Publicado em 28 de março de 2019 às 09:54
Parecida com uma motocicleta, um novo veículo está sendo visto com frequência nas ciclovias, ruas e calçadas de Vitória. Chamada de scooter de propulsão elétrica, ela caiu no gosto de muitos moradores que passaram a utilizá-la como meio de transporte e lazer. Mas o uso do equipamento divide opiniões pelo risco que está causando para ciclistas e pedestres, já que modelos diferentes podem chegar a uma velocidade de até 50 km/h. Entretanto, o atraso na atualização da legislação de trânsito provoca uma grande divergência sobre as regras que devem ser seguidas.>
Por um lado, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran), órgão consultivo e normativo do Sistema Nacional de Trânsito no Brasil, diz que veículos elétricos de pequeno porte, como bicicletas, scooters, patinetes e skates ainda não são definidos pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e, por isso, não são necessárias habilitações para sua condução e que seu uso é permitido em locais de circulação de pedestres e ciclovias, mas sem esclarecer se nas ruas é permitido. Informou ainda que esses veículos podem trafegar em ciclovias desde que respeitada o limite de velocidade de 20 km/h em ciclovias e 6 km/h em áreas de circulação de pedestres (calçadas, por exemplo).>
Mas especialistas de segurança viária discordam e defendem que, conforme resoluções normativas do próprio Contran, se o equipamento for fabricado com acelerador e puder ultrapassar a velocidade de 25 km/h, ele passa a se enquadrar na categoria de um ciclomotor, podendo então trafegar apenas em ruas e avenidas e não em ciclovias.>
Quando você tem um acelerador e atinge a velocidade de um ciclomotor que é até 50 km/h, a scooter tem que ser emplacada e o condutor deve possuir autorização de condução de ciclomotores ou carteira de habilitação, defende Renato Campestrini, especialista em trânsito, mobilidade e segurança do Observatório Nacional de Segurança Viária.>
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Procurados por A GAZETA para comentar a falta de atualização na legislação, o órgão informou apenas que o tema tem sido objeto de estudos pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), e que na semana passada o departamento realizou, em Brasília, uma reunião consultiva cujos temas foram os ciclomotores, as bicicletas motorizadas e os similares. Ressaltou que os condutores devem usar equipamentos obrigatórios como campainha, sinalização, espelhos retrovisores e capacete, entre outros, conforme às normas da Resolução nº 465 - a última sobre veículos elétricos de pequeno porte foi publicada em 2013.>
RISCO>
Rodrigo de Alvarenga Rosa, coordenador do curso de pós-graduação em engenharia civil e engenharia de transportes da Ufes, afirma que o uso das scooters nas calçadas e ciclovias coloca os pedestres e ciclistas em risco.>
Todos esses tipos de veículos têm que ter um ordenamento, nas calçadas podem causar atropelamentos. Tem que existir o mínimo controle e estudo para uma legislação. Se você atropelar alguém a 50 quilômetros por hora o efeito é devastador, disse Rodrigo.>
PREFEITURA DE VITÓRIA PREPARA LEGISLAÇÃO>
Engenheiro especialista em trânsito e diretor do Instituto Brasileiro de Estudos do Trânsito (Ibetran), Paulo Lindoso critica a demora na atualização da legislação. Ele concorda que ciclovia é de uso exclusivo de bicicleta comum ou elétrica em que o motor funcione apenas quando o condutor pedalar conforme especifica a Resolução nº 465. Ele defende ainda uma regulamentação do próprio município Vitória fará suas normas.>
Quando falta a regulamentação federal, a prefeitura tem que fazer. Isso é um veículo motorizado e não deveria estar trafegando na ciclovia, pois não é de propulsão humana. Já vi do meu lado dois acidentes, afirmou Paulo.>
Sobre a polêmica, a Prefeitura de Vitória respondeu que prepara um decreto municipal para regulamentar o uso desses novos equipamentos elétricos. Segundo o secretário de Desenvolvimento da Cidade, Márcio Passos, a regulamentação está em fase de estudos técnicos e vai definir também regras para a atuação de empresas de empréstimo de patinetes e bicicletas compartilhadas.>
Existe um grupo de trabalho fazendo um levantamento de dados para fazer um decreto. Já está na procuradoria do município para publicação. Vamos fazer uma legislação moderna. Enxuta que regulamenta o uso do nosso espaço público, disse Márcio que defende o uso dos veículos de pequeno porte elétricos por ser um meio de transporte limpo e rápido.>
Enquanto o decreto não sai, a prefeitura orienta usuários a seguirem normas estabelecidas pelo Contran, ou seja, as scooters podem trafegar em ciclovias desde que respeitem o limite de velocidade de 20 km/h em ciclovias e 6 km/h em áreas de circulação de pedestres.>
ENTENDA A POLÊMICA>
Scooter elétrica: São equipamentos elétricos parecidos com motocicletas, mas de menor porte. Alguns modelos podem chegar a velocidade de 50 km/h.>
O que diz o Contran: Informa que as scooters podem trafegar em ciclovias desde que respeitado o limite de velocidade de 20 km/h em ciclovias e 6 km/ em áreas de circulação de pedestres (calçadas, por exemplo). Além usar equipamentos obrigatórios como campainha, sinalização, espelhos retrovisores e capacete, entre outros.>
O que dizem especialistas em trânsito: Quando o equipamento tem um acelerador e atinge a velocidade de um ciclomotor que é até 50 km/h (características de fábrica), a scooter tem que ser emplacada e o condutor deve possuir autorização de condução de ciclomotores ou carteira de habilitação de categoria A, conforme as próprias resoluções do Contran.>
O que diz a prefeitura: A Prefeitura de Vitória orienta os usuários a seguirem as normas estabelecidas pelo Contran.>
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