Publicado em 19 de julho de 2019 às 02:39
Em um mês, os funcionários que atuam nos gabinetes dos deputados estaduais da Assembleia Legislativa Espírito Santo custam R$ 2,35 milhões aos cofres públicos. Os dados são de março deste ano e referem-se ao valor bruto, ou seja, o salário-base somado com os benefícios, recebido por 481 servidores contratados.>
Todos os assessores de gabinete dos 30 deputados são cargos comissionados, de livre nomeação dos políticos. Nos sete tipos de cargo existentes, os salários deles variam de R$ 1,3 mil, no caso do adjunto de gabinete, a R$ 9,6 mil, que é o que recebe o supervisor geral de gabinete.>
O número torna-se importante por conta do fim da obrigatoriedade da apresentação de relatórios pelos assessores externos, aprovada esta semana pela Casa.>
Cada parlamentar tem direito a nomear até 19 servidores, e eles podem atuar fora das dependências da Assembleia Legislativa os chamados assessores externos. Não há limite para a quantidade de funcionários que pode trabalhar fora do gabinete.>
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O valor foi calculado pelo Gazeta Online com base nas informações oficiais do Portal da Transparência da Assembleia Legislativa. A reportagem considerou os valores de março, pois são os mais atualizados da atual legislatura contidos na seção de dados abertos.>
Esta base de dados não discrimina o gabinete de qual deputado o assessor está lotado, porém. A informação só é possível se for feita uma consulta individualmente, pelo nome de cada servidor.>
O levantamento não considera os servidores da Assembleia lotados em comissões, cargos da Mesa Diretora e outros setores administrativos.>
Se for feita uma projeção anual, com base nos dados de março, em um ano o gasto com os assessores de gabinete gira em torno de R$ 28,3 milhões.>
Como os assessores externos atuam fora da Assembleia e não batem ponto, após uma provocação do Ministério Público Estadual, desde 2012 passou-se a exigir que eles apresentassem relatórios de atividades para atestar o cumprimento do serviço.>
No entanto, na última terça-feira, a maioria dos deputados aprovou a extinção da exigência de tais documentos. Na votação do projeto, apenas quatro deles manifestaram-se contra.>
A norma que disciplina o assunto é uma resolução que prevê que para tornar mais eficiente a atuação externa dos servidores, o deputado poderá determinar sua localização nos municípios, mantidos sob sua responsabilidade, desde que destinados exclusivamente à atividade parlamentar, garantindo o fortalecimento do gabinete interno, com o recebimento das demandas da sociedade encaminhadas por esses servidores.>
OS EXTERNOS>
O Portal da Transparência da Assembleia Legislativa não discrimina quais assessores de deputados atuam nos gabinetes e quais são assessores externos.>
Por conta disso, a reportagem procurou todos os 30 deputados para que informassem quantos servidores externos possuem atualmente.>
Ao todo, agora em julho, são 505 funcionários de gabinete, considerando os internos e externos. Desses, há hoje pelo menos 108 assessores externos trabalhando para os deputados fora da Assembleia, considerando os 24 deputados que responderam.>
Seis deputados não informaram: Capitão Assumção (PSL), Emílio Mameri (PSDB), Euclério Sampaio (sem partido), Janete de Sá (PMN), José Esmeraldo (MDB) e Marcos Mansur (PSDB).>
Cinco deputados disseram que não têm nenhum assessor externo: Adilson Espíndula (PTB), Lorenzo Pazolini (sem partido), Hércules Silveira (MDB), Enivaldo dos Anjos (PSD) e Sergio Majeski.>
Os deputados com o maior número de servidores externos são Alexandre Xambinho (Rede) e Alexandre Quintino (PSL), com dez cada um, seguidos por Marcos Garcia (PV), com 9.>
Alguns deputados deram explicações sobre a atuação de seus funcionários que atuam foram da sede do Legislativo. Marcos Garcia justificou que possui um gabinete externo em Linhares, que é sua cidade base.>
Na mesma linha, Theodorico Ferraço (DEM) disse ter um escritório em Cachoeiro de Itapemirim, e Dary Pagung (PSB) explicou que 3 dos seus 5 assessores externos trabalham no seu escritório de Baixo Guandu.>
O deputado Carlos Von declarou que seus 7 servidores externos cumprem horário no gabinete externo em Guarapari, no qual o deputado instalou um ponto biométrico para que comprovem seu comparecimento ao trabalho. As despesas para a manutenção desse gabinete são totalmente custeadas pelo deputado.>
Os deputados Erick Musso (PRB) e Vandinho Leite (PSDB) informaram que seus servidores externos atuam fora no Parlamento somente nos dias em que não há sessão.>
OUTRO LADO>
A Assembleia Legislativa foi procurada para comentar o valor gasto com os servidores de gabinete, e sobre a disponibilização das informações em seu Portal da Transparência.>
Em nota, afirmou que "foi considerada a única do Brasil a cumprir com rigor a Lei de Acesso à Informação (LAI) e o Portal da Transparência o mais transparente dos entes federados. Dados remuneratórios e de benefícios de todos os servidores do Parlamento estão disponíveis do Portal, por nome e matrícula. E, ainda, discriminado por gabinete, setor administrativo, função e vínculo".>
Afirmou ainda que a Assembleia possui ainda um Comitê da Transparência, criado com o objetivo de reformular e tornar ainda mais transparentes as informações constantes no portal. Todas as reformulações que se fizerem necessárias serão debatidas e executadas para tornar o portal ainda mais acessível aos capixabas.>
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