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PF cumpre mandado em escritório de advogado do agressor de Bolsonaro

PF cumpre mandado em escritório de advogado do agressor de Bolsonaro

Segundo o delegado responsável pelas investigações, Rodrigo Morais Fernandes, o objetivo da operação é apreender e periciar documentos, celulares e computadores para descobrir quem paga a defesa de Adelio

Publicado em 21 de dezembro de 2018 às 20:57

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A Polícia Federal de Minas Gerais cumpre mandado de busca e apreensão no escritório de Zanone Manuel de Oliveira Júnior, um dos advogados de Adelio Bispo de Oliveira, que é o autor da facada contra Jair Bolsonaro . (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

A Polícia Federal de Minas Gerais cumpre na manhã desta sexta-feira (21) mandado de busca e apreensão no escritório de Zanone Manuel de Oliveira Júnior, um dos advogados de Adelio Bispo de Oliveira, que é o autor da facada contra Jair Bolsonaro (PSL), no dia 6 de setembro em Juiz de Fora (MG).

Segundo o delegado responsável pelas investigações, Rodrigo Morais Fernandes, o objetivo da operação é apreender e periciar documentos, celulares e computadores para descobrir quem paga a defesa de Adelio.

O delegado disse à reportagem que a polícia trabalha com a hipótese de que o advogado poderia estar sendo financiado por uma organização criminosa ligada ao tráfico de drogas ou por um grupo político.

A operação faz parte das coletas de prova do inquérito 503, que investiga as circunstâncias em torno do atentado, focando na possibilidade de Adelio ter cometido o crime a mando de terceiros. Em outro inquérito, já foi concluído, a PF afirma que, no dia do crime, Adelio agiu sozinho.

Zanone Manuel de Oliveira Júnior é conhecido por ter atuado em casos famosos como o da morte de Eliza Samudio, ex-namorada do goleiro Bruno, e da morte da missionária Dorothy Stang. Em setembro, Zanone disse que estava sendo pago por uma pessoa que lhe pediu que sua identidade fosse preservada.

Em depoimento após a prisão em flagrante, Adelio disse que atacou Bolsonaro por divergências políticas.

O agressor é réu em uma ação pelo crime de "atentado pessoal por inconformismo político", descrito no artigo 20 da Lei de Segurança Nacional. Ele está preso preventivamente na Penitenciária Federal de Campo Grande (MS).

A reportagem tentou entrar em contato com o advogado Zanone Manuel de Oliveira Júnior, mas até a publicação deste texto não obteve resposta.

VIOLAÇÃO DE SIGILO

Segundo o advogado Augusto de Arruda Botelho, conselheiro do IDDD (Instituto de Defesa do Direito de Defesa), uma ação da PF com o objetivo de identificar quem paga a defesa de uma pessoa é uma "clara afronta à inviolabilidade do sigilo profissional das atividades de um advogado".

Segundo Botelho, faz parte da ética de um advogado não revelar quem o paga ou quanto recebe para defender um cliente, sendo este direito resguardado pela Constituição Federal. Para o advogado, uma operação com o objetivo de especular sobre isso "é uma das maiores aberrações jurídicas em anos."

A Anacrim (Associação Nacional da Advocacia Criminal) divulgou nota de repúdio a operação, que segundo a entidade cerceia o livre exercício da advocacia e promove uma ruptura com o Estado democrático de direito.

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"A inconstitucional medida foi determinada como represália ao simples fato do advogado estar exercendo seu direito constitucional de exercício profissional", diz no comunicado.

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