Publicado em 21 de abril de 2019 às 23:14
O rompimento do vínculo afetivo com as comunidades onde moram, a fase contestadora natural da juventude e a necessidade de exposição dos crimes nas redes sociais são características que classificam a nova geração dos bandidos envolvidos no tráfico e assassinatos na Grande Vitória.>
O novo perfil foi traçado a partir de investigações do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e do Departamento Especializado de Narcóticos (Denarc). De janeiro a março deste ano, 15 traficantes foram presos após praticar atos criminosos relacionados ao tráfico de drogas na internet.>
Diariamente, o Denarc recebe, por meio de denúncia anônima, pelo menos dois vídeos que mostram traficantes ostentando armas ou comercializando drogas na Grande Vitória. O diretor do departamento, delegado Fabrício Dutra, explicou que as informações são utilizadas nas investigações dos integrantes das associações criminosas.>
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No mês passado, circulou nas redes sociais um vídeo em que um traficante aparece armado com uma pistola enquanto monitora o Morro da Conquista, na região de São Pedro, em Vitória. Nas imagens, o bandido tem a função de monitorar a chegada de traficantes rivais e de policiais. O conteúdo estava em um celular apreendido pela Polícia Militar.>
Em dezembro do ano passado, também foram compartilhados vídeos que mostram bandidos ostentando armas, intimidando rivais e até mesmo as forças policiais. O delegado Fabrício Dutra explicou que esses criminosos têm entre 16 e 24 anos.>
Essa nova geração de bandidos está atenta às novidades do mundo tecnológico e virtual, é contestadora e se comunica quase que exclusivamente dessa forma. Acreditando que vão intimidar rivais e autoridades policiais, os criminosos postam armas de fogo, muitas de uso restrito, usadas em guerra, e também compartilham atividades criminosas, disse.>
PERFIL>
Segundo o chefe do DHPP, delegado José Lopes, responsável pelo departamento que investiga a autoria e motivação dos assassinatos na Grande Vitória, o perfil desses infratores abrange faixa etária um pouco mais ampla do que a dos traficantes.>
O perfil é o mesmo: tanto da vítima quanto dos autores. Costumo dizer que o autor de hoje é a vítima de amanhã. Eles têm em torno de 13 a 34 anos, cor parda e baixa escolaridade. São jovens que crescem sem limites e sem preocupação com as consequências dos seus atos, destacou.>
TRANSFORMAÇÃO>
Para o cientista social Joilton Rosa, os adolescentes e jovens da atualidade perderam a relação de aproximação com a comunidade onde estão inseridos. Por causa disso, a forma como a violência se manifesta na sociedade também passa por transformação.>
Os jovens vivem uma limitação menor com a questão da responsabilidade, de se sentirem responsáveis pelo ato violento. Isso está muito ligado a uma questão de limite. Eles têm uma sensação de que podem tudo a qualquer hora. Isso traz, penso, uma sensação de que até matar é possível. Eles nem veem as consequências gravíssimas que seus atos podem acarretar, avalia Joilton.>
NAS REDES SOCIAIS>
Instagram>
Ostentação>
Criada para o compartilhamento de fotos e vídeos, o Instagram é uma das mídias sociais utilizadas pelos criminosos, segundo a Polícia Civil. É através dessa mídia que bandidos compartilham fotos e vídeos onde aparecem ostentando armas, drogas e dinheiro.>
Twitter>
Bailes funks>
Microblog que permite a postagem de textos com fotos, vídeos e links que podem relacionar diversos conteúdos. No mundo do crime é utilizado para compartilhamento de agenda de bailes funks proibidões como o Mandela, onde, segundo a polícia há tráfico e consumo de drogas, porte de arma e conflito entre traficantes rivais.>
Whatsapp>
Comunicação>
O aplicativo que permite a troca de mensagens de texto, vídeos e fotos serve para manter a comunicação entre os traficantes de uma gangue do mesmo bairro ou até mesmo facções de outros bairros ou municípios. Pelo WhatsApp, bandidos vendem drogas, negociam armas e ordenam crimes.>
Facebook>
Perdendo espaço>
Segundo a polícia, cada vez mais perdendo espaço para o Instagram, mas ainda é usado para compartilhamento de fotos e vídeos que ilustram o dia a dia de um bandido ou facção criminosa.>
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