Publicado em 5 de julho de 2019 às 21:58
Alface, cebolinha, abóbora, cenoura A plantação começou pequena e servia apenas de terapia para presidiários de idade avançada. Agora, quatro anos depois, a horta cultivada por detentos da Penitenciária de Segurança Média de Colatina alimenta pessoas de três instituições filantrópicas da cidade, localizada na Região Noroeste do Espírito Santo.>
A boa qualidade da terra, que fica entre as estruturas e celas da unidade, foi descoberta pelos próprios detentos em 2015. Naquela época, toda a produção era doada para os familiares dos presidiários, que saiam com sacolas cheias de alimentos fresquinhos, após as visitas feitas durante os finais de semana.>
Graças à ajuda de produtores capixabas que doam adubo, mudas e sementes além, é claro, do trabalho dos detentos a horta cresceu e produz um ótimo exemplo de solidariedade. É bom para os presos que aprendem valores importantes; para nós enquanto entidade ressocializadora; e para quem recebe os alimentos, resumiu o diretor da unidade, Mário Giuizatto.>
EDÍLSON, HIGOR, THIAGO E RUBENS>
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Atualmente, são as mãos destes quatro homens que mexem na terra e fazem crescer as hortaliças, verduras e legumes da Penitenciária de Segurança Média de Colatina. Em comum, eles tem o sentimento de gratidão por poderem estar na horta e, por consequência, a esperança de voltarem logo para casa, já que o trabalho traz redução à pena.>
Eu conto os dias até a data que poderei voltar para perto da minha família. Faltam 18 meses. Trabalhando, esse tempo passa mais rápido, revelou Rubens Chiabai, que aprendeu a trabalhar na cadeia. Isso mudou a minha vida, abriu a minha mente. De manhã estou na horta e à tarde trabalho na nossa lavanderia, contou.>
Além do fato de que três dias trabalhados representam um a menos na cadeia, estar ao ar livre também contribui para bons sentimentos. Aqui eu me sinto em liberdade, cumprindo regras e trabalhando. Sou muito agradecido por ter esse espaço, pois sinto que sou útil. É muito melhor do que ficar trancado na cela, resumiu Thiago Stange.>
Antes desta oportunidade na horta da penitenciária, Higor Bragatto nunca havia trabalhado. Sempre fiz coisa errada e fui preso com 18 anos. Hoje, estou com 23. Nunca imaginei que pudesse ter uma perspectiva de vida melhor ao vir para a cadeia. É uma nova chance para fazer tudo diferente. Quando sair, topo qualquer trabalho honesto, disse.>
PROJETO EM EXPANSÃO>
Apesar de já estar em ação, Edílson de Souza representa, como nenhum outro presidiário, a próxima etapa do projeto: a produção de tomate. Já trabalhei 20 anos com isso. Agora vou ensinar aos outros colegas como produzir. A terra aqui é excelente. Com certeza vamos ter uma ótima colheita, garantiu.>
Diretor da penitenciária, Mário Giuizatto explicou como acontecerá o crescimento. O tomate que for produzido aqui será vendido pelo CEASA de Colatina e o valor arrecadado irá para uma conta bancária criada pelo Estado. Uma parte desse dinheiro vai para a família dos detentos, e outra poderá ser usada por eles próprios quando estiverem livres.>
A SOCIEDADE AGRADECE>
Já que a alimentação dos 540 detentos da penitenciária é feita por meio de uma empresa terceirizada, quem ganha com a expansão da horta é a própria sociedade que, assim como a família dos presos, passou a receber os alimentos frescos e sem agrotóxicos, produzidos artesanalmente, na contramão do mundo.>
A doação começou em março deste ano e tem como destino três endereços: a Escola Municipal de Ensino Fundamental Carlos Germano Naumann Filho, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Colatina e o Asilo Vovô Simeão. Ou seja, pessoas de todas as idades acabam beneficiadas.>
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