Publicado em 27 de março de 2018 às 02:47
No mesmo dia em que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) evocou um levante contra a série de streaming "O Mecanismo", acusada por ela de difundir fake news, e o cineasta José Padilha, que assina a produção, acusou a petista de "não saber ler", o juiz federal Sérgio Moro disse que reconhece alguns traços de seu trabalho na dramatização, "mas não necessariamente" com fidelidade aos fatos.>
Moro foi entrevistado no programa "Roda Viva", da TV Cultura e, quando questionado se assistiu à série e ao filme "Polícia Federal: a lei é para todos" - ambos inspirados nos bastidores da Operação Lava Jato -, confirmou tê-los conferido. "Não sou crítico de cinema, mas sou curioso. Os dois têm qualidades, mas há liberdades criativas. Não retratam a realidade exatamente como aconteceu. Mas há pontos comuns", disse.>
Segundo o magistrado, as duas produções chamam a atenção para a dificuldade que é o combate à corrupção no Brasil. "Se servirem para alertar para esse problema já cumpriram um importante papel", disse ele. Ainda sobre o filme a série, Moro afirmou que "muitas vezes exageram no drama" e que, ao retratar os bastidores da maior operação de combate à corrupção no Brasil, as duas produções acabam descrevendo a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e o Poder Judiciário como mais próximos do que realmente são.>
"É natural que existam alguns conflitos, não só institucionais como pessoais. O juiz tem uma independência maior. O juiz não trabalha junto, porque ele tem fazer um julgamento imparcial. Essa interação poderia ser maior no Brasil. Na Operação Lava Jato, já teve momentos melhores", afirmou.>
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Polêmica>
Nesta segunda-feira (26), o diretor José Padilha reagiu às críticas da ex-presidente Dilma e chamou de "patético" o movimento para cancelar assinaturas do serviço Netflix. Um dos signatários da reação é o ator José de Abreu. A reação a "O mecanismo" ganhou força já no fim de semana, quando os usuários descobriram que a expressão "estancar sangria" foi colocada na boca do personagem referente ao ex-presidente Lula. Na vida real, a frase foi dita pelo senador Romero Jucá (PMDB) numa gravação em que ele falava em pacto para deter o avanço da Operação Lava-Jato.>
"Um esquema que lesou os brasileiros, com a participação clara de Lula e de Temer, que durante boa parte do tempo foram sócios na corrupção sistêmica, lógica estruturante da politica no Brasil. E a esquerda quer polemizar o uso do termo estancar a sangria? Não é preciso ser nenhum Sigmund Freud para concluir o que a esquerda revelou sobre si mesma ao se ater a este ponto", alfinetou o cineasta.>
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