> >
Polícia investiga denúncias de lesão corporal em clínica de cirurgia plástica no ES

Polícia investiga denúncias de lesão corporal em clínica de cirurgia plástica no ES

Pacientes relatam problemas que tiveram após a realização de cirurgias plásticas feitas pelo médico Renato Harckbart Carvalho; casos chegaram ao MPES e à Polícia Civil, que investiga as denúncias

Publicado em 7 de maio de 2025 às 13:38

Clínica do médico Renato Harckbart, em Cachoeiro de Itapemirim
Clínica do médico Renato Harckbart, em Cachoeiro de Itapemirim Crédito: Filipe Vargas

A Polícia Civil investiga suspeitas de lesão corporal denunciadas por pacientes que fizeram cirurgia plástica com o médico Renato Harckbart Carvalho, na clínica do profissional, em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo. No dia 24 de abril deste ano, o estabelecimento chegou a ser interditado pela Vigilância Sanitária Municipal após denúncias.

Pacientes do cirurgião plástico denunciaram que tiveram problemas de saúde após as cirurgias. Uma delas é a aposentada Ruti Leia Marques, de 56 anos, que está internada há dois meses em um hospital no município. Ela conversou com o repórter Matheus Passos, da TV Gazeta Sul, mas pediu para não mostrar o rosco. Em entrevista, contou que começou a se sentir mal logo após a cirurgia no abdômen realizada no início de 2025.

É complicado você olhar para baixo e ver dois buracos na sua barriga. Uma cirurgia que cabia a mão de um homem dentro. Quando acordei da cirurgia, já estava me sentindo muito mal, sufocada, com falta de ar

Ruti Leia Marques

Aposentada e uma das pacientes da clínica

A família da paciente registrou um boletim de ocorrência. Segundo a Polícia Civil, o caso segue em investigação pela Delegacia de Infrações Penais e está sob em sigilo.

Além do caso da Rute Leia, outras cinco denúncias foram feitas à Polícia Civil. Na tentativa de reparar os danos de uma cirurgia plástica que fez com o médico Renato Harckbart Carvalho, Marlucia Santos contou à reportagem que passou por mais quatro procedimentos.

Marlucia Santos, dona de casa
Marlucia Santos, dona de casa Crédito: Matheus Martins e Filipe Vargas

Eu passei por quatro cirurgias de reparo e não deram certo. Fiquei por dois anos com cicatrizes abrindo e voltava para consultório, medicações, voltava para o hospital

Marlucia Santos

Paciente do médico

A servidora pública Eduarda Castilho também afirma que ainda vive o trauma das sequelas sofridas após o procedimento realizado na clínica em 2020. “Foi esse o trauma. É psicológico, é emocional, e a autoestima que não volta. Enfim, tomar ansiolítico agora, por que é horrível olhar para o espelho, não vou mais a praia. É muito doloroso”, desabafou.

Servidora pública, Eduarda Castilho
Servidora pública, Eduarda Castilho Crédito: Matheus Martins e Filipe Vargas

A advogada Luana Gasparini, que representa as mulheres que afirmam ser vítimas de procedimentos realizados pelo médico, denunciou os caso ao Ministério Público do Espírito Santo (MPES).

Essas pacientes elas chegam a quase morte, são mutiladas de alguma forma e o sonho que era de uma cirurgia plástica acaba virando um pesadelo

Luana Gasparini

Advogada das denunciantes

O advogado Fábio Marçal, que faz a defesa de Renato Harckbart Carvalho, informou que três denuncias esperam resposta do Ministério Público do Espírito Santo (MPES) e duas foram arquivadas. “O que se tem é fotos de internet e propagação de internet de imagens fortíssimas, de pós operatórios de uma intercorrência pôs operatória. Ele responderá de maneira técnica aonde for intimado a esclarecer”, afirmou.

Ministério Público

O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) também apura o caso e abriu uma Notícia de Fato, que é um ponto de partida, um procedimento inicial para reunir informações e ajudar o promotor a decidir se existem elementos suficientes para uma investigação ou não. O órgão pediu informações a um dos hospitais que atendeu a paciente Ruti Leia, e encaminhou o caso ao Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES).

O que diz o CRM-ES

Procurado pela reportagem, o CRM-ES informou, em nota, que "não se manifesta sobre casos concretos. Os trâmites de sindicância e eventuais Processos Ético-Profissionais correm sob segredo de Justiça, conforme estabelece o Código de Processo Ético Profissional".

Orientamos que eventuais atualizações sobre o caso sejam solicitadas diretamente ao órgão responsável da Vigilância Sanitária, que poderá fornecer informações dentro dos limites legais. Permanecemos à disposição para esclarecimentos institucionais gerais.

Interdição

Em decorrência das denúncias de clientes, a pedido do Ministério Público, a Vigilância Sanitária de Cachoeiro visitou o espaço médico e decidiu pela interdição do local. Por nota, o órgão explicou que não havia alvará sanitário válido, e que foram encontradas “não conformidades dos instrumentos utilizados na clínica".

Na ocasião também foi emitido um auto de infração, que ainda pode ser contestado em 15 dias. “Após esse prazo o município estabelece o valor da multa da infração”, informou. A desinterdição ocorreu na última semana e indica, segundo a Vigilância Sanitária da cidade, que os problemas foram sanados. Mas o órgão assinalou que ainda há pontos que o profissional médico tem que corrigir, dentro do prazo dado na notificação.

Clínica foi alvo de desvio milionário

A clínica do cirurgião plástico Renato Harckbart Carvalho também foi alvo de um desvio milionário de recursos. O caso foi divulgado pela colunista Vilmara Fernandes, de A Gazeta. A conclusão de um inquérito policial, já encaminhado à Justiça do Espírito Santo, responsabiliza os cinco por supostos crimes como estelionato, apropriação indébita, associação criminosa e lavagem de dinheiro.

Com informações de Matheus Passos, da TV Gazeta Sul

  • Viu algum erro?
  • Fale com a redação

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais