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Menino que nunca deixou hospital ganha bolo no aniversário de 5 anos

Menino que nunca deixou hospital ganha bolo no aniversário de 5 anos

Flavinho, que teve a história contada pelo Gazeta Online, também ganhou 100 pacotes de fralda

Publicado em 27 de junho de 2017 às 11:58

Entrega dos presentes para o Flavinho. As fraldas estão sendo levadas aos poucos para o menino Crédito: Reprodução

A história do Flavinho, que vive em hospital desde quando nasceu, e a dedicação da mãe dele comoveram os capixabas na última semana. Nesta terça-feira (27), o menino completa 5 anos de vida e, para comemorar a data, ganhou uma festa de aniversário no Hospital Infantil de Vila Velha (Himaba), que foi realizada no último domingo (25), com direito a bolo e mais de 100 pacotes de fraldas. E teve mais uma surpresa: um celular para a mãe, que teve o aparelho roubado após ser assaltada em frente ao hospital.

Quem organizou a festa foram os integrantes da ONG Doutores Palhaços. "A comoção foi muito grande. Seu Edílio, um senhor que tem comércio em Iconha, me ligou e enviou dinheiro para que fosse comprado um celular. Fizemos uma vaquinha junto com os Doutores Palhaços para inteirar e compramos um novinho para ela", conta o Palhaço Liko, que é o representante comercial Lindomar Barreto, 43 anos.

Liko completa: "Os doutores Shrek e Filé fizeram um lindo bolo de fraldas. Com o corpo clínico do hospital, cantamos parabéns para o Flavinho. A alegria da Glenda estava no brilho de seus olhos. Ela ficou emocionada com todo carinho. Vejo nessa corrente do bem como nós, brasileiros, somos generosos e têm sim muitas pessoas boas nesse nosso país."

Glenda agradece o apoio que tem recebido e continua sonhando com um lar. "Estou me sentindo bem, porque o Flavinho está sendo muito querido e amparado. É bom saber que as pessoas estão conhecendo a história dele. Elas me perguntaram como podem me ajudar e tenho fé que vou conseguir ter uma casa."

Mais uma festa para o Flavinho. Desta vez, realizada nesta segunda Crédito: Glenda Miranda

Além da festa de domingo, o menino ganhou outra comemoração na tarde desta segunda-feira (26). "O pessoal da Capelania (pessoas que prestam assistência aos pacientes e familiares) trouxe um bolo na hora do lanche. O Flavinho caiu na risada."

REDES SOCIAIS

Após o Gazeta Online contar a história da Glenda e do Flavinho, várias pessoas comentaram no Facebook que a conheciam e admiravam a dedicação dela para com o filho. "Tive o prazer de conhecer essa mãe guerreira uma pessoa incrível e apaixonada pelo filho, vivia 24 horas dentro de um hospital, e quando encontrava com ela pelos corredores ou almoçando no hospital infantil ela só falava da esperança que tinha de levar o filho pra casa e sempre falando de Deus e agradecendo", escreveu uma internauta. 

Outra relatou: "Ela sempre foi guerreira, estudei com ela e sempre presenciei sua vida de dificuldades, mas ela nunca perdeu a esperança e a alegria. Que Deus continue dando força a ela e que alguém se mobilize com a situação para ajudá-la."

ENTENDA O CASO

Todos os dias Glenda desperta do sofá onde dorme, no máximo, às 5h da manhã. Ao se levantar, já troca as fraldas do filho, que completa 5 anos nesta terça-feira (27). Desse tempo de vida, nenhum dia sequer o menino conheceu outro lugar que não seja um hospital. Nasceu no Dório Silva, na Serra, e só saiu de lá quando foi transferido, em 2013, para o Hospital Infantil de Vila Velha. Flavinho, como é carinhosamente chamado, nunca foi para casa, nem mesmo para fazer uma visita. Durante todo esse período, a mãe não sai de perto do filho.

A história de amor e dedicação de Glenda Miranda Rocha, 31 anos, começou ainda na gestação. "Tive que deixar os estudos para cuidar da minha gravidez e do meu filho. Eu descobri que ele tem uma malformação na coluna e hidrocefalia. Então, eu fiz acompanhamento médico. Quando tive uma complicação, a bolsa se rompeu e fui ganhar ele lá no Dório Silva. Eu tive que ficar internada na UTI, porque me recusei a receber alta. Eu estava com alta, mas o meu filho ficou internado na UTI neonatal".

Flávio Guedes, o Flavinho, nasceu no dia 27 de junho de 2012, quando Glenda estava de 8 meses. "Lá ele teve todo o acompanhamento. Após o nascimento, já tinha feito a cirurgia de coluna, que é da mielomeningocele, e fez a da cabecinha dele (da válvula peritoneal), por volta dos sete meses. Depois dessas duas cirurgias, descobrimos que ele teve a síndrome Arnold Chiari tipo 2, que pode fazer uma ou mais paradas respiratórias e levá-lo a vir a óbito. Mas, graças a Deus, ele está bem melhor", comemora a mãe.

Por um ano, o menino permaneceu internado na Serra. A mãe se dividia entre a UTI e uma casa de acolhimento no hospital. Mas chegou a hora dela voltar para casa. "Eu saí da casa materna para dar lugar a outras mães que vinham de longe e não tinham lugar para ficar. Voltei a dormir na casa dos meus pais, que foram os únicos que me apoiaram."

Nesse período, ela ia e voltava de Cariacica para Serra. "Fiquei meio transtornada com isso. E a médica queria transferir ele para o Hospital Infantil de Vitória, porque já estava com uma idade que iria se tornar paciente pediátrico. Mas nem ela nem o diretor conseguiram essa vaga. Ela me disse para eu correr atrás dessa transferência e que era para eu fazer o que eu pudesse pelo meu filho", lembra.

Com muita luta, em 10 de julho de 2013, Glenda conseguiu uma vaga para o menino no Hospital Infantil de Vila Velha. "A única vez que ele saiu do hospital foi essa. Ele tem o hospital como o único lar dele. Ele não chegou a conhecer o lar verdadeiro dele. A médica fez várias tentativas de tirar ele da ventilação mecânica, para suportar mais o oxigênio e poder levar um suporte maior para a casa. Mas isso seria impossível, porque eu não tenho mais casa. Não tenho mais suporte familiar", lamenta.

Atualmente, a rotina de Glenda é cuidar do menino.

"Eu fico direto, sou mãe 24 horas. Eu cuido dele, dou banho nele, faço curativo da barriguinha dele, pego no colo. Faço todas as atividades que uma mãe comum faz. Eu durmo num sofá e faço as refeições no hospital. Acordo, no máximo, 5h da manhã para trocar ele, porque agora tá fazendo xixi. Antes ele tinha uma bexiga neurogênica, mas agora ele está fazendo espontâneo. Ajudo os enfermeiros a trocar fralda, a trocar roupa de cama..."

No decorrer do dia, ela vai ao pátio, conversa com as outras mães ou lê um livro. Glenda só sai do Infantil para resolver alguma situação pessoal na troca de acompanhante. "O pai dele vem e fica aqui, aí eu saio. O pai vem de 15 em 15 dias". Veja a história completa de mãe e filho

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