Cair em um golpe é, na maioria das vezes, nunca mais reaver o dinheiro perdido para os criminosos. Seja no golpe do falso sequestro ou do bilhete premiado, os golpistas utilizam o uso do nome de pessoas que nada tem a ver com a situação, os chamados laranjas, para receber o dinheiro da vítima e cancelam a conta após retirar o valor.
Essa estratégia dificulta a linha de investigação da polícia para rastrear o valor tomado da vítima. Não é fácil chegar ao dinheiro pois, na maioria das vezes, a conta é de um laranja. Após o depósito bancário, o dinheiro é retirado e a conta encerrada. Quando chegamos os autores conseguimos recuperar joias e pertences, mas dinheiro é mais complicado, mas não impossível, explicou o delegado chefe da Divisão de Repressão a Crimes Contra o Patrimônio, Fabiano Rosa.
Esta semana dois casos do golpe do falso sequestro chamaram atenção nos noticiários. Em deles foi na madrugada de quarta-feira, em Vila Velha, onde uma médica pediatra perdeu R$ 4 mil para criminosos que simulavam estar com a filha dela. Já na terça-feira, uma aposentada de 85 anos, moradora de Jardim da Penha, em Vitória, transferiu para contas de bandidos R$ 98 mil em dinheiro e entregou joias avaliadas em R$ 200 mil para supostamente salvar a filha refém de bandidos, sequestro que também nunca existiu.
Os dois casos foram encaminhados para a Delegacia Especializada de Falsificações e defraudações (Defa), que integra a Divisão de Repressão a Crimes Contra o Patrimônio (DRCCP). Valores como o da aposentada não são comuns, como aponta o delegado Fabiano Rosa. Em regra, os golpes são de valores menores, de R$ 3 mil a R$ 5 mil, quantias que podem ser sacadas ou mesmo transferência em caixas eletrônicos, observou.
DIVISÃO
De acordo com o delegado, como são crimes praticados por quadrilhas especializadas, o valor que recebem são divididos. São quadrilhas, ou seja, mais de uma pessoa participa desses golpes, não apenas aquele indivíduo que lida com a vítima diretamente. Assim que o conseguem concretizar o crime, os integrantes do bando dividem os valores, pontua.
Outro caso que dificulta a apuração da polícia é a comunicação errada do crime. "O 'falso sequestro' é uma extorsão, fica com uma equipe de policiais especializada nesse tipo de delito, gastam tempo e estrutura para lidar com essa linha de investigação. Mas, é muito comum no meio da investigação descobrir que se tratava de um golpe como o bilhete premiado, que é um estelionato, que poderia ter sido investigado por uma equipe policial dessa área. Há uma perda de tempo que prejudica todo o trabalho, explicou Rosa.
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