Publicado em 8 de abril de 2019 às 00:42
A 3ª Vara da Fazenda Pública Estadual de Vitória entendeu haver suspeitas de fraude no pregão da Secretaria de Estado da Educação (Sedu), apesar dos depoimentos dos denunciados. Todos negaram taxativamente a associação criminosa para fraudar o certame.>
O vereador Nacib Haddad (PDT), um dos denunciados e apontado pela investigação como operador da Braslimp, é também presidente do Sindicato das Empresas de Conservação e Asseio. Ele disse que o Ministério Público Estadual (MPES) não tem noção do mercado e, por essa razão, fez acusações irresponsáveis e absurdas.>
Nacib garante possuir uma defesa robusta para todas as descobertas da investigação. As conversas com Evandro Moreira e José Ricardo Perovano, representantes da Serdel, segundo Nacib, foram para articular ação judicial que o sindicato moveria contra o Estado para cobrar valores que entende ter direito e que cobririam gastos com insalubridade dos terceirizados.>
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Além da Braslimp, em que atua Nacib, a Conservo, uma empresa de Minas Gerais, e a Serdel são associadas ao sindicato das empresas. Foram as três que ganharam os lotes da Sedu.>
LIGAÇÕES>
Sobre as ligações para representantes da Serge, Nacib justificou dizendo que a empresa prestava serviços na Serra, onde ele é vereador, e precisou intermediar protestos de trabalhadores por atrasos salariais.>
Segundo Nacib, a Braslimp só participou do pregão da região em que já atuava porque não tinha interesse em expandir a atuação, em virtude dos prejuízos e da incerteza do negócio.>
Estou com ação na Justiça alegando que estou tomando prejuízo e que quero receber por estar pagando 20% de insalubridade aos trabalhadores. Não ia aumentar meu lote para tomar prejuízo. As (razões das) outras empresas devem ser por aí também, afirmou.>
A Serdel é representada nos processos pelo advogado Gustavo Varella, que afirma não haver qualquer tipo de prática de cartel ou de ato ilícito por parte da empresa ou de membros dela.>
Ele confirmou a conversa entre Evandro Moreira e um servidor da Sedu sobre a investigação do TCES. No entanto, o alinhamento de discurso apontado pelo MPES tratou-se, na verdade, segundo o advogado, de um conhecido pleito das empresas, que é o de buscar pagamento referente aos gastos com insalubridade dos funcionários. A despesa é uma obrigação relativamente recente e representa 20% dos salários dos funcionários da limpeza.>
As características dos contratos, sustenta Varella, têm feito com que eles sejam quase deficitários para as empresas.>
Claro que quando o MPES pega uma licitação e vê alguém falando em percentual e em alinhamento, a primeira impressão que fica é a de cartel. Mas, de parte da Serdel, não tem ilegalidade, destacou.>
O advogado nega que Evandro e José Ricardo tenham falado sobre o suposto cartel em ligação telefônica, como frisa o órgão ministerial. Não foi conversa com José Ricardo. Eles trabalham lado a lado, não precisaria, observou.>
Gustavo Varella lembrou que a Serdel conseguiu o desbloqueio de 50% dos bens que haviam sido bloqueados, pois a empresa não pode ficar à mercê de suposições do MPES, disse.>
OUTRAS EMPRESAS>
Representantes das cinco empresas mais diretamente relacionadas ao pregão da Sedu incluindo Braslimp, Serdel e Conservo, que venceram a licitação foram procurados pela reportagem. O sócio da Serge preferiu não se manifestar e o advogado dele não foi localizado. Os donos e os advogados da Conservo e da AMV não atenderam às ligações nem deram retorno.>
Donos de oficina confirmam falta de expertise>
Em depoimento, os dois sócios da oficina AMV confirmaram que a empresa não tinha expertise no ramo de limpeza serviços para os quais participaram da licitação. O negócio era voltado para pintura e lanternagem.>
Uma das donas, Marcela de Barros, chegou a confirmar que a empresa não teria condições de prestar serviços de limpeza predial. Contudo, ambos negaram qualquer vínculo com os representantes das demais investigadas.>
DOCUMENTOS>
Quando questionada sobre a falsificação de documento mencionada em conversa telefônica obtida pelo Ministério Público com autorização judicial, Marcela preferiu ficar calada.>
As informações estão discriminadas na decisão do juiz Mário da Silva Nunes Neto, que determinou o bloqueio de bens das companhias. Para o magistrado, os relatos eram eivados de contradições.>
Quando disputou os lotes, o capital social da oficina era de R$ 14 mil e o CNPJ havia sido adquirido há menos de um mês. Os quatro lotes para os quais ofereceu o menor preço somavam R$ 118 milhões.>
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