Publicado em 4 de novembro de 2018 às 22:41
De Los Angeles, Califórnia>
A eleição de Jair Bolsonaro (PSL) para a Presidência da República chamou a atenção do mundo e continua chamando. Nos Estados Unidos, não é diferente. Na imprensa local e entre jornalistas estrangeiros que cobrem a política internacional, há dúvidas sobre uma possível ameaça à democracia brasileira ou sobre o capitão reformado ser ou não um Donald Trump brasileiro, com seus prós e contras.>
O Gazeta Online, que acompanha as eleições legislativas americanas, marcadas para esta terça-feira (6), perguntou a conhecidos formuladores dos partidos democrata e republicano a opinião deles sobre a vitória de Bolsonaro no Brasil.>
Questionado sobre eventuais preocupações com fenômenos como o brasileiro e se a influência de Trump sobre a América do Sul pode ter contribuído para o resultado, o diretor do Instituto de Política Jesse M. Unruh, da Universidade da Califórnia do Sul (USC), Bob Shrum, reagiu com preocupação. Ligado aos "azuis" (democratas), o consultor político atuou, entre outras, na campanha do democrata Al Gore à presidência, em 2000.>
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"Eu não sei se Donald Trump é a força por trás do que acontece no Brasil. Acho que aquilo foi bastante a dissolução do partido da esquerda e a corrupção. Também acho que foi o fato de Lula não ser autorizado a disputar. Ele poderia ganhar. John Bolton, um conselheiro da Segurança Nacional, fez um discurso em Miami e louvou o presidente Bolsonaro, de quem as opiniões eu considero repulsivas. A noção de ganhos com os tempos de ditadura militar, e ele diz isso abertamente, é inacreditável", disse.>
O líder do Partido Republicano na Califórnia, Shawn Steel, assim como outros aliados de Donald Trump, comemora a existência de membros associados à Escola de Chicago na equipe de Bolsonaro. Ele se refere a Paulo Guedes, o anunciado ministro da Fazenda incumbido de fazer reformas estruturais e privatizações no Brasil, em um esforço para reduzir o tamanho do Estado.>
Por outro lado, Steel, ainda prefere esperar para ver. Diz contar que Bolsonaro não seja como o presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, que já chegou a admitir execuções extrajudiciais no mandato. Duterte chegou ao poder misturando um discurso religioso com o de mão pesada contra o crime.>
Adepto de uma ironia elevada - que deixa dúvida sobre quando fala sério ou não -, Shawn Steel se considera um "republicano liberal" que "odeia todos os governos", "inclusive o seu".>
"Eu não gosto de fascista. Espero que ele (Bolsonaro) não seja fascista. Ele parece ter crescido como Trump cresceu, eu não sei. Estou empolgado porque... quem é o que está na cadeia? Lula. São porcos nojentos (risos). Pegaram o dinheiro e agora estão na prisão. Mas eu espero que esse cara (Bolsonaro) não seja como o filipino, matando de forma aleatória. Eu espero que a equipe econômica seja feita com os caras de Chicago, que não seja um governo corrupto. Boa sorte para vocês", disse.>
São apenas opiniões pontuais. Não são capazes de representar todo o pensamento dos dois partidos norte-americanos. E republicanos e democratas, por enquanto, têm uma preocupação muito maior pela frente, que é vencer as próprias eleições legislativas.>
AFAGOS>
Logo após confirmada a vitória de Bolsonaro, Donald Trump telefonou para o brasileiro e sinalizou, no Twitter, que vai buscar uma relação próxima com o novo presidente. Tive uma conversa muito boa com o recém-eleito presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. Nós concordamos que Brasil e Estados Unidos vão trabalhar bem próximos no Comércio, nas Forças Armadas e em várias outras coisas, escreveu.>
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Em entrevista à Folha de S. Paulo, no início desta semana, Steve Bannon, um dos principais estrategistas da campanha de Trump, em 2016, confirmou ter interesse na ascensão de perfis como o de Bolsonaro.>
* O repórter viajou a convite do governo dos Estados Unidos.>
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