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Mortes na 3ª Ponte: após cinco anos, morte de casal segue sem desfecho

Mortes na 3ª Ponte: após cinco anos, morte de casal segue sem desfecho

O advogado Ivomar Rodrigues Gomes Junior e o estudante de engenharia (na época) Oswaldo Venturini Neto respondem pelas mortes de Brunielly Oliveira e Kelvin Gonçalves dos Santos

Publicado em 24 de maio de 2024 às 14:34

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Brunielly Oliveira e Kelvin Gonçalves morreram depois que tiveram a moto atingida na Terceira Ponte
Brunielly Oliveira e Kelvin Gonçalves morreram depois que tiveram a moto atingida na Terceira Ponte. (Reprodução | Facebook)
Sara Oliveira
Repórter / [email protected]

Cinco anos após a colisão que matou o casal Brunielly Oliveira, de 17 anos, e Kelvin Gonçalves dos Santos, de 23 anos, na Terceira Ponte, familiares seguem cobrando por respostas. Os réus, acusados de praticarem um racha no momento do acidente, aguardam pelo julgamento em liberdade, com nova audiência marcada para o dia 1º de julho.

No dia do acidente, o advogado Ivomar Rodrigues Gomes Junior, com 34 anos, conduzia um Audi A1, enquanto o estudante de engenharia Oswaldo Venturini Neto, de 22 anos, dirigia um Toyota Etios. As investigações da Polícia Civil apontaram que os acusados beberam antes de dirigir e praticavam racha quando colidiram com a moto do casal. Apesar disso, a defesa alega que não houve intenção de matar.

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Já são cinco anos que se faz e até agora nós não tivemos nenhuma resposta. Eu só queria dizer que aqui é uma mãe que está sofrendo

Jucélia Carolina Alves Oliveira
mãe de Brunielly
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O estudante de Engenharia Oswaldo Venturini Neto (à esquerda) e o advogado Ivomar Rodrigues Gomes Júnior
Oswaldo Venturini Neto (à esquerda) e o advogado Ivomar Rodrigues Gomes Júnior respondem pela morte do casal. (Reprodução)

Em uma movimentação mais recente, divulgada no sistema PJE (Processo Judicial Eletrônico) em abril deste ano, o juiz responsável pelo caso negou um pedido da defesa que solicitava a suspensão do processo até o término das diligências de contraprova.

Na ocasião, a defesa de Ivomar Rodrigues Gomes Junior protocolou petições com nove requerimentos, solicitando algumas mudanças como a substituição de uma das testemunhas e a disponibilização de todos os elementos do corpo de delito pela Polícia Civil.

O pedido de suspensão foi negado pelo juiz que, entre outros tópicos, apontou que a oitiva das testemunhas restantes e o interrogatório dos réus, próxima etapa do processo, não dependem do cumprimento dos requerimentos da defesa.

“[...] Muitas diligências foram realizadas ao longo da instrução a fim de elucidar com precisão a real dinâmica do crime, sempre atendendo aos requerimentos formulados pelas partes visando a garantia da busca pela verdade real dos fatos. Salta aos olhos, no entanto, que alguns requerimentos formulados pela defesa do réu Ivomar, em especial na presente fase processual, acabam por desacelerar a marcha do processo, afigurando-se como obstáculo à conclusão da instrução probatória que se arrasta desde o ano de 2019”, diz um trecho da decisão.

Nova audiência em julho

A próxima audiência referente ao caso está marcada para o dia 1º de julho de 2024. Em abril deste ano, o juiz informou que resta agora a oitiva de uma testemunha de defesa e o interrogatório dos acusados para o fim da instrução processual - fase na qual as provas e depoimentos das partes são coletados.

Outra audiência para oitiva de testemunha e interrogatório dos acusados tinha sido marcada para o dia 7 de junho de 2023, mas, de acordo com o relatório do juiz responsável, foi cancelada após a defesa de Ivomar apresentar, às vésperas da data, duas petições com 35 páginas de requerimentos. Segundo o juiz, na época, a audiência precisou ser suspensa “diante da ausência de tempo hábil para manifestação das partes e garantia do contraditório”.

Desdobramentos do caso

  • 22 de maio de 2019: as investigações da Polícia Civil mostraram que os réus beberam antes de dirigir e praticavam racha quando colidiram com a moto do casal. O advogado Ivomar Rodrigues Gomes Junior, de 34 anos, conduzia um Audi A1, e o na época estudante Oswaldo Venturini Neto, de 22 anos, piloto do Toyota Etios;

  • Testemunhas relataram que o Audi A1, de Ivomar, teria batido na traseira da moto, arremessando o casal. Após a primeira colisão, o Etios, de Oswaldo, teria passado por cima de Brunielly e batido na motocicleta. No chão havia marcas de frenagem por aproximadamente 27 metros;

  • Brunielly e Kelvin Gonçalves haviam reatado o relacionamento havia um mês e voltavam da casa da mãe do rapaz em uma moto modelo Honda CG, quando foram atingidos pelos carros durante a madrugada. A jovem estava na garupa da motocicleta conduzida pelo jovem;

  • Delegado Ney Fanfa Ribas Neto assume investigação do caso e diz que o acidente foi provocado por um “racha” (corrida ilícita); 

  • Delegado afirma que o advogado e o estudante beberam antes do acidente em uma boate de Vila Velha. Diz ainda que, apesar da recusa em fazer os testes do bafômetro e o toxicológico no Departamento Médico Legal de Vitória (DML), testemunhas contaram que os dois estavam embriagados; 

  • Da 1ª Delegacia Regional de Vitória, Ivomar e Oswaldo foram levados ao Departamento Médico Legal (DML) da Capital, indiciados por dois homicídios com dolo eventual e embriaguez ao volante e encaminhados para o Centro de Triagem de Viana; 

  • 23 de maio de 2019: juíza Milena Sousa Vilas Boas converte prisão dos motoristas de flagrante para preventiva;

  • 14 de junho de 2019: MPES denuncia Ivomar e Oswaldo, pelos crimes de duplo homicídio e pede para os acusados irem a júri popular na Comarca de Vitória; 

  • 24 de junho de 2019: juiz Marcos Pereira Sanches recebe denúncia do MPES;

  • 24 de setembro de 2019: liminar do STJ determina a soltura dos acusados.

  • 5 de maio de 2023: continuação da audiência é marcada para 7 de junho de 2023, mas é suspensa.

  • 9 de abril de 2024: Nova audiência é marcada para o dia 1º de julho

Família cobra respostas

Nessa quarta-feira (22), quando a morte do casal completou exatos cinco anos, a mãe de Brunielly, Jucélia Carolina Alves Oliveira, publicou um vídeo nas redes sociais cobrando respostas para o caso.

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É uma dor insuportável. É um vazio que tá dentro de mim que nada preenche [...] Eu só preciso de uma resposta para que eu possa descansar

Jucélia Carolina Alves Oliveira
Mãe da Brunielly
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O que dizem os acusados

Por meio de nota, as defesas dos dois acusados se manifestaram sobre o caso. O advogado de Ivomar pontuou que o cliente responde em liberdade, pois nunca teve qualquer outro envolvimento em crimes. “A defesa lamenta profundamente o ocorrido, mas insiste que nunca houve intenção de causar a morte do casal”.

Já a defesa do estudante Oswaldo Venturini, representada pelo advogado Ludgero Liberato, informou que o cliente “continuará a contribuir para a elucidação dos fatos, interesse maior de todos, e que continuará à disposição do Poder Judiciário”.

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