O governador Renato Casagrande (PSB) defendeu que é preciso cautela nas falas de lideranças políticas, como as de um deputado estadual, um governador e um presidente, pois todas elas geram repercussão na sociedade. Questionado sobre a declaração do deputado Capitão Assumção (PSL), na Assembleia, que ofereceu R$ 10 mil a quem matasse o suspeito de um homicídio, em Cariacica, o governador frisou que o caminho para solucionar crimes deve ser estruturando as polícias.
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"Todas as lideranças que tem representatividade são referências. Tudo que um deputado fala, um governador, um presidente da República fala, vira uma referência, é observado. E é preciso que nós possamos defender um projeto de vida que esteja alicerçado na cultura da justiça e paz, e não na cultura da violência", afirmou.
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Casagrande acrescentou que a população não pode sair em defesa da justiça com as próprias mãos.
Casagrande preferiu não opinar sobre a necessidade de que a Assembleia e os órgãos de controle tomarem providências sobre as declarações de Assumção.
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O subsecretário de Integração Institucional da Secretaria de Estado de Segurança (Sesp), Guilherme Pacífico, afirmou que os policiais do Estado trabalham para retirar criminosos de circulação e encaminhar os suspeitos de crime à Justiça, e que a declaração do deputado não interfere nos trabalhos de investigação.
"Esse não é o papel (de um parlamentar). A função do policial é trabalhar para que não ocorram delitos, trabalhar para que quem cometeu o crime possa ser levado à Justiça e responder por esses crimes. Não é função do Estado tirar a vida de ninguém. E com relação a isso, acho que esse estado de beligerância não ajuda ninguém", disse Pacífico.
PARES
Entre os demais deputados estaduais, também houve reprovação às falas de Assumção, embora até o momento nenhum deles tenha se prontificado a tomar uma medida formal na Assembleia.
Delegado da Polícia Civil, o deputado estadual
Lorenzo Pazolini (sem partido)
pontuou que a fala de Assumção se deu durante a discussão de um projeto de lei complementar enviado pelo governo do Estado. Segundo Pazolini, o texto tratava sobre o uso de tornozeleiras e o pagamento de recursos a egressos do sistema prisional capixaba.
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Acho que houve, talvez, um excesso que precisa ser analisado com ponderação, mas o contexto não pode ser retirado. Eu entendo que o momento que o país passa é um momento extremamente perigoso e as medidas extremadas não são mais adequadas. Nós precisamos de ponderação, de bom senso, de um pouco mais de prudência, evitar esse choque, esse conflito social, avaliou.
A deputada Janete de Sá (PMN) também se disse contra a atitude. "Me manifestei logo depois dele, repercutindo contrariamente à postura. Vi que naquele momento, foi uma fala de revolta. Acredito que o deputado se excedeu por conhecer a moça. Mas nós, em uma Casa de leis, tem que levar as coisas pelo caminho da legislação. Não cabe a nós, parlamentares, incitar a barbárie".
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Para Sergio Majeski (PSB), não é correto reforçar discurso fácil, de que se resolve a violência armando ou matando criminosos. "Nós, além de representantes da sociedade, somos formadores de opinião, temos que refletir sobre as causas da violência, e as políticas que podem resultar na redução da violência. Qual país do mundo resolveu na base do olho por olho?", opinou.
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