamento ao crime mais difícil. Tem amarras legais, constitucionais e culturais. Tem problemas penitenciários, de cumprimento de penas. Tem toda uma dificuldade que não é só de execução. E tem a questão da impunidade. Isso é problema sério. Temos o sistema que permite a prescrição. Cria a sensação de que o crime compensa. Em que pese a Lava Jato seja importante, temos grandes desafios a enfrentar.

O inquérito do helicóptero foi o mais delicado de sua carreira?

Foi o mais chato. Infelizmente, foi entrando em ano eleitoral. Em que pese ter se provado a coisa com muita propriedade e a investigação ter sido muito bem feita, modéstia à parte. O inquérito não era altamente complexo. A prova estava efetivamente robusta. Tudo o que a gente defendeu foi confirmado na sentença. Era impossível qualquer pessoa sem viés ideológico não concordar.

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