A Romaria dos Homens é um dos momentos mais esperados da Festa de Nossa Senhora da Penha. A peregrinação reúne uma multidão de fiéis que sai da Catedral de Vitória e vai até o Parque da Prainha, em Vila Velha, percorrendo mais 14 quilômetros a pé. O percurso feito à noite, como é hoje, completa 60 anos de história este ano e guarda diversas curiosidades.
A caminhada deste ano acontece na noite deste sábado (7) , a partir das 19 horas. Ela foi introduzida na Festa da Penha, maior evento religioso do Espírito Santo, em 1955. Aconteceu em um sábado, mas durante o dia. A partir de 1958, por determinação do bispo da Arquidiocese de Vitória na época, Dom João Batista, a romaria passou a ser noturna, saindo às 20 horas da Praça da Catedral de Vitória até o Campinho do Santuário, passando pela Vila Rubim, São Torquato e Avenida Carlos Lindenberg.
Nessa época um fato curioso chamava a atenção: ao chegar em procissão na portão do convento a multidão era separada. Somente os homens podiam subir até o santuário com a imagem de Nossa Senhora da Penha, onde acontecia a missa celebrada pelo bispo. Os frades faziam a organização da entrada dos fiéis do sexo masculino. A turma diz que os frades ficavam lá embaixo no portão dizendo para mulher não entrar, disse o guardião do Convento, Paulo Roberto Pereira.
De acordo com o frei Paulo, o contexto histórico da época favorecia a religião relegada às mulheres e a evangelização para os homens era mais difícil. Por isso, por intermédio do bispo Dom João, a igreja aproveitava a Festa da Penha para catequizar os homens.
As pessoas mais velhas dizem que o bispo Dom João, que iniciou a Romaria, tinha uma fala muito dura com os homens. Ele fazia uma catequese muito incisiva sobre os aspectos da moral, cuidado com a família. Então, era um assunto muito próprio para os homens, disse o frei Paulo Roberto.
O economista Antonio Cesar de Andrade, de 65 anos, morador de Vitória, começou a acompanhar a romaria quando tinha apenas 12 anos de idade. Relembra de subir o convento durante a noite e da confusão no portão de entrada.
Eu ficava dentro do carro que levava a imagem. A romaria dessa forma, sem as mulheres dentro do santuário, durou quase 30 anos, relata Antonio Cesar.
O aposentado José Dal Col, de 66 anos, participa da caminhada há 37 anos. Segundo ele, a Romaria dos Homens passou contar mais com a participação das mulheres com os passar dos anos. Antes as mulheres iam embora. Agora elas participam do início ao fim. Tornou-se das famílias, disse.
HISTÓRIA
Início
A caminhada teve início em 1955, mas acontecia durante o dia. Foi introduzida na Festa da Penha pelo bispo do Espírito Santo Dom José Joaquim Gonçalves.
1958
Em 1958, por determinação de dom João Batista, bispo da Arquidiocese de Vitória na época, a romaria passou a ser durante a noite, com saída da Catedral de Vitória até o Campinho do Convento, onde era encerrada com a missa.
Participação dos homens
A partir de 1958 somente os homens podiam participar na missa da romaria, segundo os registros históricos da Arquidiocese de Vitória.
Catequese
A missa presidida por dom João Batista tinha o objetivo de evangelizar os homens. E provocar a reflexão do tratamento para com suas mulheres.
Mulheres
As mulheres ganharam representatividade na romaria ao longo dos anos.
Percurso
Os romeiros percorrem mais de 14 quilômetros da Praça da Catedral de Vitória, saindo às 19h passando pela Vila Rubim, Segunda Ponte, São Torquato e Avenida Carlos Lindenberg. Até chegar ao Parque da Prainha, onde acontece a missa de encerramento, presidida pelo bispo da Arquidiocese de Vitória, dom Luiz Mancilha Vilella.
Multidão
Segundo a organização do evento, a Romaria dos Homens deve reunir mais de 500 mil pessoas este ano.
Parque da Prainha
Há 16 anos, a missa de encerramento da Romaria dos Homens acontece no Parque da Prainha. Hoje, a romaria reúne não apenas homens, mas mulheres, jovens e crianças.
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