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UFES tem gasto maior que 76 municípios do Espírito Santo

UFES tem gasto maior que 76 municípios do Espírito Santo

Instituição só não teve mais despesas que Vitória e Serra, em 2017

Publicado em 31 de julho de 2018 às 02:14

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Campus de Goiabeiras, em Vitória: universidade gastou R$ 906 milhões no ano passado. (Edson Chagas)

O gasto de R$ 906 milhões da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) em 2017 foi maior que as despesas de 76 municípios do Espírito Santo, com exceção de Vitória e da Serra. Vila Velha, por exemplo, terceiro na lista, com mais de 480 mil habitantes, gastou R$ 777 milhões no ano passado, segundo dados do Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo (TCE-ES).

De acordo com o site da Ufes, são 27.282 pessoas que circulam nos quatro campi da instituição entre alunos, professores e servidores técnico-administrativos. Na comparação, Mimoso do Sul, no Sul to Estado, que tem 27.388 habitantes – apenas 106 pessoas a mais do que na instituição –, a administração municipal teve despesa de R$ 63 milhões. Ou seja, a cidade inteira gastou no ano passado cerca de R$ 842 milhões a menos que a universidade.

EMENDAS

Apesar do alto volume de gastos, a universidade tem recorrido cada vez mais a emendas parlamentares para ajudar a manter os gastos com investimento e custeio (manutenção). Ano passado, essa foi a origem R$ 1,3 milhão dos valores gastos da instituição. Foram 74,9% a mais que em 2016, quando o valor foi de R$ 745 mil.

Os dados são do Tesouro Gerencial, do governo federal. Os valores das despesas revelam que houve uma mudança no tipo de uso que a universidade faz desses recursos. Se em 2015 e em 2016 o dinheiro era usado para investimento (obras e novos equipamentos, por exemplo), em 2017 foi utilizado também para custeio (limpeza, contas de luz, segurança e apoio ao ensino).

Dentre os valores disponibilizados em 2017 com as emendas, o gasto com custeio foi de R$ 576 mil, sendo a maior parte com serviços de apoio ao ensino, no valor de R$ 521 mil. Já o gasto com investimento foi de R$ 728 mil, sendo o maior gasto com obras em andamento, no valor de R$ 300 mil.

Segundo o economista Eduardo Araújo, o valor proveniente das emendas é baixo em relação ao valor global de gastos da universidade, de R$ 906 milhões e a outras fontes de recursos. No entanto, o uso de emendas parlamentares no custeio de despesas essenciais no lugar dos investimentos pode traduzir o cenário de restrição orçamentária enfrentado pela universidade.

“Embora os recursos representem parcela pequena, o risco é que a descontinuidade desses repasses possam afetar ainda mais os continuidade de serviços. Até porque essa fonte é incerta, pois depende de decisão política e relacionamento com parlamentares.”

ESTUDANTE CUSTA R$ 35 MIL À UNIVERSIDADE POR ANO

O gasto médio por estudante é de R$ 35 mil/ano, segundo Ministério da Educação. O valor é alto comparado a outras instituições privadas, mas paradoxalmente pequeno em relação à muitas universidades públicas, por exemplo, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que gastam R$ 51 e R$ 71 mil por aluno, respectivamente.

“A maior despesa é com folha de pagamento, que já consome 84% do orçamento. Esse gasto deve crescer nos próximos anos devido à tendência de expansão de aposentadorias e necessidade de novas contratações”, pontua o economista Eduardo Araújo.

O economista explica ainda que o valor dos gastos da instituição é financiado principalmente com tributos que são pagos pela sociedade, entre outras coisas.

REDUÇÃO

Eduardo Araújo elenca o que poderia ajudar a diminuir a despesa. “O uso de regras mais flexíveis para desligamento de servidores improdutivos poderia ajudar a reduzir gastos. Além disso, instituir cobranças de tarifas de quem possui capacidade de pagamento ajudaria a gerar receitas para evitar o sucateamento das universidades públicas”, destaca o economista. E completa: “É preciso investir em educação, mas é fundamental avaliar a eficácia do gasto público”.

 

 

CORTE DE DESPESAS REFLETE NO COTIDIANO DO CAMPUS

Marina tem medo de andar sozinha na universidade. (Fernando Madeira)

A dificuldade da Ufes em manter as contas em dia, principalmente nos gastos de custeio (manutenção, limpeza, segurança, entre outras coisas) tem refletido na rotina dos alunos.

O Restaurante Universitário ficou mais caro (a refeição passou de R$ 1,50 para R$ 5) e alunos também reclamam de problemas com segurança e iluminação.

A estudante de Filosofia Marina Morais, 21, estuda no período noturno e tem receio de andar sozinha no campus de Goiabeiras, em Vitória, sozinha. Ela sofreu uma tentativa de assalto este ano. “Venho notando que a Ufes está com menos iluminação. Estou com medo de andar à noite sozinha.”

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Os gastos na área de segurança caíram quase pela metade. A despesa da instituição na área reduziu em 48,5% de um ano para o outro. Em 2017, foram investidos R$ 3,7 milhões, enquanto que em 2016, foram R$ 7,2 milhões, segundo dados do Tesouro Gerencial.

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