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Publicado em 22 de junho de 2022 às 11:58
- Atualizado há 3 anos
O grupo de hackers que invadia contas bancárias pela internet para desviar dinheiro e pagar dívidas tributárias lesou três prefeituras de cidades do Espírito Santo: Dores do Rio Preto, Santa Leopoldina e Apiacá, das quais foi desviado um valor somado de R$ 3 milhões. O grupo criminoso foi alvo da operação CyberCafé, deflagrada pela Polícia Federal nesta quarta-feira (22) e que cumpriu 11 mandados de busca e apreensão em seis municípios do Estado, além de sequestrar bens que chegaram ao valor de R$ 6 milhões.>
Segundo o delegado Victor Baptista, da Polícia Federal, as investigações começaram em 2019 a partir da apuração de fraudes bancárias realizadas por meio de ataques hackers. Em entrevista ao repórter Diony Silva, da TV Gazeta, o delegado contou que três bancos foram vítimas do grupo criminoso.>
Baptista explicou que os criminosos utilizavam dois métodos para conseguir as informações pessoais das vítimas que tiveram as contas bancárias invadidas: o pushing, que consiste em se passar por um funcionário do banco para conseguir os dados e o acesso remoto.>
"Eles utilizavam ataques pushing, que é quando eles utilizam uma engenharia social para poder entrar em contato com a vítima, se fazendo passar por um funcionário do banco. Eles pedem para acessar um site, que é um site falso, semelhante ao site original, você fornece as credenciais, a senha, as informações de segurança, que são capturadas. O hacker acessa o internet banking e faz o desvio desses valores. A segunda forma de ataque que nós identificamos é o acesso remoto, onde o hacker consegue controlar a máquina da vítima em segundo plano, sempre por meio de algum malware, algum software que a vítima acaba clicando e permitindo o acesso.", explicou o delegado.>
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Operação CyberCafé da Polícia Federal
De acordo com o delegado, as fraudes bancárias aconteceram nos anos de 2017, 2019 e 2020. Os valores desviados das contas bancárias das vítimas eram pulverizados entre contas de pessoas físicas ou jurídicas em todo o país.>
"A maior parte desses valores foi concentrada para o pagamento de boletos tributários do ICMS da Sefaz aqui do Espírito Santo, tendo como empresas beneficiárias, empresas do ramo do café", completou o delegado.>
Baptista ainda explicou que, no Espírito Santo, os principais alvos foram os intermediadores, que, segundo a Polícia Federal, eram responsáveis por recrutar os beneficiários, e as empresas beneficiadas pelo esquema criminoso. Os alvos da operação no Estado seguirão sendo investigados pela corporação, conforme disse o delegado.>
Conforme a Polícia Federal, o grupo criminoso era composto por três núcleos: Hackers ou Atacantes, Intermediadores e Beneficiários. Eles invadiam contas bancárias via internet para desviar valores ou para quitar boletos, sobretudo de dívidas trabalhistas junto à Secretaria de Estado da Fazenda do Espírito Santo (Sefaz/ES).>
Segundo a corporação, os Hackers ou Atacantes acessavam de forma ilegal as contas bancárias das vítimas, a partir de um ataque pushing ou por acesso remoto. Assim, eram desviados valores para as contas dos beneficiários ou para pagamentos de boletos da Sefaz.>
Já os intermediários, também de acordo com a polícia, eram responsáveis por recrutar os beneficiários, dos quais recebiam as quantias que eram frutos das fraudes. Uma parcela desses montantes obtidos com os crimes era repassada aos Hackers.>
Ao todo, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão no Estado, além de outros sete em demais estados brasileiros e dois mandados de prisão temporária em Florianópolis-SC e Araraquara-SP. Também foram executadas medidas de sequestro de bens como veículos, imóveis, criptoativos e contas bancárias no valor de R$ 6 milhões. Segundo a Polícia Federal, os mandados de busca e apreensão foram cumpridos nos seguintes lugares:>
A polícia acrescentou que a ação criminosa do grupo gerou um "enorme prejuízo financeiro a vários bancos e empresas", além de frustrar o pagamentos de impostos, que foram indevidamente quitados com valores das contas alvo das fraudes.>
Os investigados na operação poderão responder aos crimes de furto qualificado mediante fraude, lavagem de dinheiro e associação criminosa. A pena, caso sejam condenados, pode chegar a 21 anos de prisão. >
Segundo o prefeito de Dores do Rio Preto, Cleudenir José de Carvalho Neto, o crime na administração municipal aconteceu em 2019. “Os hackers invadiram a conta durante a noite e pagaram IPTU, a maioria foi de impostos pagos. E eles fizeram transferências para uma cidade do Maranhão”, explicou.>
Cleudenir informou que o dinheiro desviado da Prefeitura de Dores do Rio Preto equivale de R$ 1,8 milhões a R$ 1,9 milhões. Contudo, o município não teve prejuízo, já que a quantia foi restituída pela instituição financeira. “Depois disso, nós contratamos alguns sistemas e empresas para fazerem esse trabalho, e não tivemos mais problemas”, concluiu.>
Em nota, a Prefeitura de Santa Leopoldina comunicou que o ataque pelo grupo hacker ocorreu em 7 de janeiro de 2020. "Na ocasião, os criminosos ligaram para a Prefeitura Municipal e se passaram como servidores de uma instituição financeira e fizeram uma atualização do sistema. Assim que percebeu a fraude, o município registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil e providenciou o bloqueio de todas as contas junto a instituição financeira, para evitar novos ataques/danos", explicou.>
A administração municipal informou ainda que o dinheiro era de recursos financeiros reservados para investimentos, no valor de R$ 639 mil, porém, foi ressarcido ao município pela instituição financeira. "A Prefeitura de Santa Leopoldina informa também que dispõe de um moderno sistema segurança contra-ataques cibernéticos", complementou.>
Já em Apiacá, o prefeito Fabrício Thebaldi não soube informar o valor desviado da prefeitura, mas contou que a instituição financeira fez a devolução do dinheiro e o município não ficou no prejuízo. "O crime foi há mais ou menos três anos", lembrou. >
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