Publicado em 16 de abril de 2019 às 22:00
O juiz André Guasti Motta, da 8ª Vara Criminal de Vitória, determinou o afastamento de Nacib Haddad (PDT) do cargo de vereador da Serra e do de presidente do Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação no Estado (Seaces) por justo receio da utilização da função pública para a prática de infrações penais. A decisão é da última segunda-feira (15).>
Conforme publicado com exclusividade pelo Gazeta Online, o pedetista é um dos alvos da Operação Assepsia, do Ministério Público Estadual (MPES). A investigação apontou para a existência de um esquema de cartel e fraude em contratações públicas de serviços de limpeza.>
Na decisão, o magistrado também recebeu a denúncia criminal oferecida pelo MPES contra Nacib Haddad e mais 13 pessoas. Todos são sócios ou representantes das dez empresas apontadas como partícipes do esquema. Agora, tornaram-se réus no processo.>
Na ação, que tramita na esfera criminal, o juiz também aplicou um bloqueio de até R$ 432,8 milhões em bens a todos os 14 acusados. O montante corresponde a duas vezes o valor dos contratos sobre os quais o MPES apontou suspeitas nas licitações.>
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Antes, na esfera cível, também como Gazeta Online antecipou, a Justiça havia determinado a indisponibilidade de até R$ 865,6 milhões em bens, mas das empresas. Elas estão obtendo autorizações judiciais para debloquear 50% do valor para quitar obrigações, como salários de funcionários.>
VEREADOR>
As investigações foram iniciadas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MPES. O trabalho de apuração apontou que o vereador Nacib Haddad, apesar de formalmente afastado do comando da Braslimp, era o sócio de fato da empresa.>
A firma foi a vencedora de um dos quatro lotes do pregão eletrônico nº 37, lançado pela Secretaria Estadual de Educação (Sedu) em 2016 para contratar serviço de limpeza de escolas e unidades administrativas.>
Para o Gaeco, houve um acerto entre empresas concorrentes. As quatro vencedoras foram aquelas que já prestavam os serviços nas respectivas regiões por meio de contrato emergencial. O acerto, segundo a denúncia, envolveria contrapartidas em licitações semelhantes em prefeituras do Estado.>
Havendo sérios indícios de que o acusado Nacib Haddad utiliza-se de sua vantagem como proprietário de fato da empresa, bem como exerce a função de vereador do município de Serra, determino o afastamento do acusado Nacib Haddad de suas funções de vereador e de presidente do sindicato das empresas de asseio e conservação no Espírito Santo, por haver justo receio da utilização da função pública para a prática de infrações penais, frisou o juiz na decisão.>
A atividade como presidente do sindicato era a justificativa de Nacib para os diversos contatos com sócios de outras empresas investigadas. As conversas constantes foram apontadas pelo MPES como outro indício de cartel.>
O magistrado ponderou, ainda, que a medida cautelar de afastamento do vereador não fere a isonomia processual por entender que Nacib é o único dos 14 acusados com a qualidade especial de exercedor de função pública, qual seja, a de vereador, bem como a de presidente de sindicato. O juiz André Guasti Motta, contudo, não descartou a decretação de eventual prisão preventiva dos demais no decorrer do processo.>
ABSURDO>
Nacib Haddad considerou a decisão um absurdo e disse que não há nada que o comprometa. Mais uma vez, ele negou envolvimento no esquema e vai recorrer à Justiça, com certeza, ressaltou.>
SEGUNDA VEZ>
Este é o segundo afastamento de vereador da Serra. A ex-presidente da Câmara Neidia Pimentel (PSD) está afastada desde março de 2018, em processo que apura apropriação de parte dos salários dos vereadores por parte dela.>
LONGE DA CÂMARA>
Nacib Haddad não deverá participar das sessões da Câmara Municipal já a partir desta quarta-feira (17).>
De acordo com informações da assessoria da Câmara, assim que o parlamentar toma ciência da ordem judicial ele já deve se manter afastado da Casa, não sendo necessário mais nenhum outro rito ou procedimento interno. A situação só pode mudar caso Nacib entre com recurso na Justiça e consiga reverter seu afastamento.>
O presidente da Casa, Rodrigo Caldeira (Rede), não confirmou à assessoria se teve ou não acesso à decisão na noite desta terça (16). No entanto, a Casa informa que assim que tomar ciência do fato, ele encaminhará a decisão para análise da Procuradoria, a fim que de que sejam definidas algumas medidas. Entre elas, se Nacib Haddad deverá continuar recebendo salário e se seu gabinete será mantido ou se os funcionários serão exonerados. Isso dependerá do teor da decisão.
(Maíra Mendonça)>
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