Nos últimos dias, a invasão do perfil no Instagram sofrida pelo padre Anderson Gomes, de Vila Velha, repercutiu após o religioso ficar dias sem ter acesso à sua conta e ainda se deparar com tentativas de extorsão por parte do invasor. O caso, dado em primeira mão pelo colunista Leonel Ximenes, de A Gazeta, foi apenas mais um entre muitos que ocorrem diariamente no mundo virtual. Semanalmente, são cerca de 3 a 4 ataques que chegam à Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), segundo o delegado Brenno Andrade.
O titular da DRCC explica que a recorrência deste tipo de crime tem aumentado consideravelmente no Espírito Santo, e, geralmente, por descuidos dos próprios usuários.
"Situações como a vivida pelo padre sempre existiram, mas. de um tempo para cá. a quantidade de pessoas com contas hackeadas tem sido muito elevada. Ocorre que as pessoas seguem clicando em links suspeitos e que são claramente maliciosos, feitos para pegar senhas e logins. É sempre da mesma forma clássica: o criminoso cria um perfil ou conta falsa, inventa uma promoção ou oferece um desconto e usa isso como um atrativo. As pessoas clicam, fornecem os dados e, na sequência, ocorre a invasão. O objetivo é sempre extorquir dinheiro do dono do perfil ou pessoas próximas", afirma o delegado.
O modo clássico apresentado pelo titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos pode ser exemplificado pela situação vivida pelo empresário Hélio Santi, de 33 anos. Nesta semana, o morador de Aracruz, no Norte do Espírito Santo, perdeu temporariamente o acesso à sua conta no WhatsApp depois que recebeu um link malicioso pela caixa de conversa do Instagram com uma oferta de desconto em bebidas.
De posse do perfil do empresário, o golpista passou a disparar mensagens para amigos e familiares da vítima pedindo dinheiro. Simultaneamente, Hélio postou em outra rede social que havia caído em um golpe e alertou para que as pessoas não acreditassem nos pedidos por valores. Após denunciar o golpista e também pedir que amigos denunciassem o criminoso, ele conseguiu reativar a conta no aplicativo de troca de mensagens.
Os problemas vividos pelo padre e pelo empresário poderiam ter sido evitados caso ambos tivessem a verificação de duas etapas, um procedimento rápido, fácil de ser ativado e que eleva a proteção das respectivas contas.
"Esta historinha que os criminosos fazem é o que chamamos de 'engenharia social', para atrair as vítimas. Ainda que caiam nos golpes, com a verificação em duas etapas, os golpistas têm mais dificuldades para prosseguir, pois existe outra camada de proteção. O ideal é que, além da dupla verificação oferecida pelos e-mails e redes sociais, o usuário também tenha esse mecanismo instalado por um aplicativo. O nível de segurança torna-se muito maior", diz o delegado.
Brenno salienta que essa prática criminosa ocorre principalmente no Instagram e WhatsApp, mas também acontece em outros canais de interação digital. O delegado destaca que a vítima deve denunciar o invasor assim que perceber o golpe.
"Infelizmente esses casos são comuns. No entanto, a Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos não é responsável pela recuperação direta do perfil perdido pelo usuário. A vítima deve fazer a solicitação administrativa junto à respectiva plataforma. A atuação da unidade fica por conta de identificar o criminoso e apontar o crime praticado. Não temos como desprender atenção total porque também lidamos com estelionatos e investigamos casos de exploração sexual e pedofilia. Mas o que recomendo é que a pessoa procure a própria rede social para recuperar a conta", detalha Breno Andrade.
No caso das contas comerciais, em que pessoas utilizam as redes sociais como ferramenta de trabalho ou até mesmo de lojas, restaurantes e afins, se a espera pela recuperação do perfil se prolongar, é aconselhável ajuizar uma ação para que o processo corra mais rapidamente.
"Já tivemos caso investigados onde a pessoa demorou quase dois meses para conseguir a conta de volta. Foi preciso ir à Justiça contra a rede social para que de fato ocorresse. Por vezes, o suporte destes canais deixam a desejar", concluiu o delegado, complementando que os ataques são na maioria praticados por pessoas de fora do país.
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