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Empresário é investigado por propina na obra da sede da Petrobras no ES

Empresário é investigado por propina na obra da sede da Petrobras no ES

Mandado de prisão foi expedido contra Mário Ildeu de Miranda, mas ele está em Portugal, segundo a Lava Jato; mais de US$ 7 milhões do empresário foram bloqueados

Publicado em 8 de maio de 2018 às 16:02

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O empresário e ex-executivo da Petrobras Mário Ildeu de Miranda, um dos alvos que teve a prisão preventiva decretada nesta terça-feira (08) na Operação Deja Vu, a 51ª fase da Operação Lava Jato, também é investigado por supostos recebimentos de propina para executar consultorias falsas e viabilizar aditivos durante as obras da sede da Petrobras em Vitória.

Sede da Petrobras no Estado, que fica na Avenida Reta da Penha, em Vitória. (Vitor Jubini | Arquivo)

A Polícia Federal não conseguiu cumprir o mandado de prisão expedido pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, contra o executivo, pois ele viajou na última segunda-feira (07) para Portugal. Segundo a força-tarefa da Lava Jato, o empresário ainda não é considerado foragido. Moro também determinou o bloqueio de mais de US$ 7 milhões em contas do empresário na Suíça.

Na operação desta terça-feira, denominada de "Deja Vu", Miranda é acusado de ter recebido em contas no exterior, entre 2011 e 2012, US$ 24 milhões em propina, que seriam repassados para o então gerente da área Internacional da Petrobras Aluísio Teles Ferreira Filho.

Segundo a investigação, o recurso era oriundo de um contrato fraudulento de serviços de segurança, meio ambiente e saúde, de mais de US$ 825 milhões, firmado em 2010 pela Petrobras com a construtora Odebrecht. Aluísio Teles, preso nesta terça, teria passado informações privilegiadas para a empreiteira antes de o contrato ser licitado.

Em Vitória, a "Deja Vu" cumpriu um mandado de busca e apreensão em um endereço não revelado pela Polícia Federal. "Os mandados de busca foram feitos como medida de investigação, para encontrar novos indícios e aprofundar os dados", disse o procurador da República Roberson Pozzobon, um dos responsáveis por esta fase da Lava Jato.

ADITIVOS PARA OBRA DA SEDE EM VITÓRIA

Segundo delações de executivos da Odebrecht, Mário Miranda foi o primeiro ex-funcionário da Petrobras contratado pela empreiteira para "agilizar" a liberação de recursos para "adequações" no projeto inicial da sede da estatal em Vitória. Miranda foi funcionário da Petrobras entre 1975 e 2003 e, de acordo com delatores, conhecia os "meandros" e tinha "relacionamento” dentro da estatal.

Sede da Petrobras em Vitória: contratos fictícios foram usados durante obra. (Ricardo Medeiros/Arquivo)

O consórcio responsável pela construção do prédio na Reta da Penha, formado por Odebrecht, Camargo Corrêa e Hochtief (OCCH), tomou a decisão de apelar a consultorias de fachada porque vinha acumulando prejuízos, de acordo com os delatores.

Tais prejuízos ocorriam, segundo os ex-funcionários da Odebrecht, porque a Petrobras passou a atrasar a entrega de projetos executivos necessários à obra. Por isso o consórcio foi em busca de quem tinha "relacionamento na Petrobras" para poder viabilizar aditivos e reduzir prejuízos.

Um contrato de consultoria com a empresa de Miranda, a EGPN, foi então firmado com o consórcio. De acordo com delatores, propina era paga por meio dos contratos fictícios para fazer com que a obra andasse. Os "consultores" ganhavam de 1% a 3% sobre os valores que conseguiam que fossem liberados pela Petrobras às empreiteiras.

Miranda, que teria sido indicado pela própria Odebrecht, ganharia 20 parcelas de R$ 50 mil da empreiteira, mas, como não conseguiu viabilizar os interesses do consórcio, foram pagas a ele apenas 17 parcelas, totalizando R$ 850 mil, segundo delatores.

"O escopo (do projeto) era fictício. Foi alterado para não ficar muito claro que era um serviço de acompanhamento interno na Petrobras", contou aos procuradores da Lava Jato o delator da Odebrecht Paulo Sérgio Boghossian. "O objeto do contrato foi descrito de forma a dissimular o trabalho a ser executado", complementou José Vieira Machado da Cunha, outro delator da empreiteira.

ACESSO PRIVILEGIADO

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Nas investigações do Ministério Público Federal, Mário Miranda e Sergio Souza Bocalleti, outro ex-executivo preso na 51ª fase da Operação Lava Jato, aparecem citados diversas vezes como ex-funcionários da Petrobras por terem "se valido de acesso privilegiado aos funcionários da estatal para praticar delitos em favor das empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato", conforme descreve o procurador da República Roberson Pozzobon, responsável pela Operação Deja Vu, em um pedido feito ao juiz Sérgio Moro para quebra de sigilo fiscal de Miranda.

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