Publicado em 7 de fevereiro de 2020 às 15:03
O projeto do radar meteorológico que emitiria alerta para a população em até três horas antes de eventos naturais como chuvas fortes não vingou. O equipamento, anunciado em novembro de 2013, era fruto de uma parceria entre a mineradora Vale e o governo estadual que acabou sendo encerrada em 2015. Os dados técnicos por ele produzidos no período nunca foram divulgados, garante o Incaper, que sediou o supercomputador que armazenava todas as informações.>
O equipamento, que chegou a ser apontado como o mais moderno da América Latina, foi anunciado como alternativa para que o Estado pudesse se antever a eventos naturais extremos. Ele integraria ainda o Centro Capixaba de Monitoramento Hidrológico (CCMH), uma das iniciativas do Programa Capixaba de Adaptação às Mudanças Climáticas, lançada na mesma época.>
De acordo com Cleber Guerra, diretor administrativo e financeiro do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), o equipamento teria operado até 2015. "Em 2015 houve o distrato da parceria, que foi encerrada. Não sabemos o motivo. Os computadores que foram instalados, provisoriamente, em uma sala do Incaper, lá ficaram até dezembro do ano passado, quando foram retirados pela Vale", relata. >
Guerra conta ainda que em janeiro do ano passado, quando assumiu a gestão do Incaper, houve uma tentativa do governo estadual de retomar a parceria. "Chegamos a realizar uma reunião com a equipe da Vale para retomar as atividades. Foi agendado um segundo encontro, mas dias antes ocorreu a tragédia de Brumadinho. Entendemos a situação deles, mas os contatos não voltaram a ser retomados. Em dezembro eles desocuparam a sala e retiraram os equipamentos", conta.>
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Pelo contrato de parceria, segundo Guerra, os equipamentos seriam custeados pela Vale nos dois primeiros anos e, posteriormente, seriam assumidos pelo governo estadual, o que não ocorreu com o encerramento da parceria. >
Além do radar meteorológico, que segundo informações do site do Iema foi instalado na área da Portocel, em Aracruz, também foi feita a instalação de 25 estações meteorológicas em propriedades rurais no interior do Estado. O que foi viabilizado pelos técnicos do Incaper, que visitaram as regiões e indicaram as áreas adequadas para os equipamentos e viabilizaram os convênios com os produtores. O Incaper assinala ainda que, como o Estado nunca recebeu nenhum tipo de informação oriunda do radar, nunca pode repassar nenhum dado para os produtores. "Eles nos cobram informações sobre o assunto", relata Cleber.>
O diretor do Incaper avalia que a presença de mais um radar seria importante para o Estado, principalmente se fosse instalado na Região Sul, nas áreas mais montanhosas. Atualmente somente um equipamento funciona no Espírito Santo. Trata-se de um radar meteorológico do Centro Nacional de Monitoramento de Alerta e Desastres Naturais (Cemaden), localizado em Santa Teresa. >
Segundo informações constantes no site do Iema, o radar meteorológico teria um alcance de 240 quilômetros. Uma comitiva do governo estadual, liderado pelo governador à época, Renato Casagrande, visitou o local onde estava instalado o radar, em Portocel, Aracruz. >
Com 30 metros de altura, é dito no site do Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema) que os dados fornecidos pela máquina iriam contribuir para a precisão dos boletins meteorológicos que seriam emitidos pelo Centro de Capixaba de Monitoramento Hidrometeorológico (CCMH). A secretária de Estado do Meio Ambiente da época, Diane Rangel, destacou: "Estas ações irão permitir que o Estado possa agir antecipadamente e evitar os danos causados não só pelas fortes chuvas, mas também para que saibamos como agir também em períodos de estiagem. >
O investimento para a implantação do Centro Capixaba de Monitoramento Hidrometeorológico (CCMH), que começaria a funcionar no primeiro semestre de 2014, seria de R$ 20 milhões investidos pelo Estado e R$ 40 milhões custeados pela Vale, também segundo o site do Iema. No entanto, o atual gestor Incaper informou que não sabia quanto o governo estadual chegou a investir no projeto na época.>
Segundo ainda o Iema, para integrar o CCMH foram instaladas 20 Estações Hidrológicas e mais 45 Estações Meteorológicas, sendo 25 delas instaladas pela Vale. A modernização do Sistema de Monitoramento Hidrometeorológico irá permitir medir a temperatura, pressão, precipitação de chuvas, velocidade e direção de ventos de forma integrada a um sistema de satélites para operação em regime ininterrupto. >
Por nota a mineradora Vale informou que a parceria com o governo do Espírito Santo para operação do radar meteorológico foi interrompida em 2015. "A empresa segue em contato com órgãos públicos de forma transparente para estudar alternativas que contribuam com o monitoramento das condições climáticas no Estado", disse em nota. >
No site da empresa, em matéria de setembro de 2014, é informado que o radar "recebeu a visita do cientista-chefe do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica dos Estados Unidos (NCAR), Richard Carbone. Ele esteve no Complexo de Tubarão e na cidade de Aracruz (ES), onde conheceu e realizou uma auditoria nos equipamentos". É citado ainda na mesma matéria que o equipamento contribui para a precisão dos boletins meteorológicos e dos alertas para a proximidade de ventos e chuvas.>
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