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Pai quer a guarda de criança abandonada na BR 101

Pai quer a guarda de criança abandonada na BR 101

O pai, que mora no Uruguai, vem ao Espírito Santo para brigar pela guarda do filho

Publicado em 28 de maio de 2018 às 20:45

Criança é encontrada após ser deixada em avenida na Serra Crédito: Twitter/cappixaba

O pai da criança abandonada na BR 101, em Laranjeiras, na Serra, chega ao Estado na noite desta segunda-feira (28). Ele, que é professor de inglês, vem acompanhado da atual noiva e vai solicitar à Justiça estadual a guarda do seu filho. Ele alega que ainda não foi ouvido e que sempre esteve presente na vida do menino.

De acordo com a sua advogada, Janete Silva, a mãe da criança, no dia da fuga, informou ao seu cliente os fatos e que estaria fugindo. "Ele aguardava mais informações e o que soubemos depois foi por matérias divulgadas na imprensa. Meu cliente se desesperou e decidiu vir ao Brasil para esclarecer os fatos e obter a guarda do filho", relatou.

Ela explica ainda que tramita, na Justiça baiana, um processo pela guarda da criança. A mãe teria solicitado a guarda provisória alegando que o pai seria ausente e que não pagaria pensão. "O que não é verdade e já contestamos. O pai sempre foi presente, ligava com frequência e enviava recursos para a alimentação do filho. Comprovações que já foram entregues à Justiça", acrescentou a advogada.

Por e-mail enviado ao Gazeta Online, no último final de semana, o pai solicitou que fosse corrigido o fato de que ele mora no Canadá. "Tenho nacionalidade canadense, mas resido em Montevidéu, no Uruguai, com minha atual noiva", disse. Enviou ainda fotos e a certidão da criança, além de documentos que mostram que briga na Justiça pela guarda da criança.

Na versão apresentada por sua advogada, a mãe da criança abandonou o pai ainda durante o resguardo. Na ocasião moravam na região de Itacaré. Eles ainda tentaram uma reconciliação, indo morar na fazenda do avô materno. "Mas o pai da criança, meu cliente, não concordava com as atitudes do avô paterno e acabou sendo expulso da fazenda. Tentou levar a esposa, mas ela se recusava a sair da casa paterna. Era uma obediência tão cega que preferiu abandonar o marido", contou.

Eles se separaram no final de 2015. O pai seguiu para Montevidéu, onde arrumou emprego. O processo de disputa da guarda começou a tramitar em 2016. Mas, segundo relatos da advogada, em março deste ano o pai veio ao Brasil visitar o filho, mas encontrou dificuldades. Em função disso decidiu contratar uma advogada no Brasil. Ele queria que a mãe da criança saísse do Brasil e fosse embora para a Argentina e argumenta que ela chegou a concordar. "Fomos até o cartório e assinamos os documentos autorizando ela a viajar com o menino, mas isto nunca aconteceu".

A última notícia que teve do filho foi no dia 18 de maio, através de uma ligação da mãe do pequeno. "Ela relatou para ele que a criança era alvo de abusos e que estava fugindo. Mas depois disso só teve notícias pela imprensa. E ficou desesperado", relatou Janete.

APOCALÍPTICA

Em carta enviada a autoridades, o pai do menino de três anos relata que o avô materno queria criar, na região de Itacaré, na Bahia, "uma seita ou um clã apocalíptico nas montanhas da região". A mesma informação foi passada pela mãe da criança durante depoimento prestado à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Maus-Tratos, realizada no Estado na última semana.

O avô materno, segundo os relatos, defende a criação de uma raça pura, que poderia ser obtida até com relações sexuais entre os familiares. Sua ex-esposa, que mora atualmente na Argentina, relatou ainda em depoimento que se ex-marido "pensa que todas as enfermidades são em decorrência da mistura de racas".

Foi durante o depoimento prestado na audiência que a mãe relatou que a criança era abusada pelos avós e também pelo tio. No mesmo dia, os dois - avô e tio - foram presos durante depoimento. A mulher casada com o avô não estava presente e foi considerada foragida. Na mesma ocasião foi informado que a polícia baiana teria cumprido mandado de busca e apreensão na fazenda do avô, onde teriam sido encontradas armas.

O advogado Vitor Barros, que faz a defesa do avô materno e do tio, ambos presos, informou que não se manifesta sobre o caso.

LAUDO

O menino continua sob a tutela da 1ª Vara da Infância e da Juventude de Serra, em um abrigo, com a presença da mãe, que já recebeu alta hospitalar. Na tarde de ontem a juíza que cuida do caso, Gladys Henriques Pinheiros, informou que o laudo psicossocial que avalia a condição da criança e da família já tinha sido concluído, mas que ela ainda estava avaliando o caso.

É aguardado para esta terça-feira (29) uma decisão da juíza sobre o futuro da criança. A advogada do pai informou que já tentou um contato com a juíza para informar que o seu cliente está chegando e precisa ser ouvido. "Ele não é uma pessoa ausente. A mãe conversou com ele no dia da fuga. Sempre quis estar presente na vida do filho, mas tem encontrado muita dificuldade", explicou Janete.

 

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