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Tragédia em Linhares: em protesto, mulheres pedem leis mais duras

Tragédia em Linhares: em protesto, mulheres pedem leis mais duras

Uma das organizadoras conheceu a pastora Juliana Sales quando foi levar a filha caçula, que morreu, a uma consulta médica em um hospital da cidade

Publicado em 1 de julho de 2018 às 22:03

Mulheres organizaram protesto para pedir justiça em Linhares Crédito: Reprodução/Facebook

Um grupo de mulheres organizou um protesto em Linhares, região Norte do Estado, para pedir justiça pela morte dos irmãos Joaquim Alves, 3 anos e Kauã Sales, 6 anos. 

O protesto começou por volta das 15 horas deste domingo (01). As manifestantes saíram da Praça 22 de agosto, no Centro da Cidade, e caminharam até a casa onde as crianças moravam. O grupo levava faixa, cartazes e bolas e roupas brancas pedindo por justiça.

As crianças foram mortas no dia 21 de abril e as investigações da Polícia Civil apontaram que os dois irmãos foram violentados sexualmente, agredidos e depois assassinados na casa onde moravam no Centro de Linhares por Geogerval Alves Gonçalves, que era pai de Joaquim e padrasto de Kauã. 

O pastor está preso, desde o dia 28 de abril, na Penitenciária de Viana II, na Grande Vitória. Já a mãe das crianças, a pastora Juliana Sales foi presa em Teófilo Otoni, Minas Gerais, em 19 de junho, após denúncia do Ministério Público de conduta omissiva que culminou na morte das crianças.

"O intuito é chamar a atenção do poder público. Queremos mudanças nas leis. Hoje foi aqui, antes ocorreu  em Vitória com a menina Thayná. Queremos uma justiça mais rigorosa com essas pessoas que cometem esses crimes hediondos, sem regalias ou benefícios", disse uma das manifestantes, que não quis se identificar.

AMIZADE NAS REDES SOCIAIS

Uma das organizadoras do protesto, uma dona de casa de 28 anos, que também preferiu não se identificar, disse que conheceu Juliana Sales, a mãe das crianças, em um hospital quando as duas procuravam atendimento médico para os filhos. As duas se tornaram colegas nas redes sociais.

"Eu vi a Juliana uma vez, quando fui levar meu filho no hospital em Linhares, no início de 2016. Meu filho tinha 6 meses e nós começamos a conversar enquanto esperávamos por atendimento médico. Ela estava com a menina mais nova nos braços, que morreu pouco tempo depois. Ela me disse que era pastora de uma Igreja e, depois da conversa, nos adicionamos no Facebook, mas não chegamos a conversar mais", disse.

Através das postagens de Juliana Sales nas redes sociais, convidando as pessoas a comparecerem nos cultos da Igreja Batista Vida e Paz, a dona de casa disse que resolveu ir, mas sem avisar a pastora.

"Via algumas pessoas comentando sobre a Igreja deles e algumas postagem que ela fazia, inclusive pedindo oração para a filha que estava internada. Pouco tempo depois, a filha deles morreu e vi outras postagens chamando as pessoas para frequentarem os cultos na Igreja. Em maio de 2017, através de um desses convites, eu fui em dois cultos lá", contou.

"Eles pareciam ser uma família feliz"

A dona de casa informou que foi ao culto com o filho, que tem a mesma idade de Joaquim, de 3 anos e não viu nada de anormal.

"Quando eu cheguei, pegaram meu bebê, que tem a idade do Joaquim, e levaram ele para um espaço de crianças, para que eu pudesse prestar atenção no culto. Não vi nada de diferente das outras igrejas, parecia ser um culto normal. Nessa época, eu estava visitando várias igrejas também. Lembro que o George pregava muito bem e parecia conhecer a palavra. Antes do culto terminar, eles entregaram meu filho, porque estava chorando muito. O ambiente da igreja era diferente, eles apagavam as luzes e fica uma só acesa, bem clarinha. Quando perguntaram se tinha algum visitante, eu fiquei quieta, porque tive vergonha de falar. Cheguei a ir em dois cultos, mas não falei com a Juliana. Cheguei, participei e fui embora", disse.

Quando estava em um dos cultos, a dona de casa lembrou que chegou a ver Kauã e Joaquim brincando na Igreja.

"Durante o culto, vi as crianças correndo e brincando na beira do palco. Também via os vídeos dos meninos que a Juliana postava nas redes sociais. Parecia ser uma família feliz. Nunca passou pela minha cabeça uma coisa dessas acontecer, muito menos que ele seria um falso pastor. A gente se sente enganada", finalizou.

 

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