O soldado Luiz Aurélio Coutinho Junior, que participou de uma briga no bairro Santa Marta, em Vitória, na última sexta-feira (29), já se envolveu em outras confusões. Ele também foi denunciado à Corregedoria da Polícia Militar pela prisão do repórter Vinícius Arruda, do jornal Metro, em 2017, e por uma discussão com idosos, em 2019. Em um dos casos, ele foi inocentado. Já os outros dois, ainda estão sendo investigados.
Em julho de 2017, o repórter Vinícius Arruda, do jornal Metro, foi detido após filmar uma abordagem que o soldado Aurélio e outros militares faziam a suspeitos de terem assediado uma mulher dentro de um ônibus, em Jardim da Penha, Vitória. Veja o vídeo abaixo.
Alterado, o soldado aparece no vídeo ordenando que o repórter entregue seu RG e seu crachá. Estou te dando uma ordem legal. Me apresente o seu documento de identidade e o seu crachá. Se o senhor não obedecer a ordem dada, nós vamos algemar o senhor por desobediência. Isso é uma ordem policial.
Na época, o Sindicato dos Jornalistas no Espírito Santo (Sindijornalistas) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) repudiaram a prisão do jornalista e chamaram de autoritária e descabida a ação dos policiais.
Procurada, a Polícia Militar informou que o procedimento administrativo de caráter apuratório envolvendo o militar foi solucionado com o soldado inocentado.
"Etá solucionado aquele (procedimento administrativo) em que o soldado participa da detenção de um repórter, que sob o pretexto de acompanhar e filmar por celular a abordagem policial, parou de forma irregular seu veículo em via pública, sendo requisitada sua presença na delegacia de Polícia Civil na condição de testemunha da abordagem. Neste caso, o soldado e os demais investigados foram inocentados por não haver indícios de cometimento de crime militar, nem de transgressão disciplinar", disse a nota.
Um casal de idosos afirma ter sido ameaçado pelo policial em outubro deste ano, na Serra. Segundo eles, os dois estavam saindo de um posto de combustíveis quando o soldado Aurélio avançou o sinal vermelho e alegou que havia sido fechado pelo carro guiado pelo idoso.
A esposa do homem, Leonidia Madalena Alves de Melo, de 63 anos, contou que o policial se aproximou batendo no vidro do carro onde os dois estavam, e disse que o PM estava com uma postura agressiva. O soldado exigiu que o motorista parasse em um determinado local, mas ele se recusou. O casal relatou que, naquele momento, não era possível identificar que Aurélio era um policial.
"Não imaginávamos que fosse um policial porque ele estava de bermuda preta e camisa branca, com um colete por cima da camisa que não dava pra ver", explicou a idosa.
Segundo ela, em um certo momento, o soldado ameaçou puxar a arma e disse que prenderia o idoso. O senhor de 72 anos foi preso por desacato e conduzido e detido na 3ª Delegacia Regional da Serra. No local, o filho do casal de idosos gravou um vídeo do PM, após a briga de trânsito com os pais dele. Veja acima.
"Eu falei 'eu tenho diabetes, eu sou deficiente visual, não posso passar raivas que minha diabetes sobe'. Eu estava com o braço quebrado também. E ele falou 'problema seu, seu marido está preso, a senhora não está entendendo'. Parecia que nós éramos um casal de bandidos, não um casal de idosos", lamenta.
Procurada, a Polícia Militar informou por nota que "não foi verificada na Corregedoria nenhuma denúncia formal por suposta parte ofendida. O boletim que registra este evento traz em seu bojo, inclusive, indícios de que realmente houve a prática do crime de desacato. De qualquer forma, a corporação está buscando todas informações e documentos sobre o fato", disse a nota.
O soldado se envolveu em uma briga de trânsito, em Vitória, na última sexta-feira (29). Ele estava de folga e sem farda quando entrou em luta corporal com um homem após uma discussão de trânsito na região do bairro Santa Martha, em Vitória. Veja o vídeo abaixo.
Durante a briga, a arma do PM caiu no chão e um amigo do soldado, que estava no carro com ele, pegou a arma e efetuou dois disparos para o alto. Ninguém foi atingido. Inicialmente, as imagens mostram o soldado discutindo duramente com o outro envolvido na briga.
Em um determinado momento, o militar provoca: "Você quer que eu puxe e atire? É isso que você quer? Fala então: 'puxa e atira'". No vídeo, não é possível ouvir a resposta do outro homem, mas, em seguida, o PM ameaça puxar a arma e atirar. Foi nesse instante que os dois entram em luta corporal e a arma do militar cai. A gravação mostra também o militar dando um tapa na cara do outro homem, em uma das partes mais fortes do vídeo.
A PM informou, por nota, que as providências legais e cabíveis já estão sendo adotadas através de procedimento persecutório. "A PM-ES salienta seu compromisso com a imparcialidade na busca pela verdade, sempre em respeito às normas vigentes pelo ordenamento jurídico do país", afirmou a nota.
Na última quarta-feira (4), a Polícia Militar afirmou que o soldado será temporariamente retirado das ruas até que o processo instaurado pela Corregedoria seja concluído.
Um dia depois da afirmação da PM sobre esse afastamento, na quinta-feira (5), o corregedor da PM coronel Haroldo Magalhães informou, em coletiva de imprensa, que o militar apresentou um atestado de 15 dias para tratamento psicológico. Agora, ele será avaliado pela Junta Militar de Saúde, que vai analisar se a dispensa é válida ou não. Enquanto isso, ele permanece afastado das funções para o tratamento.
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