Figura preponderante no primeiro discurso de Jair Bolsonaro (PSL) como presidente eleito, Magno Malta (PR) não só foi um dos grandes cabos eleitorais do militar reformado do Exército pelo país tendo acesso irrestrito ao então presidenciável durante a campanha como também é cotado para comandar um dos ministérios no governo federal a partir de 2019.
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Mas essa não é a primeira vez que o senador figura ao lado de um chefe de Estado. Ao longo de sua trajetória pública, Magno subiu em diferentes palanques, inclusive daqueles que hoje são considerados seus desafetos políticos.
Um exemplo deles é o ex-presidente Lula (PT), que elegeu-se pela primeira vez em 2002 com o apoio de Magno Malta no segundo turno. Na época, o pastor evangélico havia acabado de eleger-se senador pelo PL, partido do qual era presidente no Espírito Santo.
No cenário nacional, o partido declarou apoio ao PT desde o primeiro turno, mas Magno manteve-se ao lado do também candidato Anthony Garotinho (na época do PSB). No entanto, após a derrota do então socialista na primeira rodada de votações, Magno alinhou-se com a escolha de sua sigla. Em entrevista ao jornal A GAZETA em 8 de outubro de 2002, chegou a declarar: "Agora sou Lula desde garotinho".
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No dia da eleição, em 28 de outubro de 2002, o senador carregava broches de Lula na camisa e afirmou ter dado o voto mais emocionado de sua vida. "A partir de hoje, a história do país se divide em o dia em que o povo conduziu seu filho ao poder", observou.
A proximidade se estendeu nos anos seguintes e Lula teve o apoio de Magno para sua reeleição. Em junho de 2006, Magno foi um dos parlamentares que recebeu de Lula concessão pública para uma rádio FM educativa em nome da Fundação Educativa e Cultural Dona Dadá, conforme noticiado pela Folha de São Paulo.
A assessoria de Magno disse que o pedido de concessão foi apresentado em 2000 e que o objetivo da Fundação Dona Dadá, que era presidida pela ex-mulher de Magno, era buscar uma mídia para fazer programas voltados para o tratamento de drogas.
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DILMA E TEMER
Em agosto de 2016, as atenções do país estavam voltadas para o julgamento do impeachment da ex-presidente Dima Rousseff (PT). Magno Malta estava entre o grupo de parlamentares que clamavam pelo afastamento definitivo da presidente reeleita e chegou a proferir um duro discurso contra o PT e Dilma no Senado. Ele estava declaradamente ao lado de Michel Temer (MDB), o atual presidente.
Mas em anos anteriores, sua posição era outra: em 2010, o senador teve um papel fundamental para a eleição da sucessora de Lula, especialmente no segundo turno, quando fez uma forte campanha para ela no Espírito Santo, seguindo a Executiva Nacional de seu atual partido, o PR. O senador, inclusive, subiu ao palanque com Dilma em seu primeiro discurso como chefe de Estado e da Nação.
O desgaste com o PT teve início no pleito seguinte, quando Magno tentou emplacar sua candidatura à Presidência da República, mas teve a proposta rejeitada pelos correligionários. No plano nacional, o PR estava oficialmente na base de apoio à presidente Dilma Rousseff em 2014, mas Malta seguiu caminho solo, declarando apoio o candidato do PSC, pastor Everaldo.
Em entrevista, chegou a comparar a ex-presidente ao rei Saul, que na passagem bíblica vira governante de Israel por indicação divina, mas acaba decepcionando a Deus: "Deus não mandou Saul fazer lambança. Saul está no poder no Brasil. Fazem um striptease moral com nosso dinheiro", disse.
Magno Malta foi procurado pela reportagem, mas sua assessoria informou que o senador estava "incomunicável".
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