Publicado em 12 de setembro de 2019 às 19:55
As temperaturas mais altas provocadas pelas mudanças no clima mundial implicam em muitos riscos para a saúde. Até o final do século, quem vive em Vitória terá que passar parte do dia em ambientes climatizados para sobreviver. A previsão catastrófica, mas real, deriva das mudanças climáticas provocadas pelo efeito estufa.>
O alerta foi feito pelo cientista e membro do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Carlos Nobre. Se perdermos o controle, durante pelo menos seis meses por ano, o clima em Vitória será inabitável por horas do dia. Nesses momentos, as pessoas não poderão ficar na rua, terão que ir para ambientes com ar- condicionado, pois estaremos extrapolando o limite fisiológico de temperatura e umidade que o corpo humano aguenta, disse.>
A projeção para daqui 80 anos foi feita durante a instituição do Fórum Capixaba de Mudanças Climáticas, nesta quarta-feira (11), em Vitória, e pontuou três frentes onde o Governo do Estado e demais entes que compõem o Fórum devem atuar para que o ES chegue a ser um Estado com zero emissões de carbono.>
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ENTREVISTA>
A atual alteração no clima já tem consequências na população?>
Os recordes de temperatura já são danosos para quem tem problemas de saúde cardiovasculatórios e respiratórios. Se não tivermos sucesso em conter essas mudanças, as altas temperaturas serão o clima de boa parte do brasil.>
Como os estados podem contribuir nesse problema climático mundial?>
Mudanças mesmo começam no consumo responsável. As pessoas têm que consumir pensando nos impactos climáticos. Depois, deve ser enfrentado nas comunidades, passando pelas cidades, chegando aos estados e o governo federal normatizar, fazer as políticas públicas em espectros nacionais.>
Porém, o governo atual dá menos importância ao tema, por isso os estados ganham um papel fundamental. Devem se organizar e liderarem as políticas para combater as mudanças no clima neste momento no qual o governo federal está indeciso sobre o assunto.>
Quais frentes o Espírito Santo deve atuar?>
O Espírito Santo tem um perfil de emissões industriais alto. Pode reduzir as emissões de carbono com modernização de processos industriais.>
Outro ponto é caminhar para a eletrificação - carros elétricos - da frota de transportes para evitar a queima de combustíveis fósseis que emitem gases.>
O Estado também tem potencial de restauração florestal da área de Mata Atlântica que foi desmatada, pois retiramos gás carbônico na hora que as florestas estão crescendo.>
Quais medidas devem ser tomadas para reduzir os riscos que as mudanças já estão provocando?>
O Espírito Santo é uma zona costeira, então há riscos de intensas ressacas com o aumento do nível do mar. É necessário ter um plano de adaptação. Ainda não temos muitos estados no Brasil com esse plano e, talvez, o Espírito Santo poderá ser um estado a iniciar isso de uma forma mais resoluta - determinada - devido à disposição do Governo Estadual.>
Estamos muito pouco preparados para os desastres naturais. Repetidas vezes vemos o Espírito Santo vítima de secas pronunciadas que afetam a atividade econômica.>
A médio e longo prazo, as políticas de todos os estados deve ser de buscar zero emissões. Há sempre uma emissão que não é possível controlar, você compensa essas emissões com absorções. Por exemplo, restauração de Mata Atlântica. Nenhum estado brasileiro estabeleceu uma meta ainda Zero em Carbono, quem sabe o Espírito Santo seja o primeiro?>
As queimadas na Amazônia têm impactos direto no clima do Espírito Santo?>
De forma indireta, sim. Os ventos levam a poluição das queimadas das amazônicas para o sul do sudeste. Porém, qualquer mudança na circulação na atmosfera vai ter impactos até globais. Se a Amazônia desaparecesse, fica mais quente de 2 a 3 graus o local, afetando toda a região e até locais mais distantes.>
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