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'Vou processar médico e PA', diz avó de criança que morreu em Cariacica

"Vou processar médico e PA", diz avó de criança que morreu em Cariacica

Médico informou que a menina tinha marcas de agressão e que havia sofrido abuso sexual; exames do DML não identificaram marca de qualquer tipo de agressão, nem física e nem sexual no corpo da criança, segundo o delegado Filipe Pimentel, que teve acesso ao laudo cadavérico

Publicado em 7 de novembro de 2019 às 21:49

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Avó de menina de quatro anos que morreu na manhã desta quinta-feira (7). (Esthefany Mesquita)

A avó da menina de quatro anos que morreu na manhã desta quinta-feira (7) antes de dar entrada no Pronto Atendimento de Alto Lage, em Cariacica, informou à reportagem de A Gazeta que vai processar o médico e a unidade depois da acusação de agressão e estupro.

"Minha neta passou mal e corremos com ela. Não teve nada disso. Vou processar o médico e o hospital que deu esse laudo", disse. A avó da criança, uma cuidadora de 38 anos que preferiu não se identificar, contou ainda que a menina tomava remédio controlado há três anos.

"Ela tinha um problema neurológico e tomava remédios controlados. No início da semana, ela reclamou de dor de cabeça e hoje aconteceu isso", lamentou.

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    Quando chegamos no PA, ela já estava morta. O médico alegou que já tinha algumas horas que ela tinha falecido, o que é mentira, porque não fiquei muito tempo fora de casa.

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    Em nenhum momento eles falaram o que tinha acontecido. Pegaram e falaram que não tinha o que fazer mais. Eu fiquei lá perto mesmo, eu, meu marido, um amigo e minha filha, mãe da minha neta.

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    Ela tinha um problema neurológico, tomava remédio controlado, perdia o ar e desmaiava. No início da semana ela tinha reclamado de dor de cabeça, e agora isso...

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    Em nenhum momento os policiais que estavam no PA disseram que ela foi espancada ou abusada sexualmente. Um policial aqui da DHPP me chamou em um canto e falou comigo que ela tinha sido abusada. Em nenhum momento falou em espancamento. Falei que era uma mentira ela ter sido abusada. Era uma menina cuidada com muito amor e carinho, e ela não ficava com ninguém, a não ser a minha família.

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    Vou cuidar do funeral da minha neta e depois caçar meus direitos. Vou processar a prefeitura, o médico e algumas pessoas que faltaram com o respeito. Minha neta era uma menina feliz e carinhosa. Agora fica um vazio dentro da gente (choro).

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ENTENDA O MISTÉRIO

Uma menina de quatro anos foi levada, já sem vida, para o Pronto Atendimento (PA) de Alto Lage, em Cariacica, na manhã desta quinta-feira (7) — mas, o que não se sabe ainda e que virou um grande mistério, é a causa da morte e as condições em que ela chegou no local.

O Instituto de Gestão, Inovação e Saúde (IGIS), responsável pelo PA de Alto Lage, se manifestou por nota informando que "a menina de 4 anos, deu entrada no Pronto Atendimento às 9h desta quinta-feira (07), já com parada cardiorrespiratória. A equipe seguiu o protocolo de reanimação e não houve êxito. Sendo constatado óbito, o corpo foi encaminhado para o IML. Durante a avaliação, a equipe médica constatou que a criança apresentava hematomas e sinais de violência. Por esse motivo o PA acionou a Polícia Militar e o Conselho Tutelar".

Já a Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) informou, também por nota, que "o Conselho Tutelar está ciente do caso. Na tarde desta quinta-feira (07) serão formalizadas denúncias na Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) e na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP)".

Por sua vez, a Polícia Militar disse que "no final da manhã de hoje (07), policiais militares foram acionados pelo Pronto Atendimento de Alto Laje, em Cariacica, pois havia dado entrada no local uma criança de quatro anos sem vida, com marcas de agressão. Após alguns exames constatou-se que a criança havia sido estuprada".

As investigações se iniciaram logo após o fato, pela equipe do plantão do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Familiares da vítima foram encaminhados ao DHPP, ouvidos e liberados.

O corpo da vítima foi encaminhado para o Departamento Médico Legal (DML) de Vitória. A análise inicial não identificou marca de qualquer tipo de agressão, nem física e nem sexual no corpo da criança, segundo o delegado Filipe Pimentel, que teve acesso ao laudo cadavérico feito pelo DML. Foram coletadas amostras que serão encaminhadas para uma análise mais aprofundada. O prazo para a conclusão do laudo cadavérico é de 30 dias. Diante disso, o delegado acrescentou que, até o momento, não é possível afirmar se houve crime e ninguém foi detido.

"O prontuário médico avaliou e disse que tinham sinais, mas o exame da perícia não constatou nenhuma marca na criança", disse. Questionado sobre a causa da morte, Pimentel destacou que ainda não é possível afirmar qual foi. "Até o momento a causa é indeterminada", concluiu.

O delegado destacou ainda que em depoimento a família relatou que a criança estava dormindo. "Eles disseram que a menina estava dormindo e quando foram verificar ela já estava com o corpo mole", completou o delegado.

Após a declaração do delegado a reportagem de A Gazeta voltou a entrar em contato com a Polícia Militar e com a Prefeitura de Cariacica. A PM reforçou que "as informações que constam no boletim do Ciodes é de que, após uma análise da equipe médica, constatou-se que a criança havia sofrido abuso sexual, no entanto não foi constatada a presença de sêmen na vítima. A perícia da Polícia Civil foi acionada para ir ao PA e verificar realmente o que havia acontecido com a menina".

Já a Prefeitura de Cariacica reforçou o posicionamento da equipe médica que acionou a polícia no final da manhã desta quinta-feira (07). "Conforme nota, 'durante a avaliação, a equipe médica constatou que a criança apresentava hematomas e sinais de violência', logo, seguiu o protocolo de acionar a Polícia Militar e Conselho Tutelar".

O caso segue sob investigação da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Mulher (DHPM) da Polícia Civil.

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