Quase 60% dos capixabas com mais de 25 anos inscritos no CadÚnico não completaram nem o ensino fundamental. Os dados são do relatório Perfil da Pobreza no Espírito Santo, do Instituto Jones dos Santos Neves, relativos a 2017. Nas regiões Serrana e do Caparaó capixaba a situação é mais crítica: mais de 70% não finalizaram a primeira etapa da educação formal.
É também nessas regiões onde as pessoas estudaram por menos tempo: uma média de 4,8 anos, enquanto a média estadual, também baixa, não chega aos 6 anos.
No Estado, a parcela da população com o ensino médio completo uma escolaridade que permite acesso a melhores ocupações no mercado de trabalho é de apenas 21,9%.
Para a professora e doutora em Educação Cleonara Schwartz, os números mostram que a política educacional ainda não dá conta de atender à parcela dos jovens que não concluíram os estudos na idade certa.
Ou a escola não deu conta de investir na permanência dessas pessoas na escola ou as condições de vida não foram propícias. Somado a isso, há uma oferta de Educação para Jovens e Adultos (EJA) que não é suficiente, explica.
A especialista criticou ainda a modalidade de EJA semipresencial, onde o aluno tem aulas presenciais três dias na semana e estuda em casa nos outros dois. Essas pessoas precisam de um atendimento preferencial, presente, sistematizado. Depois de tanto tempo afastados, como vão seguir um estudo que é semipresencial?, pondera.
SEDU NEGA FALTA DE VAGAS NA EDUCAÇÃO DE ADULTOS
Diante dos números apresentados pelo Instituto Jones dos Santos Neves, o governo do Estado diz não tratar-se de falta de oferta de vagas. Na avaliação da Secretaria de Estado da Educação (Sedu), o caso dos inscritos no CadÚnico sem ensino fundamental não é questão de vagas ofertadas na modalidade de Educação para Jovens e Adultos (EJA).
Não é por falta de oferta. O perfil do CadÚnico pega as pessoas com a condição de renda muito baixa. É até esperado que tenham uma escolaridade mais baixa, disse a subsecretária de planejamento e avaliação da Sedu, Andressa Buss Rocha.
A subsecretária avalia que possa haver falta de informação por parte dessas pessoas.
Estamos fazendo esforço de busca ativa para atingir as pessoas que têm direito ao EJA. Acredito que seja um problema relacionado a falta de informação e também as condições familiares e de trabalho da pessoa, diz.
Sobre o modelo de educação semipresencial, a Sedu afirmou que ele atende as especificidades dessa população.
Podendo fazer as tarefas de casa dois dias na semana, a pessoa pode ficar mais próximo da família e do trabalho nem precisar abandonar o estudo, finalizou.
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