Publicado em 21 de julho de 2018 às 22:57
Realizando atendimento de crianças e adolescentes no serviço público na Grande Vitória, a pediatra Sylvia Ribeiro Do Val Baiense começou a observar um alto índice de gravidez na adolescência. Para reverter o quadro, apostou na educação sexual.>
Eram meninas de 12, 13 anos engravidando e sem nenhuma informação. Algumas já chegavam às consultas grávidas, outras iniciando a vida sexual sem proteção. Elas não conversavam com os pais sobre o assunto, afirma Sylvia Do Val, que atua na área de ginecologia infantopuberal.>
Com esse cenário, a médica decidiu montar um grupo de educação com brincadeiras e palestras, usando a linguagem comum às meninas. A proposta era que ficassem conscientes e passassem a se prevenir. Havia escola que todo ano tinha adolescente grávida e que, com o projeto, já faz cinco anos que não tem nenhum caso.>
A ação foi implantada há 10 anos na Unidade Regional de Saúde de Boa Vista, na Serra, e agora Sylvia Do Val começa a desenvolver o serviço também no Hospital Infantil de Vitória.>
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Os adolescentes têm um pensamento mágico, próprio da idade, e acreditam que nada de mau vai acontecer. Então, transam sem se prevenir, e não acham que vão engravidar ou pegar uma doença, destaca.>
Apesar de o serviço estar apresentando bons resultados, Sylvia Do Val ressalta que a orientação às meninas e meninos deve começar dentro de casa, na construção do diálogo, de valores. Muitas famílias não conversam por vergonha ou por falta de paciência, mas é preciso prevenir. A situação é mais frequente na periferia e, quando uma menina engravida, é mais uma criança para somar na pobreza.>
A educação sexual também é uma recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) que, juntamente a outras entidades, divulgou no início deste ano relatório em que aponta a América Latina e o Caribe com a segunda taxa mais alta de gravidez na adolescência no mundo.>
A gravidez na adolescência pode ter um efeito profundo na saúde das meninas durante o curso da vida, e seus filhos estão em maior risco de ter problemas de saúde e cair na pobreza, pontuou Carissa Etienne, diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), no documento.>
16 MIL GAROTAS GRÁVIDAS NO PERÍODO DE CINCO ANOS>
Mais de 16,4 mil meninas, de 10 a 19 anos, tiveram filhos nos últimos cinco anos na Grande Vitória. Os indicadores apontam uma tendência de queda, porém o volume de partos ainda é grande entre as adolescentes.>
Na Serra, onde é registrada a maior incidência, em 2013, 1.361 bebês nasceram de mães adolescentes e, no ano passado, foram 1.095. Uma queda de 3,36 pontos percentuais.>
Para manter o ritmo de redução, a Secretaria Municipal de Saúde está atuando na prevenção, entre outras ações, com a distribuição de preservativos nas unidades de saúde, distribuição de anticoncepcional, e realizando palestras educativas.>
O município de Vila Velha está logo atrás no número de meninas que tornaram-se mães no período de 2013 a 2017. Por lá, equipes procuram trabalhar a saúde sexual e reprodutiva na adolescência, com ações individuais ou em grupos.>
Em Vitória, a quantidade de adolescentes que tiveram filhos passou de 706 para 539, no intervalo de cinco anos, o que representou uma redução de quase 3,5 pontos percentuais.>
O município desenvolve uma política de saúde do adolescente nas 29 unidades de saúde, em outros espaços nas comunidades e na rede municipal de ensino com o Programa Saúde na Escola. Esse trabalho resulta na redução de adolescentes grávidas, à medida que dá a elas a oportunidade de compreender as transformações nessa faixa etária, assim como sua sexualidade e novos projetos de vida, informa, por nota, a assessoria da Secretaria Municipal da Saúde.>
A menor incidência de meninas que tiveram filhos foi registrada em Cariacica onde, entre 2013 e 2018, houve 2.602 casos.>
GRAVIDEZ PRECOCE>
VITÓRIA>
Oscilações>
Em Vitória, a tendência de queda é registrada desde 2013, embora tenha havido uma pequena oscilação para cima, de 2015 para 2016.>
SERRA>
Comparação>
Assim como na Capital, na Serra houve um leve crescimento, só que no período de 2013 para 2014. Desde então, o ritmo é de queda.>
VILA VELHA>
Percentuais>
No município, o número de bebês nascidos de mães adolescentes passou de 979 para 803, o representa uma queda de 15,19% para 11,78%.>
CARIACICA>
Menor>
A cidade é a que apresenta menos casos de meninas, de 10 a 19 anos, com filhos. Foram 559 em 2013, e 461 no ano passado.>
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