> >
Uso de celular ao volante rende 50 multas por dia no Espírito Santo

Uso de celular ao volante rende 50 multas por dia no Espírito Santo

Em cinco meses, foram mais de 7 mil ocorrências registradas

Publicado em 25 de junho de 2019 às 02:21

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Condutor mexe em celular, infração que rende sete pontos na CNH. (Ricardo Medeiros)

Todos os dias, no Estado, uma média de 50 multas são aplicadas em motoristas por falar ao celular ou manusear o aparelho para envio de mensagens e dar aquela conferida nas redes sociais. De janeiro a maio deste ano, 7.480 infrações dessa natureza foram registradas pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran).

“O uso de celular ao volante é nocivo, embora muitas pessoas não entendam dessa forma”, ressalta Édina de Almeida Poleto, diretora técnica do órgão.

Os números caíram se comparados aos dois últimos anos (12.440, em 2017, e 9.693, em 2018), mas isso não significa necessariamente tomada de consciência dos motoristas. Para Paulo André Cirino, advogado especialista em trânsito, ter mais ou menos ocorrências pode estar diretamente relacionado à fiscalização.

Desde o final de 2016, segurar ou manusear o celular tornou-se infração gravíssima, com perda de sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e multa de R$ 293,47. Mas o valor é considerado baixo a ponto de inibir a prática.

O uso de celular ao volante é um problema que, segundo o professor de Direito Carlos Magno Moulin Lima, atravessa fronteiras. Mas em Portugal, por exemplo, a multa para quem é flagrado pode chegar a 600 euros (em torno de R$ 2,7 mil) numa tentativa de inibir a infração. Na Alemanha, por outro lado, a penalidade é um pouco menor, mas tem menos pessoas cometendo esse tipo de infração.

“É um problema que ocorre em todo mundo, mas a realidade de cada país está muito relacionada à conscientização das pessoas sobre o risco de dirigir enquanto usa o celular. Acredito que aqui a punição deveria ser maior, ao mesmo tempo que as campanhas deveriam ser reforçadas”, sustenta.

Para ele, as ações educativas deveriam ser de mais impacto, a exemplo das que são feitas para motoristas que dirigem após beber. “É preciso que as pessoas estejam realmente cientes de que o risco é para elas e para todos a sua volta. Não é só questão de prejuízo material, caso aconteça uma batida. O uso do celular pode implicar em um atropelamento, uma morte. Essa consciência precisa ser difundida para que ninguém faça o uso do celular enquanto está dirigindo”, destaca.

GRANDE VITÓRIA

Em Vitória, dirigir veículo segurando telefone celular ficou em segundo lugar no ranking de infrações registradas pelo município, de janeiro a abril deste ano. Foram 1.497 ocorrências, o equivalente a 11,14% do total de autuações. Manusear o celular teve um volume menor – 223 casos – mas ainda aparece entre as 15 principais infrações.

No município de Vila Velha, o manuseio do celular – para acessar redes sociais e aplicativos – é infração mais recorrente do que segurar o aparelho para falar. No primeiro caso, houve 345 autuações de janeiro até o dia de ontem, representando 4,89% das infrações e o 5º lugar no ranking. Já no segundo tipo de infração foram registradas 208 ocorrências (2,95% do total).

Na Serra, por sua vez, dirigir segurando celular aparece como a 10ª infração mais frequente entre os motoristas que circularam pelo município neste ano.

ALTO-FALANTE TAMBÉM PODE GERAR PENALIDADE

Sem regulamentação no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), o bluetooth (tecnologia de comunicação sem fio para transmissão de dados) é muitas vezes utilizado como alternativa para quem quer falar ao celular enquanto dirige. Contudo, nem sempre o motorista estará livre da punição se usar esse recurso de forma inadequada. E mais grave: essa tecnologia também pode tirar a atenção do motorista para o trânsito.

A diretora técnica do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), Édina de Almeida Poleto afirma que, por não existir regulamentação, muitas pessoas partem do pressuposto de que, se não está proibido, é permitido.

“Os agentes de trânsito orientam que, se é para fazer uso de qualquer aplicativo, que seja enquanto não está dirigindo, antes de sair de casa por exemplo. Depois, se entenderem que está usando o celular para falar ou manuseando o aparelho, eles podem multar”, explica.

Advogado especialista em trânsito, Paulo André Cirino diz que, no alto-falante do carro, é possível utilizar o bluetooth sem penalidade. Mas, se usar fone de ouvido, o motorista pode ser autuado por desrespeito ao artigo 252 do Código de Trânsito Brasileiro (CTN).

Para o professor Manoel Rodrigues, especialista em trânsito, utilizar-se de um recurso ou outro - fone de ouvido ou viva-voz do carro - é um risco. “O motorista não perde apenas a noção auditiva do trânsito como desvia a atenção daquilo que está fazendo para o assunto da conversa”, avalia Rodrigues.

Opinião semelhante tem Édina de Almeida. “Qualquer coisa que distraia o motorista, que tire sua atenção do trânsito, é um perigo. Cognitivo, visual, auditivo, tudo tem que estar focado no trânsito. Um segundo de desatenção pode significar um acidente, pode colocar uma vida em risco.”

O QUE DIZ O CÓDIGO DE TRÂNSITO

Sem as mãos

Dirigir o veículo com apenas uma das mãos ou utilizando-se de fones nos ouvidos conectados a aparelho de som ou telefone celular. A infração é média, com perda de 4 pontos na carteira de habilitação, e multa de R$ 195,23.

Gravíssima

Dirigir o carro segurando ou manuseando o celular (para mensagens em redes sociais, utilização de aplicativos) tornou-se infração gravíssima, com multa de R$ 293,47 e perda de sete pontos na CNH.

Bluetooth

Este vídeo pode te interessar

Não há regulamentação no Código de Trânsito sobre a utilização da tecnologia. Mas é admitido o uso de recurso que a comunicação seja feita pelo alto-faltante do carro. Mas especialistas avaliam que também oferece risco por desatenção, embora seja equivalente a conversar com uma pessoa sentada no banco do passageiro.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais