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Polícia conclui que jovem morto após rave no ES não usou mescalina

Polícia conclui que jovem morto após rave no ES não usou mescalina

No sangue de Filippe Siqueira Krohlling, que passou mal durante uma rave em 12 de outubro e morreu após dias internado no hospital, foi identificado o uso de ecstasy, maconha e álcool

Publicado em 12 de novembro de 2019 às 13:02

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Filippe Siqueira Krohling morreu após passar mal em uma rave em Guarapari. (Reprodução/Instagram)

A Polícia Civil anunciou, em coletiva nesta terça-feira (12), que o jovem que morreu e os amigos que passaram mal após participarem de uma rave em Guarapari , em 12 de outubro, não consumiram mescalina – droga de origem mexicana. A suspeita surgiu após a informação de que o entorpecente tinha sido vendido ao grupo e que eles teriam utilizado a substância com ecstasy. Segundo a polícia, foi o próprio Filippe que comprou os comprimidos pelos Correios para traficar na festa.

"Ele levou entorpecente para a rave e comercializou. Temos a confirmação dos jovens que sobreviveram e também temos outros elementos que comprovam que foi o Filippe que vendeu as drogas. As investigações mostram que ao menos nas festas raves desse ano ele comercializou drogas sintéticas a outros amigos", contou o delegado Diego Bermond, titular da Delegacia Especializada de Narcóticos (Denarc).

No sangue do estudante de Engenharia Filippe Siqueira Krohlling, que morreu após dias internado no hospital, foi identificado o uso de ecstasy, maconha e álcool. Segundo a polícia, embora a droga tenha sido vendida como ecstasy misturado com mescalina, os exames apontaram que não havia mescalina no corpo do universitário.

"A gente trabalhou em amostras da vítima fatal. Foram pesquisadas quase 100 substâncias diferentes e detectamos a presença de álcool, maconha e ecstasy, descartando a presença de várias outras, inclusive a mescalina. Foi importante essa resposta negativa para a droga em questão, porque em um primeiro momento foi veiculado que o agente teria sido a mescalina. Há, ainda, a informação não confirmada que o Filippe também usava anabolizantes. Isso pode ter piorado o estado de saúde dele porque essas substâncias causam alguma sobrecarga ao fígado e associada a outras três drogas utilizadas que podem ter deixado ele em uma condição de saúde um pouco diferente dos demais", contou o perito oficial criminal Fabrício Souza Pelição.

Indagado porque Fillipe morreu, enquanto os outros dois jovens que usaram a mesma droga conseguiram sobreviver, o perito criminal explicou que alguns pontos devem ser considerados para a causa da morte. 

"Um ponto é o uso de outras drogas e a gente só tem essa resposta da vítima fatal, que usou pelo menos três drogas naquele intervalo de tempo. Outro ponto são as diferenças individuais. As pessoas são diferentes. Um problema hepático ou renal, uma condição patológica já existente, muda completamente a resposta de uma pessoa para outra. E terceiro a quantidade da droga que teria sido consumida. A gente não sabe ao certo quanto cada um consumiu", explicou. 

SUBSTÂNCIAS EXISTENTES NA DROGA AINDA É MISTÉRIO

De acordo com a perícia criminal, não é possível saber exatamente todas as substâncias contidas no comprimido verde que os jovens usaram. Ele explicou que as drogas sintéticas são feitas em laboratórios clandestinos e não seguem um padrão de matéria prima, princípio ativo e quantidade desse princípio. Nem mesmo há um padrão de formato, já que as vezes muda-se a forma para conquistar o mercado de alguma forma.

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"Há a possibilidade de haver outra substância misturada nesse ecstasy e essa é a grande dificuldade de se trabalhar com drogas sintéticas. O intuito da comercialização dessas drogas é estabelecer sempre uma nova molécula, um novo princípio ativo, que forneça ao usuário efeitos desejados - estimulantes ou alucinógenos, mas que não estejam listadas na portaria n° 344 do Ministério da Saúde, que determina o que é proibido. Assim, fugindo das fiscalizações e sanções penais. Com isso, a velocidade de produção é muito grande, o surgimento de drogas é enorme a cada dia e é fácil imaginar que nenhum teste é feito. Daí o problema e a toxicidade dessas substâncias", contou.

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