Publicado em 18 de agosto de 2018 às 03:44
De uma casa simples de onde se via o Rio Jucu pelas frestas no chão, Neymara Carvalho saltou para as suas primeiras braçadas dentro dágua. De lá para a praia do Barrão, foi só mais um pulo. Hoje, quase 30 anos depois de iniciar suas manobras no bodyboard com prancha emprestada por amigos, a atleta disputa seu 10º título brasileiro. Na prateleira, cabe mais essa conquista para se juntar a outras tantas da pentacampeã mundial.>
Aos 42 anos, cria da Barra do Jucu, em Vila Velha, Neymara ainda não pensa em parar de competir, após ter feito uma breve suspensão da carreira entre 2013 e 2015, decisão que hoje considera ter sido precipitada.>
Sem motivação para competir naquela época, a bodyboarder foi convidada a participar de outra disputa: a política. Neymara imaginou que poderia ser uma boa transição de atividade, mas sua candidatura não foi bem-sucedida. Ainda assim, a experiência despertou nela outros interesses.>
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A carreira de atleta não dura para sempre, e eu estou prolongando para além do que já existiu antes de mim. As meninas vão me olhar e falar: Ela está, aos 42 anos, competitiva, disputando título brasileiro, podendo disputar mundial. Ao mesmo tempo que quero estar no esporte, tenho que ver a transição, outra oportunidade de trabalho.>
Por isso seus projetos estão além-mar. Atualmente, Neymara é subsecretária de Turismo de Vila Velha e pensa que essa é uma área à qual pode se dedicar na administração pública e em outras ações. Eu, que por muito tempo ajudei a divulgar o Espírito Santo por meio do esporte, agora estou tentando fazer aquilo que sentia falta na promoção do município, do Estado. Isso tem sido a minha motivação.>
Neymara, cuja trajetória no esporte A GAZETA acompanha desde o início, também não abre mão do instituto que leva seu nome e contribui na formação de novos atletas. Ela conta com uma equipe que ajuda a conduzir o projeto, mas a bodyboarder também tem seus dias de entrar no mar para ser a instrutora dos que estão começando.>
Mesmo com o suporte que oferece, ela sabe que a turma que frequenta o instituto precisa também de apoio financeiro. No país como um todo, a grande dificuldade do atleta é a falta de patrocínio, do olhar do empresário para o esporte. Todo mundo ama, vibra com as conquistas, mas não existe uma política específica de apoio. Seja para o iniciante, seja para o veterano; amador ou profissional. Falta esse olhar para descobrir o talento e apoiá-lo.>
A própria Neymara vendeu o primeiro carro que tinha conseguido comprar para custear sua participação em uma etapa do mundial. Muitas vezes eu acreditei sozinha no meu potencial. Sabendo desses obstáculos, a atleta indica outro surfista que está nadando contra a corrente em busca de mais apoio. Krystian Kymerson é, para ela, um jovem promissor no esporte e merece destaque.>
QUEM É KRYSTIAN KYMERSON>
Surfista, 25 anos, que desde os 3 pegava onda com o pai. Aos 6, começou a competir em nível estadual e no ano seguinte já garantia o seu primeiro troféu, como revelação do surfe capixaba. Ganhou todas as categorias de base no Estado. Após 10 anos do primeiro título, tornou-se campeão brasileiro amador. Tem vários títulos e atualmente é vice-líder do brasileiro e está entre os 50 melhores do mundo na divisão de acesso à elite do surfe.>
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