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Deputados do ES minimizam desgaste de Moro no governo Bolsonaro

Deputados do ES minimizam desgaste de Moro no governo Bolsonaro

Parlamentares capixabas ouvidos pelo Gazeta Online consideram que relação entre ministro e presidente ainda é boa, apesar de fatos dos últimos meses

Publicado em 23 de agosto de 2019 às 02:52

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Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Após ter sofrido alguns reveses ao longo dos oito meses como ministro da Justiça e da Segurança Pública, o ex-juiz Sergio Moro enfrenta desgaste crescente com o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e com os parlamentares, conforme já se nota nos bastidores do Congresso Nacional. No entanto, deputados capixabas ouvidos pelo Gazeta Online minimizam as indisposições e defendem que não há nenhuma sinalização de saída dele do governo.

Apesar de ainda registrar um capital político elevado, Moro recentemente enfrentou acusações de ter ajudado o Ministério Público em processos da Lava Jato, quando juiz, e viu Bolsonaro mandar "segurar" a tramitação do pacote anticrime para não tumultuar a relação com o Congresso e colocar em risco reformas econômicas, pedindo paciência ao subordinado. Nos bastidores, a atuação dele é considerada isolada, por não defender com veemência as pautas do governo, e por travar um choque de protagonismo com o presidente, tanto pela popularidade, quanto pelas expectativas para a eleição presidencial de 2022.

O deputado Josias Da Vitória (PPS) considera que a puxada no freio com o projeto anticrime não tem relação com eventual desgaste do ministro. "O projeto é importante, mas está tendo conflito de relevância com os outros projetos, como a reforma da Previdência e a tributária. Ele está demonstrando paciência. Ainda é cedo para avaliar se ele e o presidente já estão pensando na próxima eleição. Ele está fazendo o trabalho dele, que tem muitos desafios", afirma.

Para a deputada Soraya Manato (PSL), Moro e Bolsonaro ainda mantém um bom relacionamento, de muita confiança. "Tenho certeza que o presidente não o vê como adversário, e sim como parceiro de primeira hora. O único adversário do presidente hoje é o governador João Doria (PSDB), que tem dito que quer ser presidente", disse.

A parlamentar também discorda de que Moro atue no Congresso de forma autoritária e isolada. "Ele foi no Congresso diversas vezes apresentar o pacote. É uma pessoa de grande humildade, calma, serena, não tem arrogância. Mas o pacote anticrime, querendo ou não, é polêmico. Há uma necessidade de amadurecimento no debate", pontuou.

As deputadas Norma Ayub (DEM) e Lauriete (PL) também negam perceber desgaste. "Não tenho observado perda de espaço ou desgaste no âmbito da administração pública e em especial no relacionamento com os parlamentares, por parte do ministro", disse a demista. "Sergio Moro continua com sua moral e dignidade inquestionáveis. As publicações dos materiais hackeados tem fonte duvidosa, não o atingiram", completou Lauriete.

OPOSIÇÃO

Já o deputado Helder Salomão (PT) é um dos que avalia que o ministro está em um processo de perda de popularidade e importância dentro do governo. "O que a gente vê no Congresso é a imagem de Moro desmanchando. Setores que sempre o apoiaram em ações da Lava Jato estão percebendo que o que ele tinha, na verdade, era um projeto de poder. Tanto é que hoje, mesmo fora do cargo, ainda mantém muita influência nos processos".

Nos últimos dias, Moro também foi ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, mostrar preocupação com a decisão de suspender as investigações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf)  feitas sem autorização judicial. Embora a decisão do Supremo tenha beneficiado diretamente o senador Flávio Bolsonaro (PSL), filho do presidente, no escândalo dos "laranjas", o ministro considerou que a medida poderia colocar em risco mecanismos de combate à lavagem de dinheiro.

"Com certeza há uma luta de egos entre Bolsonaro e Moro, pois como o ministro ainda tem muita credibilidade com uma parte da população, isso certamente traz problemas nas relações no âmbito do governo. Até agora, eles não se arriscam a falar mal dele publicamente, por conta de seu apelo popular, mas isso pode começar a mudar", comentou Helder.

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A reportagem buscou os demais deputados e senadores, que informaram que não comentariam sobre a situação de Moro.

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