> >
Cada vez mais reais, armas falsas confundem até a polícia

Cada vez mais reais, armas falsas confundem até a polícia

Apreensão de armas de brinquedos e réplicas, cada vez mais parecidas com as verdadeiras, tem crescido. Polícia alerta para o risco de reagir

Publicado em 11 de junho de 2018 às 00:51

Arma falsa apreendida com ladrões em Vitória; semelhança confunde Crédito: Bianca Vailant

As fotos que estão na reportagem são de cópias quase perfeitas de armas verdadeiras. Muitas delas se igualam no formato, no peso, no tamanho e na cor, e têm sido a alternativa para assaltantes ameaçarem vítimas durante roubos.

As semelhanças são tantas que até quem está acostumado a lidar com as armas reais tem se surpreendido.

“Estão cada vez mais parecidas com as originais. Difícil identificar numa ação criminosa. Portanto, a reação não é o melhor caminho”, destacou o próprio comandante-geral da Polícia Militar, coronel Alexandre Ramalho, em uma postagem nas redes sociais na última semana. Ele exibiu a foto de uma réplica de pistola.

Na quinta-feira da semana passada, em Piúma, militares apreenderam um fuzil falso. No início de maio, dois bandidos que estavam praticando roubos no Bairro República e em Jardim da Penha, Vitória, foram detidos usando um réplica de pistola.

Até fuzil falsificado foi apreendido pela PM Crédito: Divulgação/Polícia Militar

Somente este ano, já foram apreendidas 230 armas falsas pela Polícia Militar, somente na Grande Vitória. No ano passado, de abril a dezembro foram 408. Nessa conta estão as réplicas, peças idênticas, mas que não possuem capacidade de disparar, e armas de brinquedo.

“A diferença visual é muito sutil”, observou o Coronel Antônio Marcos Souza Reis, que está a frente do Comando de Policiamento Ostensivo Metropolitano (CPOM).

Nos roubos, as falsas armas são utilizadas com a função específica de amedrontar a vítima. “Elas têm sido cada vez mais usadas como forma de intimidação contra pessoas em via pública, roubo em coletivos ou contra estabelecimentos comerciais. Isso é consequência do aumento de apreensões de armas de fogo pela Polícia Militar, que são mais custosas para os criminosos”, observou Coronel Souza Reis.

RISCOS

O comandante do CPOM, porém, se preocupa com a possível reação das pessoas rendidas nessas ações criminosas. “A população não tem noção se é um armamento real ou não, por isso não pode reagir acreditando que o assaltante está com uma arma falsa”, destacou.

A possibilidade de confrontos entre bandidos e policiais também é ampliada, segundo o coronel.

“É um risco para o bandido. Se ele estiver com um objeto destes e encontra o PM, o policial vai entender que é uma arma de fogo e qualquer movimento pode ser entendido como exposição da vida do militar em risco. Portanto, ele estará autorizado para progredir com o uso da força, podendo vir a alvejar o suspeito, uma vez que não é possível identificar de imediato que se trata de arma de fogo”, explicou o comandante do CPOM.

BÔNUS EM DINHEIRO PARA CADA APREENSÃO

Em todo o Estado, são apreendidas, em média, 3.500 armas de fogo por ano. Para incentivar e reconhecer o trabalho dos policiais que realizam essas apreensões, foi instituído há um ano o “Programa de Incentivo à Atuação Policial“, semelhante a um bônus que varia entre R$ 318,65 e R$ 955,95 por arma apreendida.

De agosto de 2017 a maio de 2018, foram pagos R$ 1.265.952 em bonificações por apreensões realizadas. “Esse programa é mais que uma ferramenta de estímulo. É um reconhecimento pelo bom serviço prestado à sociedade”, reforçou o secretário de Estado de Segurança Pública, coronel Nylton Rodrigues

“A arma é de brinquedo, mas para a vítima a violência é a mesma. Estamos focados nessas apreensões”, afirmou o secretário Crédito: João Paulo Rocetti

O coronel explicou que “a remuneração varia de acordo com o potencial ofensivo da arma apreendida”. Para as munições, a bonificação varia de R$ 3,18, por munição de calibre permitido, a R$ 9,55 para as de calibre restrito. Só nos primeiros quatro meses de 2018, foram apreendidas, segundo o secretário, 1.200 armas de fogo.

Armas falsas

Apesar de o Programa de Incentivo à Atuação Policial não considerar para conceder as bonificações as apreensões de armas de brinquedo e réplicas de armas de fogo, o número de apreensões aumenta ano após ano.

“A legislação é frouxa. O bandido usa uma arma de brinquedo para assaltar e quando pegamos na rua, a legislação não permite uma ação da polícia. A falta de legislação para esse assunto gera a sensação de impunidade”, criticou Nylton. Somente nos

Este vídeo pode te interessar

  • Viu algum erro?
  • Fale com a redação

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais