Emilly Bianchi Gonoring. Quase dois meses depois do nascimento, a garotinha, enfim, recebeu nome e foi registrada nesta quarta-feira (19). Até a semana passada, a mãe Jessyka Bianchi, de 31 anos, não sabia se o bebê que ela tinha dado à luz na véspera de Natal, dia 24 de dezembro, era menino ou menina.
A pequena Emilly nasceu com uma má formação no intestino e no trato urinário, o que dificultou a descoberta do sexo do bebê. Para descobrir, foi necessário realizar um exame genético - o cariótipo - que analisa os cromossomos da criança: se é xx (menina) ou xy (menino). O resultado do exame saiu na última quinta-feira (13) e foi revelado com festa no Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), em Vila Velha, onde a criança está internada.
Foi ainda na gravidez, através da ultrassonografia morfológica, que Jessyka descobriu que o bebê tinha uma má formação no intestino. A criança nasceu prematura, aos 8 meses, em Guarapari, e só então percebeu-se que o problema era mais grave que o diagnosticado durante a gestação. Emilly - até então sem sexo definido - foi transferida horas após o nascimento para o Himaba.
"Na gravidez foi detectada que havia uma alteração intestinal, mas nem sempre, nesses casos, a gente consegue identificar a total gravidade do problema. Ela tem uma má formação do final do intestino e do trato urinário. Pega também a parte genital. Ela não tem genitália formada. Isso dificultou ou impediu determinar o sexo por conta das características visuais. A parte final do intestino é para fora. Ela também não tem o ânus nem a genitália como a gente conhece", explicou Lincoln Bertholi Rohr, pediatra intensivista que acompanha Emilly.
Com 10 dias de vida, o bebê passou pela primeira cirurgia. Como não tinha o intestino, a vagina e o ânus completamente formados, no dia 3 de janeiro, Emilly foi submetida a cirurgia de colostomia. Essa foi a primeira de uma série de cirurgias que a menina vai enfrentar até chegar à adolescência. A próxima deve ser feita assim que ela completar um ano de idade.
"Precisa reconstruir o intestino e a parte urinária. A bexiga está exposta, vai ter que ser reconstruída. Terá que reconstruir o ânus também. São várias cirurgias, não tem como saber quantas exatamente. Mas até a adolescência ela deve passar por processos cirúrgicos. Vamos esperar ela crescer um pouquinho e ganhar peso para fazer a próxima cirurgia assim que ela completar um ano", detalhou o médico.
Emilly já deixou a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e é acompanhada de perto pelos médicos na unidade de médio risco do Himaba. Se tudo correr bem, a menina pode ter alta na semana que vem. Em casa, ela é esperada ansiosamente pela irmã mais velha, Ágatha, de 6 anos.
"Estamos muito ansiosos para ir para casa, mas quero sair com ela 100%. Estou doida para ver ela com a irmã, aquela baguncinha, rotina de família. A Ágatha sempre pedia um irmão, sem demonstrar preferência por menino ou menina, mas quando a gente falou que era uma menina ela deu pulos de felicidade. Ela ficou muito entusiasmada", contou a mãe.
Descobrir que o segundo filho também era uma menina foi motivo de alegria para a família também por que isso facilitará os processos cirúrgicos pelo qual a criança terá que se submeter ao longo da vida. "É uma família muito boa, estão enfrentando tudo como muita coragem. Eles torciam para ser uma menina porque facilita o processo de reconstrução, é mais fácil ecumenicamente, cirurgicamente falando", esclareceu o médico.
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