Publicado em 12 de julho de 2019 às 14:57
- Atualizado há 6 anos
A instalação de tanques com produtos químicos no Morro do Atalaia, no bairro Paul, em Vila Velha, voltou a preocupar os moradores da região há cerca dois meses. O início da história data de 2007, quando a primeira liberação do Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema) para a construção dos tanques foi dada. Falava-se sobre o armazenamento de combustível. A obra foi interrompida em, pelo menos, duas ocasiões e em 2014 houve uma determinação do Iema para que os taques fossem desmontados. Uma decisão que, na época, trouxe alívio para os vizinhos dos tanques.>
No entanto, recentemente, cerca de cinco anos depois, a empresa responsável pela administração dos recipientes obteve uma licença de instalação (com alterações de projeto, por exemplo) e as obras para receber materiais químicos no local recomeçaram. Desta vez, os cinco taques estão sendo preparados para receber soda cáustica e ureia.>
O tipo de material a ser armazenado no local foi informado aos moradores em reunião realizada com representantes do Ministério Público do Espírito Santo e do Iema, no último mês de abril.>
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O reinício das obras fez com que voltasse o medo de possíveis acidentes para moradores do bairro, como o aposentado Antônio Carlos Vanzeler. Ele é contrário à instalação de tanques com produtos químicos tão perto das residências.>
"Não somos contra os empreendimentos, sabemos a questão do desemprego, a arrecadação de receitas, nós somos conscientes disso. Mas isso precisa ser feito com responsabilidade. É uma região residencial, com um grande número de crianças e adolescentes, com igrejas, com escolas próximas, e as empresas não levaram (em consideração) os riscos que isso pode causar para a comunidade", opinou o morador.>
A autônoma Queila Mara Gomes mora bem ao lado de um dos tanques e diz que tem medo de acidentes. Ela vive com o marido e duas filhas. "Dá medo, porque se um dia isso vier a funcionar e explodir, eu estou do lado e minha casa é a primeira a ser atingida. Espero que não funcione", disse a moradora.>
O medo dos moradores do Morro do Atalaia em relação os tanques já foi retratado em outras reportagens. Em outubro de 2013, representantes do Iema afirmaram que a obra foi embargada porque tancagem autorizada era menor do que a que estava sendo instalada.>
NOVOS TANQUES INSTALADOS EM VILA VELHA>
Além dos tanques instalados em Paul, a instalação de novos recipientes de armazenagem na região do Porto de Capuaba gera preocupações para moradores de bairros como Ilha das Flores e Argolas. Uma área de 74 mil metros quadrados da poligonal portuária foi arrendada para o armazenamento de combustíveis como como diesel, gasolina, álcool e biodiesel - que forma o Terminal de Granéis Líquidos (TGL).>
O leilão aconteceu em março deste e a área foi arrematada por R$ 165 milhões. A concessão é válida por 25 anos e as operações estão previstas para começar em 2020. A Codesa informou que a área para implantação do TGL foi leiloada e, portanto, cabe ao consórcio vencedor, que assinou a aquisição com o Ministério da Infraestrutura, as providências para início das operações. Em março, dias antes do leilão, moradores fizeram um protesto contra o armazenamento de combustível na região, temendo possíveis acidentes.>
LICENÇA PARA ATUAÇÃO ATÉ 2022>
Em relação ao armazenamento de materiais químicos no Morro do Atalaia, a prefeitura de Vila Velha afirmou a empresa obteve licenças para atuar na região até novembro de 2022. No entanto, a prefeitura não informou o nome da empresa responsável pelos tanques.>
A Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), responsável pela gestão do Porto de Vitória, também foi procurada para dar mais destalhes sobre a instalação dos tanques no Morro do Atalaia, mas não respondeu a demanda até a publicação da reportagem. O Iema, também procurado para explicar o uso do local com novos produtos químicos, informou que vai se posicionar sobre o tema apenas na próxima semana.>
O que é o TGL>
Trata-se da construção de um Terminal no Cais de Capuaba, Vila Velha, em uma área de 75.000 m², que entrou como prioridade no Programa de Parcerias e Investimentos(PPI). A expectativa de investimentos é da ordem de R$ 120 milhões para a construção pela empresa ganhadora da concorrência pública.>
Um dos grandes projetos em pauta para 2019 no Porto de Vitória, o TGL vai movimentar produtos como diesel, gasolina, álcool e biodiesel. A capacidade de armazenagem estática (tancagem) será de 60.000 m³. A conclusão e início das operações estão previstas para 2020. De acordo com a Codesa, o terminal vai aumentar em aproximadamente 700.000 toneladas/ano a movimentação de cargas no Porto de Vitória. A expectativa é que sejam gerados 450 empregos diretos e indiretos durante a implantação, e 300 diretos e indiretos no início das operações.>
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