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Verba para manutenção da Ufes no mês cai quase pela metade

Verba para manutenção da Ufes no mês cai quase pela metade

Repasse federal que estava sendo de R$ 7,5 milhões foi de R$ 4 milhões em julho

Publicado em 15 de julho de 2019 às 23:18

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(Facebook/Ufes)

Desde o início do ano a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) sofre com perdas no orçamento que colocam em risco o corte de serviços que vão de limpeza à segurança da instituição. Nesse mês, o Ministério da Educação (MEC) repassou quase metade do que subsidiou de janeiro a junho deste ano, fazendo com que a administração tenha até que deixar de pagar alguns boletos se o cenário não for revertido. “Se eles não repuserem o que está faltando, vamos deixar de pagar conta”, enfatiza o pró-reitor de Planejamento da Ufes, Anilton Salles Garcia.

Ele conta que no primeiro semestre deste ano a universidade recebeu, por mês, algo em torno de R$ 7,5 milhões para se manter. Esse dinheiro era, exclusivamente, para custear manutenção, limpeza, segurança e conservação patrimonial da Ufes. No entanto, em julho, o valor que bateu na conta da instituição federal, até agora, foi de pouco mais de R$ 4 milhões - o que representa uma redução de cerca de 47%. Anilton e um grupo de representantes da federal capixaba estiveram em Brasília e voltaram a Vitória nesta segunda (15) para debater sobre as contas.

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Não sabemos quanto vamos receber mês que vem e se vamos receber mais alguma coisa neste mês, que já está deficitário. Estamos sem planejamento

Anilton Salles Garcia, pró-reitor de Planejamento da Ufes
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Para 2019, o orçamento da Ufes é de cerca de R$ 926 milhões. Ele é dividido em três áreas, sendo: pessoal (R$ 800 milhões), investimentos (R$ 6 milhões) e custeio (R$ 120 milhões). Em custeio, além de limpeza e segurança, também está incluída verba para assistência estudantil, mas esse recurso não será diminuído. O contingenciamento de 30% é para o que sobra, ou seja, em cima de R$ 69 milhões, resultando na queda de R$ 20 milhões para as despesas de manutenção da instituição, já que não é possível cortar o pagamento do pessoal – incluindo os aposentados.

“Nós mostramos que não tem nem como pagar as contas com o valor que foi repassado. Os cerca de R$ 7,5 milhões que entravam, mês a mês, já era todo usado nas contas, não sobrava nada, então realmente não tem como fazer nada”, diz, indicando que o pior é a incerteza dos pagamentos: “A gente não sabe quanto vai receber mês que vem e não sabemos se vamos receber mais alguma coisa neste mês, que já está deficitário. Isso faz com que a gente não tenha planejamento nenhum, porque não temos uma resposta do MEC”.

De acordo com o pró-reitor de Planejamento da Ufes, nem na reunião os líderes tiveram um posicionamento objetivo da pasta federal. Por isso, não sabem dizer como será até o fim do ano. “Nós não vamos impactar os alunos de nenhuma forma agressiva neste ano. Mas, se continuar assim, teremos que avaliar novos cortes para 2020, porque não vai dar para sustentar”, fala.

Segundo Anilton, um ofício será encaminhado a Brasília nos próximos dias para que, no fim deste mês, ele e os representantes da Ufes consigam ir ao MEC para uma nova reunião. “E aí esperamos que a gente tenha respostas mais decisivas”, conclui.

O gestor explica que esse valor compreende apenas o que é gasto com a manutenção da Ufes. Por esse motivo, o dinheiro gasto com pessoal – que representa a maior parte do orçamento da universidade – não é afetado. Por enquanto, nada mais será cortado. "Nós já mexemos no contrato de vigilância, de limpeza, de manutenção de área verde e, a priori, iremos continuar mexendo nesses contratos se precisarmos cortar mais”, detalha.

80% A MENOS PARA INVESTIR

Até agora, era para o Ministério da Educação (MEC) já ter repassado algo em torno de R$ 6,5 milhões para a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). No entanto, só foram repassados cerca de R$ 1,2 milhão e sem regularidade.

Segundo o pró-reitor de Planejamento, Anilton Salles Garcia, no primeiro semestre inteiro a pasta repassou R$ 636 mil e, só em julho, outro repasse de R$ 636 mil foi feito. “Ou seja, não tem como ter o menor planejamento, também. Fora que com esse valor, perto do que era para receber, não tem a menor condição de a gente pensar em alguma coisa”, dispara.

Ele esclarece que na nova reunião que terão em Brasília, no fim deste mês, esse tema será tratado de forma especial, já que ele está gastando tempo negociando com o MEC ao invés de planejar novas ações para os universitários. “É um gasto de energia enorme só para negociar e cobrar os repasses. E não só meu. É meu, do reitor, de outros representantes… E ficamos sem resposta”, lamenta, reiterando: “A universidade não tem nenhuma capacidade de investimento em 2019”.

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Para o pró-reitor de Planejamento da Ufes, o contingenciamento é bastante considerável e o cenário não vai conseguir ser mantido por muito tempo: “O problema maior, na nossa avaliação, é a falta de definição do governo federal. Nós não temos uma resposta objetiva ou uma definição, mesmo, de como será. Esse mês eles liberaram esse valor. Vai liberar mais? E mês que vem? É muita insegurança”.

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