Publicado em 6 de dezembro de 2018 às 19:13
Após três meses de emocionar os capixabas e entrar em tratamento na luta contra o vício em álcool, o músico capixaba Elias Belmiro, de 50 anos, voltou para as ruas. A informação foi confirmada por familiares, que disseram que ele ficou mais de um mês no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de Vitória e também passou por uma clínica particular.>
A história de Elias Belmiro foi mostrada pelo Gazeta Online no final do mês de agosto, quando ele vivia em um banco na praça em frente à Igreja do Carmo, no Centro de Vitória. Elias é um grande artista da música capixaba referenciado até no Dicionário da Música Brasileira como solista.>
Segundo o irmão gêmeo de Elias, Isaías Belmiro, após a repercussão da história do músico - inclusive com uma rede de solidariedade se formar para ajudar o músico - Elias foi para o Caps de Vitória, onde ficou em tratamento durante um mês. Logo depois foi para uma clínica particular na Serra, durante apenas uma noite, quando voltou para as ruas.>
Há cerca de duas semanas pegamos ele 22 horas em frente ao Teatro Glória e o levamos para a clínica. Ele jurou amor eterno e que não voltaria. Um dia depois, no sábado, voltou para as ruas, relatou o irmão.>
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O músico capixaba está sendo acompanhado durante esse tempo por um psicólogo contratado pela família, além de outro do Caps de Vitória. A nossa estratégia agora, com orientação dos profissionais, é evitar que ele ganhe as coisas da gente porque está acostumado. Ele não está sozinho e a família sempre esteve junto, mas ele precisa aceitar de vez, ter uma mudança radical, e não apenas aceitar quando precisar de alguma coisa, afirmou Isaías.>
HISTÓRIA>
Elias se consagrou na história da música como solista de violão, gravou dois CDs instrumentais até com composições próprias e tocou no quinteto do conhecido violonista Maurício de Oliveira. Seu primeiro álbum lançado em 1996, dedicado a Vila-Lobos, teve duas faixas compiladas no CD do grupo Time-Life, obra em que participaram artistas internacionais do porte do compositor e maestro americano John Williams.>
Elias fez shows até fora do Brasil. O vício por bebida alcoólica foi o motivo que o levou para as ruas, situação em que permanece há pelo menos quatro anos.>
ENCONTRO COM MAESTRO>
Em agosto deste ano, quando a história de Belmiro foi contada pelo Gazeta Online, fizemos um encontro do solista com o maestro Helder Trefzger, grande amigo da época em que Belmiro atuava. Relembre:>
ACOMPANHAMENTO E FORÇA DE VONTADE>
Na visão de médicos especialistas ouvidos pela reportagem, é necessário muita força de vontade e também de acompanhamento constante no tratamento do vício de álcool e outras drogas - já que o problema é uma doença que não tem cura, apenas tratamento.>
O médico especialista em dependência química, Luiz Sérgio Quintairos, explicou que a maior parte dos dependentes acaba voltando para as ruas - justamente por não terem vontade.>
O tratamento tem que ser proposto e não imposto. Nesse caso o Elias sofreu uma manipulação externa com toda aquela comoção que se formou e acabou aceitando, mas dentro dele não tinha a intenção de permanecer, explicou o médico.>
Quintairos complementa que muitas vezes o emocional acaba não sendo mais forte e no fundo o indivíduo quer aceitar, mas o vício acaba falando mais forte. Será que a família foi envolvida? Os familiares e amigos também? A família às vezes é a que fica mais doente e é importante estar junto. No caso do tratamento do Casagrande (jogador), o filho foi o principal fator para ele sair do mundo das drogas, explicou.>
Da mesma opinião compartilha o médico João Chequer, PHD em dependência química, João Chequer, que tem mais de 25 anos de experiência na área. Segundo ele, o acompanhamento é necessário principalmente fora de uma clínica - onde o convívio com situações que criam os chamados gatilhos podem retornar o uso de álcool.>
O fator genético também acaba impulsionando esse problema, como foi no caso de Elias Belmiro. "Eu conversei com ele e me lembro que esse problema existia também na família, lembrou.>
É necessário um acompanhamento pluridisciplinar, com médicos, psicólogos, assistentes sociais e até assistência jurídica. Além disso, procurar um grupo de ajuda mútua, como o Alcoólicos Anônimos, saindo daquele círculo de amizades que acabam levando para o consumo de álcool, completou o médico.>
OUÇA UM DOS TRABALHOS DE ELIAS>
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