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Adolescente é arrastada por carro durante protesto contra morte de pintor em Vitória

Adolescente é arrastada por carro durante protesto contra morte de pintor em Vitória

Motorista furou bloqueio na Rodovia Serafim Derenzi, no bairro Grande Vitória, durante manifestação pedidndo justiça  pela morte de  Fernando da Silva Santos, de 32 anos, baleado por soldado da PM

Publicado em 24 de novembro de 2025 às 10:32

Um motorista furou bloqueio de um protesto e atropelou uma mulher na manhã desta segunda-feira, na Grande Vitória.

Uma adolescente de 16 anos foi arrastada por um carro após um motorista furar um bloqueio feito por familiares e amigos do pintor Fernando da Silva Santos, de 32 anos, durante uma manifestação na Rodovia Serafim Derenzi, no bairro Grande Vitória, na manhã desta segunda-feira (24). O grupo protestava contra a morte de Fernando, baleado por um soldado da Polícia Militar no dia 16 de novembro.

Segundo a Guarda Civil Municipal de Vitória, o carro de passeio avançou sobre os manifestantes, vindo a atingir a adolescente. A vítima não teve ferimentos e dispensou o atendimento médico no local. 

Ainda de acordo com a Guarda, o condutor fugiu com o veículo, mas o carro foi identificado e o motorista foi notificado por dirigir ameaçando os pedestres, recebendo infração gravíssima, 7 pontos na CNH e suspensão do direito de dirigir. A equipe realizará o registro do Boletim de Ocorrência na Delegacia de Delitos de Trânsito. O trânsito no local já foi normalizado.

A manifestação

A mãe do pintor, identificada como Zenir, conversou com o repórter Diony Silva, da TV Gazeta, e afirmou que o filho era trabalhador, não estava armado e não reagiu à abordagem.

Matou meu filho a sangue-frio. Não matou um vagabundo, matou um trabalhador injustamente. Meu filho não merecia morrer injustamente

Zenir

Mãe do pintor
Familiares e amigos de pintor morto protestam em Vitória por Diony Silva

Devido à manifestação, o trânsito ficou lento nos dois sentidos da via — tanto em direção ao Centro de Vitória quanto para Maruípe.

No dia 17 de novembro, a reportagem procurou a PM para saber se a ação do soldado será investigada, e a corporação disse que "a Corregedoria da Polícia Militar reforça seu compromisso com a transparência e com a prestação de informações aos veículos de imprensa. Todas as denúncias que envolvem policiais militares, durante a execução do serviço ou não, são devidamente apuradas pela Corporação. Todos os procedimentos legais são garantidos às partes envolvidas, assegurando a lisura das apurações. Sobre os questionamentos, a Corregedoria informa que tem ciência do fato e que todas as medidas cabíveis serão adotadas para apurar o caso e verificar o grau de envolvimento do policial militar citado".

Já a Polícia Civil informou que o policial militar, conduzido à Delegacia Regional de Vitória, foi ouvido e liberado, já que a autoridade policial entendeu que o militar agiu em legítima defesa. A corporação destacou que o caso seguirá sob investigação.

As corporações foram procuradas nesta segunda-feira (24) para atualizações do caso e, assim que houver retorno, o texto será atualizado.

Familiares e amigos do pintor morto por um PM no bairro Grande Vitória fecharam a via e protestam na manhã desta segunda-feira, na capital

Entenda o caso 

Fernando da Silva Santos, de 32 anos, morto no bairro Grande Vitória
Fernando da Silva Santos, de 32 anos, morto no bairro Grande Vitória Crédito: Acervo familiar

Um dia após o crime, familiares conversaram com o repórter André Afonso, da TV Gazeta, e afirmaram Fernando estava na festa de um parente quando um penetra apareceu. Os dois teriam começado a discutir até que o homem jogou cerveja no rosto do pintor, momento em que eles começaram a brigar.

Ainda de acordo com a família, o penetra deixou o local. A suspeita dos parentes é que ele tenha ido chamar outro homem — o policial militar —, que apareceu em seguida, armado e em uma motocicleta, e disparou contra Fernando. Segundo a perícia, o pintor foi atingido nas costas, no braço, no tórax e no rosto.

"Com certeza ele (o penetra) deve ter chamado o cara (o policial). Depois da discussão ele apareceu, minha irmã viu eles chegando e procurando pelo Fernando. Meu filho era muito querido, trabalhador, todo mundo lá ficou revoltado. O que eu quero agora é que, quem fez, pague. Só quero justiça", disse o pai de Fernando, em entrevista à TV Gazeta. Por segurança, ele preferiu não se identificar.

Outra versão

O soldado da PM deu outra versão sobre o caso. Conforme o boletim de ocorrência, ele afirmou que estava na casa de um tio quando saiu, de motocicleta, e viu Fernando na rua com uma pistola na mão. O agente disse que "se abrigou e verbalizou que se tratava de um policial militar, que era para soltar o armamento e deitar no chão, porém, as ordens não foram atendidas e ele foi ao encontro do militar ainda com o armamento nas mãos". O policial contou que, nesse momento, atirou contra o pintor.

O militar afirmou que recolheu a arma que seria de Fernando e viu que era falsa. Ele pediu apoio via 190. Houve um princípio de confusão da rua, mas foi controlado.

Terceira versão em relato de testemunha

Outra versão é de uma testemunha ouvida pelos policiais atenderam a ocorrência. Segundo o boletim, uma pessoa descreveu que, mais cedo, Fernando teria agredido e ameaçado um homem, e, em seguida, teria voltado com uma arma na mão, momento em que o soldado apareceu. Ela também relatou que o pintor não teria obedecido à ordem do militar para soltar o armamento.

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